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Paz e Justiça, artigo de Flávio Dino

Neste
Natal que se avizinha, como em tantos outros, habituamo-nos a desejar Paz a
nossos entes queridos. Afinal, é o sentimento mais comumente desejado pelos 7
bilhões de seres humanos e o valor mais caro a todas as religiões do planeta,
tal como no Cristianismo.
Tão
essencial quanto ela é a Justiça. Sem ela, a Paz equivaleria ao silêncio dos
que se resignam diante das intempéries da vida e calam perante as injustiças. A
Paz não advém, necessariamente, do silêncio e da apatia. Este não é o exemplo
que Jesus nos deixou.
Pois Ele
foi condenado à morte na cruz pelos poderosos, à época, exatamente após ter se
indignado por uma situação com a qual não concordava. Como nos conta a Bíblia,
Ele  “expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derrubou
as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas” (Mateus 21-12).
Não teria
Jesus nos demonstrado, com essa passagem e tantas outras, que devemos lutar
contra as injustiças em busca da Paz, mesmo que isso nos provoque derrotas
temporárias, como foi a crucificação para Ele?
Jesus
deixou claro, a todos nós que O seguimos, que Paz não é ausência de luta, mas a
resultante da correção de injustiças.  Todos passamos por situações parecidas
em nossas vidas e temos de entrar em disputas para obter a Justiça que tanto
queremos, por meio da qual poderemos obter a tão sonhada Paz – plena e
verdadeira.
Lembro
desses ensinamentos bíblicos quando fico sabendo, esta semana, que o PIB per
capta do Maranhão – comemorado pelo governo do estado por ser o penúltimo e não
mais o último do país – está atrás do da República do Congo, na África. Ou
seja, o país que passou por uma das guerras civis mais sangrentas do século 20,
dizimando gerações inteiras, tem renda por habitante melhor que nosso Maranhão.
O que pode explicar isso? Qual guerra civil nos acometeu nas últimas décadas
que não permite que nos desenvolvamos?
Como diz
Cristo na parábola sobre o proprietário que não planta nada em seu terreno: “Eu
vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que dê os
seus frutos” (Mateus 21-43). “Dar frutos” é gerar riquezas a partir das
possibilidades que se abrem em nosso caminho e ser generoso diante da fartura
que somos capazes de produzir.
Aproxima-se
a hora em que a “terra” será tirada dos que nada produzem, dos que
não dão frutos. Mas, para tal, temos de agir como Jesus nos ensinou. Afinal,
“bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos”
(Mateus 5:-6)
Assim que
penso o Natal: o nascimento de Jesus Cristo como sinal de esperança e fé. São
esses sentimentos que têm me sustentado, especialmente nos últimos 2 anos em
que atravesso o vale das dores eternas. Penso, neste momento, naqueles que não
podem passar o Natal com sua família completa, por causa de violência, crimes,
acidentes de transito, erros hospitalares. Um abraço fraterno a essas e a todas
as famílias. E um Natal que renove a Justiça e a Paz! 

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