Editorial – Jornal Pequeno
Na origem do que aconteceu com uma equipe de jornalismo do Fantástico no
município de Anapurus está a permissividade dos ataques contra a imprensa no
Maranhão; na origem do esquema de corrupção denunciado, está a indecência
de um modelo político que se acostumou a vencer eleições com maços de dinheiro,
conforme fotos e vídeos amplamente mostrados em sites e blogs depois do ataque.
Ninguém, no mundo político desse Estado, espera castigo por afrontar
jornalistas, por perseguir profissionais de imprensa. E aí estão como exemplo
as dezenas de processos e os ataques que o Jornal Pequeno já sofreu. A
permissividade dessa política de terror herdada do coronelismo e da ditadura,
que limita o noticiário, castra o jornalismo de opinião, silencia emissoras de
rádio, privilegia a omissão e a mentira levou as autoridades de Mata Roma e
Anapurus a cometerem a estupidez de atacar repórteres da Rede Globo. Não são jornalistas
do Maranhão, mas eles não souberam ver a diferença e estão às voltas agora,
além da CGU, com a Polícia Federal.
O tom da matéria foi fulminante. “O bando cercou os repórteres. Dois bandidos
entraram no carro”. Bandidos? “Os ladrões fugiram em dois veículos levando as
câmeras”. Ladrões? E havia entre eles dois policiais, o irmão de um ex-deputado
que já foi secretário do município, um sobrinho da prefeita Tina Teles, de
Anapurus. O mais provável é que um jornalista maranhense que assim se expressasse
iria parar na cadeia.
E o Brasil sabe agora que enquanto alguns poucos arrotam riqueza, o povo
maranhense não dispõe sequer de uma privada onde diluir seu constrangimento e
sua decepção.
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