Ex-agente da Polícia Federal, Aluísio é ligado ao senador desde a década de 90.
Em 2003, Sarney o escolheu para ser um dos oito funcionários de confiança
remunerados com verba pública a que todo ex-presidente da República tem
direito. Nomeou Aluísio para ser seu segurança pessoal. O ato foi publicado no
Diário Oficial da União em 23 de abril de 2003.
A nomeação foi assinada pelo ex-diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, exonerado
em 2009 após a imprensa divulgar que ele costumava nomear parentes de senadores
para cargos por meio de atos secretos, não publicados no Diário Oficial.
O jornal “O Estado de S. Paulo” divulgou, à época, que Gabriela seria
“funcionária fantasma” e não aparecia no trabalho. Sarney negou e
disse que a jovem cumpria seu horário “com assiduidade”.
Aluísio também foi chefe de gabinete da presidência do CJF (Conselho da Justiça
Federal), órgão supervisor e corregedor das varas e tribunais da Justiça
Federal no país, na gestão de Edson Vidigal –ex-assessor jurídico de Sarney na
Presidência da República e nomeado por ele ministro do Superior Tribunal de
Justiça, em 1988.
Para exercer o cargo, Aluísio obteve licença do posto de segurança pessoal de
Sarney de julho de 2004 a outubro de 2005. Vidigal se aposentou em março de
2006.
O UOL entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de
Segurança Pública do Maranhão na quarta-feira (8), mas não obteve retorno até
esta quinta-feira (9).
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| Enterro da menina Ana Clara comoveu a população maranhense |
Antes de 2007, dois grupos competiam pelo
comando nos presídios maranhenses: os interioranos, apelidados de
“baixadeiros” — menção à baixada maranhense — e os da capital. “Mas
eles não podiam ainda ser considerados facções, pois não tinham organização
própria”, afirma o juiz titular da 2ª Vara de Execuções Penais do
Maranhão, Fernando Mendonça.
Segundo relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o surgimento
do Primeiro Comando do Maranhão marcou também uma mudança na relação de
forças em Pedrinhas: os interioranos eram tradicionalmente
massacrados pelos detentos da capital, mas o cenário mudou com a chegada dos transferidos
de de São Paulo e Rio de Janeiro.
Nos presídios do sudeste do Brasil, onde facções criminosas já dominavam as
cadeias há tempos, os detentos originalmente do Maranhão aprenderam a
cartilha do crime organizado e levaram as ideias de tortura e ataques em massa
para o Estado, formando as facções que hoje atuam em Pedrinhas. “O Maranhão não
estava preparado para esse tipo de organização”, diz o juiz Fernando Mendonça.
Decapitações – As facções criminosas maranhenses ficaram conhecidas
pelas cenas de barbárie em Pedrinhas. Como forma de intimidar os inimigos, os
detentos exibem cabeças de rivais mortos após verdadeiras batalhas pelo
domínio da cadeia – algumas filmadas pelos
próprios encarcerados. A Polícia Civil ainda atribui às organizações a
responsabilidade pelos ataques a ônibus e delegacias, que mataram uma
menina de seis anos queimada na sexta-feira. Os atos teriam sido
ordenados por líderes das facções de dentro do presídio, em retaliação às
revistas da Polícia Militar no local – foram apreendidas centenas de armas
improvisadas, 30 celulares e uma pistola.
Mendonça argumenta que a transferência de detentos para outros presídios
“fortalece o crime fora e dentro do sistema penitenciário” por colocar em
contato presos de alta periculosidade com outros de pouca experiência no
crime. “Eles voltam recrutados, pós-graduados”, diz o magistrado. Nesta
terça-feira, 22 detentos
maranhenses foram encaminhados para os presídios federais em Mossoró (RN),
Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).
Para Mendonça, o sistema prisional do Estado está “fora de controle” e a única
solução seria o que chama de “intervenção
federal plena”, que envolva desde a capacitação de
agentes penitenciários e construção de novos presídios à apuração das mortes na
penitenciária. O juiz afirma que até agora nenhum inquérito sobre os
assassinatos em Pedrinhas foi concluído, sendo que no local ocorrem mortes
desde 2002.