Editorial – Jornal Pequeno
Sendo a transição
governamental um processo que objetiva propiciar condições para que o candidato
eleito possa receber de seu antecessor todos os dados e informações necessários
à implementação do novo governo, é imperioso desarmar os espíritos. Principalmente
porque a campanha no Maranhão ganhou rumos inesperados e nada republicanos,
fundados numa baixaria, que, partindo da candidatura governamental, chegou a
assustar os maranhenses.
Do processo de transição
depende a continuidade da atividade administrativa, dos serviços públicos,
depende a preservação do interesse público, e é este o momento de pensar
unicamente no fortalecimento do sistema democrático.
O deputado federal
eleito, José Reinaldo Tavares, revela o temor de que uma ocasional eleição de
Dilma Rousseff acabe propiciando a criação de um governo paralelo nesse Estado.
Mas essa é uma possibilidade ainda mais assustadora para esse Maranhão que
precisa respirar, soerguer-se, sentir o gosto da paz, depois de tantos embates.
Estamos, como a Teresa Batista, de Jorge Amado, cansados de guerra.
A democracia pressupõe,
porque é de sua natureza, a oposição. Mas não se pode conceber um poder
paralelo criando obstáculos a um governo que se inicia na árdua missão de
substituir um modelo político que quase sempre falhou, fazendo deste o estado
mais pobre da Federação. A transição precisa ser feita sem traumas, com
honestidade de propósitos, pensada, de parte a parte, posto que é finda a
batalha eleitoral, a partir do bem estar da população.
Quem preside um país ou
governa um estado precisa estar acima dos interesses mesquinhos que regem a
luta pelo poder. Aliás, projeto de poder é uma coisa, projeto de governo é
outra bem distinta. É até difícil crer que o presidente ou a presidente de um
país possa se prestar à tarefa de arrastar o povo de um estado inteiro, como o
Maranhão, em mais pobreza e desilusão do que já viveu. Lembrando sempre que foi
confundindo projeto de governo com projeto de poder, que o Partido dos
Trabalhadores patrocinou os maiores escândalos de corrupção deste país.
Vamos esperar que as
equipes de transição indicadas pela governadora Roseana Sarney e pelo
governador eleito, Flávio Dino, sejam capazes de agir com foco apenas no
interesse público e torcer para que os temores revelados pelo deputado federal
José Reinaldo Tavares não se concretizem em nenhuma hipótese. Cansa-nos repetir
a frase “O Maranhão não merece isso”, e não é possível que homens públicos não
tenham a consciência exata do peso de suas responsabilidades.
Espanta-nos, até, que as
conseqüências políticas da estrondosa vitória do povo maranhense permaneçam na
dependência do resultado do segundo turno da eleição presidencial. Oposição,
sim, porque é natural do processo democrático; poder paralelo seria um
desastre, um crime de lesa-pátria que o povo maranhense não está obrigado a
aceitar.
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