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Rivalidade e indiferença marcam plebiscito no Pará

Enquanto em Belém uns dizem “fora forasteiro” para eleitor de Tapajós, outros simplesmente não sabem os números de votação

Wilson Lima, enviado especial a Belém | 11/12/2011 14:05

A votação no plebiscito que consulta a população do Pará sobre a possibilidade de divisão do Estado em três está sendo marcada neste domingo pela rivalidade entre os eleitores do “sim” e do “não”. Ao mesmo tempo, muitos eleitores demonstram grande desinteresse e falta de conhecimento sobre os números das frentes pró e contra a criação de Carajás e Tapajós.

Logo no início da manhã, a animosidade entre eleitores do “sim” e do “não” ficou evidente quando o professor de matemática Adonias de Sousa, de 30 anos, chegou à sua sessão eleitoral no Centro de Ensino Médio Paes de Carvalho, em Belém, coberto por uma bandeira pró-Tapajós.

Foto: Wilson Lima/iG Ampliar
Em Belém, eleitor com bandeira pró-Tabajos ouve: “Vai embora daqui com essa bandeira, forasteiro”
Na bandeira havia a pergunta “Do que adianta um Pará grande e esquecido?”. Advertido por funcionários da Justiça Eleitoral, ele foi obrigado a dobrar parte da bandeira, que tinha o número da campanha pró-Tapajós. “Eu fui obrigado a vir para Belém porque não havia oportunidade em Santarém, minha cidade natal”, justificou o eleitor. Após a sua votação, alguns belenenses falaram, ainda que em tom baixo, “fora forasteiro” e “vai embora daqui com essa bandeira”.

Contrária à divisão do Estado, a empregada doméstica Domingas Silva, de 23 anos, justificou seu voto no “não”. “Eu respeito a região de Carajás e Tapajós. Só não acho justa essa manifestação”, afirmou ela, que também votou no Paes de Carvalho.
Durante essa semana, o iG mostrou que com o clima de campanha, houve o acirramento das diferenças entres os paraenses do sul, do oeste e da região metropolitana de Belém. Apesar de não admitir isso de forma clara, os presidentes das Frentes contra a Divisão do Estado, dizem que agora é momento de “lamber as feridas” e pensar em um Pará “unido”. “Independentemente do resultado, precisamos agora lutar juntos por um Pará mais forte”, afirmou o presidente da Frente contra a criação do Estado de Carajás, o deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB).
Em outras sessões, partidários do “não” fizeram questão de mostrar seu apoio à causa unionista indo para as sessões eleitorais com camisetas em vermelho e branco, cores da bandeira do Pará, ou com broches e adesivos da campanha unionista. O casal de aposentados Horário Luís de Beto Moraes, 66 anos e Antônia Moraes, 57, foi um desses. “Na verdade, sou favorável à divisão do Estado, mas não da forma como está sendo feita, sem estudo. Por isso faço questão de mostrar que sou contra a divisão”, afirmou Horário Moraes.
Indiferença e falta de informação
Em Belém, a movimentação nas sessões foi pequena no início desta manhã. A tendência é que o índice de abstenção no Estado fique na casa dos 20%, segundo as frentes unionistas. Os separatistas acreditam que a abstenção pode chegar a 30%.
Apesar da movimentação baixa, existem filas em várias sessões eleitorais. O motivo é simples: alguns eleitores, principalmente os mais idosos, estão se confundindo na hora de votar. Alguns acham que é necessário votar apenas uma vez contra ou a favor os dois Estados. Outros confundiram o número de cada frente.
O autônomo Márcio Libério, de 58 anos, disse que ficou aproximadamente dois minutos votando porque não sabia ao certo o número da frente em que ele votaria. “Eu nem me preocupei em trazer cola. Por isso, tive que lembrar de cabeça. O problema é que minha memória falhou na hora mais importante”, brincou o autônomo.
Os equipamentos estão programados para exibir duas perguntas. A primeira pergunta é: 
“Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Tapajós?” Em seguida, aparecerá no painel a pergunta: Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado de Carajás?” O eleitor deve digitar 55, se a resposta for não, e 77, se for sim, para cada uma das perguntas.
Para votar, é preciso apresentar um documento oficial com foto e muitos levaram apenas o título de eleitor. “A minha vida inteira votei só com o título, não sei o que está acontecendo. Moro longe e não quero voltar para casa para buscar o documento. Vou falar com algum fiscal, senão tiver jeito, não vou votar”, disse a dona de casa Francisca Pereira, 61 anos, em Santarém.
Para agilizar a contagem de votos de áreas de difícil acesso, foram instalados 26 pontos de transmissão via satélite nessas localidades, que enviarão os dados ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
(Com informações da Agência Brasil)

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