Jornal Vias de Fato
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) e a Rede Justiça nos Trilhos cobram investigação e resposta do governo
brasileiro quanto as graves denúncias de espionagem contra a empresa Vale S.A.
As organizações estarão em Brasília nesta terça-feira (28), na companhia de
representantes de organizações brasileiras e internacionais, para entregar um
pedido formal de investigação.
Uma comissão levará os pedidos à Presidência da
República, ao Ministério da Justiça, ao Ministério de Direitos Humanos, à
Procuradoria-Geral da República, à Procuradoria-Geral do Trabalho, à
Direção-Geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e às presidências da
Câmara e do Senado. Os encontros começam às 10h, quando o grupo se reunirá com
parlamentares na sede da Comissão de Direitos Humanos e Legislação
Participativa do Senado.
“No último período, intensificou-se a perseguição e
ameaças de morte a dirigentes, principalmente no estado do Pará. Também há
casos de processos judiciais, pelo simples fato de organizar os trabalhadores
que são atingidos pela exploração mineral da Vale do Rio Doce. O Governo
brasileiro tem que se posicionar a respeito desta grave situação”, afirma
Francisco Moura, integrante da coordenação nacional do MST.
No Parlamento, a comissão de representantes das
organizações apresentará os comunicados e cartas assinadas por dezenas de
outras entidades, como a Federação Internacional de Direitos Humanos, a
Organização Mundial contra a Tortura e a Frontline.
Para o padre Dario Bossi, da Rede Justiça nos
Trilhos, não há nada que justifique a falta de ação do governo brasileiro no
caso, uma vez que as denúncias se acumulam, inclusive com suspeitas de
cumplicidade do Estado. “Há indícios de participação de agentes da Abin no
esquema de espionagem. Agora, cabe ao governo cumprir seu papel de fiscalizador
das ações ilegais, assim como de defensor de seus cidadãos. Apesar das
denúncias terem saído há mais de um mês, nada foi feito até agora”.
As acusações, divulgadas pela imprensa desde o dia
20 de abril, partiram de um ex-gerente de inteligência da mineradora e
denunciam a quebra ilegal de sigilo telefônico e bancário bem como acesso
irregular a dados do Infoseg (sistema que reúne informações de segurança
pública, justiça e fiscalização) e da Receita Federal de jornalistas,
trabalhadores, ambientalistas e membros de organizações sociais. Além disso, a
empresa também foi acusada de infiltrar agentes na Rede Justiça nos Trilhos e
no MST para monitorá-las.
(Rede Justiça nos Trilhos com informações da
Assessoria de Imprensa do MST)
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