O sistema
desenvolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que reforça ainda mais o
sigilo do voto digitado na urna eletrônica já está disponível na Corte
Eleitoral para análise dos partidos políticos, Ministério Público (MP) e Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB). O sistema dispõe de operações computacionais sofisticadas
e impede a reconstrução da sequência dos votos a partir da dedução das
informações.
A
necessidade de fortalecer a aleatoriedade da sequência dos votos foi detectada
durante a segunda edição dos Testes Públicos de Segurança no Sistema Eletrônico
de Votação, realizados pelo TSE em março deste ano. O objetivo dos testes é
justamente implantar melhorias para aumentar cada vez mais a segurança do
sistema eletrônico de votação, a partir das sugestões apresentadas pelos
investigadores. O primeiro teste de segurança no sistema ocorreu em novembro de
2009.
“O teste
de segurança tem exatamente esse objetivo: identificar potenciais fragilidades
em alguns pontos do sistema [eletrônico de voto], principalmente no que
concerne à segurança”, explica o secretário de Tecnologia da Informação do TSE,
Giuseppe Janino. Segundo ele, os testes deste ano identificaram que o
embaralhamento do registro digital do voto precisava de um algoritmo mais
forte, e isso foi desenvolvido imediatamente após os testes.
E para
certificar a qualidade desse novo sistema, testes foram realizados de forma
exaustiva, todos baseados em técnicas utilizadas internacionalmente. Uma dessas
técnicas é o DieHard, um teste de aleatoriedade que verifica a
efetividade do embaralhamento de sequências. Também foram utilizadas regras
estabelecidas pelo NIST, instituto de padronização norte-americano em
tecnologia da informação.
“Por meio
do nosso relacionamento institucional com o meio acadêmico e instituições de
especialistas em segurança, conseguimos adotar uma solução com qualidade”,
garante Janino.
Transparência
Janino
ressalta ainda que a iniciativa da Justiça Eleitoral de realizar o teste de
segurança é inédita no mundo, fato que reflete a maturidade tecnológica da
instituição e a forma transparente como trabalha. Ele acrescenta que os testes
não são somente um desafio, mas uma metodologia para efetivamente aprimorar o
sistema do voto eletrônico.
“Fechamos
aí um ciclo muito importante. Abrimos para os testes, verificamos a
fragilidade, corrigimos e submetemos a verificação da qualidade dessa
correção”, afirma, ao avaliar os testes realizados em março deste ano. Durante
três dias, o TSE reuniu 24 investigadores distribuídos em nove grupos na sede
da Corte, em Brasília-DF.
Participaram
profissionais independentes, acadêmicos e pesquisadores ligados a
universidades, órgãos públicos e instituições técnico-científicas. Os
integrantes do Grupo 1, formado por servidores da Universidade de Brasília
(UnB), conseguiram refazer o sequenciamento dos votos apresentados pelo
Registro Digital do Voto (RDV). No entanto, o grupo não conseguiu quebrar o
sigilo dos votos.
Os votos
digitados na urna são gravados de forma aleatória, a partir de um algoritmo
computacional. O teste da equipe da UnB conseguiu, a partir do RDV, refazer a
ordem com que os votos foram digitados, mas não conseguiu identificar os
eleitores que efetivamente digitaram os votos no equipamento.
O sistema
desenvolvido pelo TSE aprimorou esse algoritmo de embaralhamento do registro
digital, dificultando ainda mais o reordenamento dos dados e tornando o voto
ainda mais seguro.
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