Ricardo Galhardo
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, verbalizou
ontem (1º) uma tese que vem se difundindo no partido desde a condenação pelo Supremo
Tribunal Federal de líderes históricos petistas no julgamento do mensalão: a
principal oposição ao PT hoje não está nos partidos políticos mas em setores do
empresariado refratários ideologicamente aos governo petistas.
Segundo Falcão, além dessa oposição extrapartidária
existe preocupação quanto à atuação do Judiciário que, conforme ele, tenta se
sobrepor à soberania popular.
O presidente do PT anunciou que o partido fará em
2013 uma reformulação programática à luz dos 10 anos no governo federal. O foro
será o 5º Congresso Nacional do PT, ainda sem data definida, onde também será
feito um balanço dos erros e acertos do partido.
De acordo com Falcão, um dos principais erros do PT
foi não ter identificado de pronto a oposição extrapartidária.
“Um dos erros talvez foi não localizar
imediatamente quem são nossos principais adversários”, disse ele. “Há uma
oposição extrapartidária localizada em grandes grupos econômicos que não se
conformaram até hoje com as transformações que o país vem sofrendo e não querem
abdicar de seus privilégios. Não quero nominar os grupos mas eles são fortes,
muito fortes, estão presentes na nossa sociedade diariamente, fazem opinião”,
completou o dirigente petista.
Questionado se entre estes grupos estão as grandes
empresas de mídia, Rui desconversou. “Para a imprensa o que nós queremos é mais
liberdade de expressão”.
Falcão não elencou setores do Judiciário entre os
adversários do PT mas disse enxergar um perigo na forma como os magistrados tem
interferido em assuntos políticos. “Há um perigo muito grande de o Judiciário
procurar assumir funções que não lhe competem e inclusive tentar se sobrepor à
soberania que é do povo e não de algum dos três poderes”, disse ele.
O presidente do PT também fez um mea culpa em
relação às práticas que levaram o partido a se tornar o centro do escândalo do
mensalão.
“Eventualmente temos enveredado por práticas que
são correntes em outros partidos mas que o PT não deveria ter enveredado”, afirmou.
Para evitar novos escândalos vinculados ao caixa
dois eleitoral, Falcão disse que o PT fará em 2013 uma grande campanha pela
reforma política, com a possibilidade de coletar assinaturas para um projeto de
iniciativa popular, cujo foco será o financiamento público de campanhas.
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