Logo no início da manhã, a animosidade entre eleitores do “sim” e do “não” ficou evidente quando o professor de matemática Adonias de Sousa, de 30 anos, chegou à sua sessão eleitoral no Centro de Ensino Médio Paes de Carvalho, em Belém, coberto por uma bandeira pró-Tapajós.
Em Belém, eleitor com bandeira pró-Tabajos ouve: “Vai embora daqui com essa bandeira, forasteiro”
Na bandeira havia a pergunta “Do que adianta um Pará grande e esquecido?”. Advertido por funcionários da Justiça Eleitoral, ele foi obrigado a dobrar parte da bandeira, que tinha o número da campanha pró-Tapajós. “Eu fui obrigado a vir para Belém porque não havia oportunidade em Santarém, minha cidade natal”, justificou o eleitor. Após a sua votação, alguns belenenses falaram, ainda que em tom baixo, “fora forasteiro” e “vai embora daqui com essa bandeira”.
Contrária à divisão do Estado, a empregada doméstica Domingas Silva, de 23 anos, justificou seu voto no “não”. “Eu respeito a região de Carajás e Tapajós. Só não acho justa essa manifestação”, afirmou ela, que também votou no Paes de Carvalho.
Em outras sessões, partidários do “não” fizeram questão de mostrar seu apoio à causa unionista indo para as sessões eleitorais com camisetas em vermelho e branco, cores da bandeira do Pará, ou com broches e adesivos da campanha unionista. O casal de aposentados Horário Luís de Beto Moraes, 66 anos e Antônia Moraes, 57, foi um desses. “Na verdade, sou favorável à divisão do Estado, mas não da forma como está sendo feita, sem estudo. Por isso faço questão de mostrar que sou contra a divisão”, afirmou Horário Moraes.
Indiferença e falta de informação
Em Belém, a movimentação nas sessões foi pequena no início desta manhã. A tendência é que o índice de abstenção no Estado fique na casa dos 20%, segundo as frentes unionistas. Os separatistas acreditam que a abstenção pode chegar a 30%.
Apesar da movimentação baixa, existem filas em várias sessões eleitorais. O motivo é simples: alguns eleitores, principalmente os mais idosos, estão se confundindo na hora de votar. Alguns acham que é necessário votar apenas uma vez contra ou a favor os dois Estados. Outros confundiram o número de cada frente.
O autônomo Márcio Libério, de 58 anos, disse que ficou aproximadamente dois minutos votando porque não sabia ao certo o número da frente em que ele votaria. “Eu nem me preocupei em trazer cola. Por isso, tive que lembrar de cabeça. O problema é que minha memória falhou na hora mais importante”, brincou o autônomo.
Os equipamentos estão programados para exibir duas perguntas. A primeira pergunta é:
“Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Tapajós?” Em seguida, aparecerá no painel a pergunta: Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado de Carajás?” O eleitor deve digitar 55, se a resposta for não, e 77, se for sim, para cada uma das perguntas.
Para votar, é preciso apresentar um documento oficial com foto e muitos levaram apenas o título de eleitor. “A minha vida inteira votei só com o título, não sei o que está acontecendo. Moro longe e não quero voltar para casa para buscar o documento. Vou falar com algum fiscal, senão tiver jeito, não vou votar”, disse a dona de casa Francisca Pereira, 61 anos, em Santarém.
Para agilizar a contagem de votos de áreas de difícil acesso, foram instalados 26 pontos de transmissão via satélite nessas localidades, que enviarão os dados ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
(Com informações da Agência Brasil)
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