A bancada da Oposição na Assembleia Legislativa estuda
emplacar um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar
denúncia, feita no Jornal Nacional da rede Globo, sobre um suposto esquema de
suborno, envolvendo pagamentos judiciais, o doleiro Alberto Youssef, a
construtora Constran e integrantes do governo do Maranhão, entre eles a
governadora Roseana Sarney e o ex-chefe da Casa Civil, João Abreu.
A reportagem veiculada pela rede Globo, no Jornal
Nacional, caiu como uma “bomba” no plenário da Assembleia Legislativa, na manhã
desta terça-feira (12), e provocou uma “guerra” de discursos inflamados. Para
os oposicionistas, a notícia evidencia um escândalo que precisaria ser
investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
O primeiro a abordar o assunto, na tribuna, foi o
deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), que iniciou discurso lamentando que,
infelizmente, mais uma vez, o Maranhão seja destaque em notícia nacional com
abordagens negativas.
“Esse é um grande escândalo que agora o Brasil todo
conhece. Para nós, não é novidade. Nós inclusive assinamos e protocolamos uma
ação popular que tramita na Justiça Estadual. Através dessa ação popular, nós
pedimos, há três meses, que fosse concedida uma liminar suspendendo o pagamento
dos precatórios neste caso da Constran”, informou.
O deputado Bira do Pindaré (PSB) disse que a
reportagem levada ao ar no Jornal Nacional, na noite de segunda-feira (11),
aborda esquema de corrupção que envolve o governo do Maranhão e o pagamento de
precatórios. “A contadora Meire Poza, do doleiro Alberto Youssef, resolveu
contar todos os detalhes da operação, feita com malas, e havia nelas R$ 1,4
milhão”, observou.
De acordo com o deputado, a operação realizada em São
Luís, na calada da noite, no Hotel Luzeiros, foi feita com dinheiro público
para o pagamento de propina, segundo a denunciante Meire Poza, para integrantes
do governo do Maranhão. “Trata-se de um esquema de corrupção brutal, imenso,
que envolvia a liberação de R$ 20 milhões para a Constran, uma empresa que
tinha precatórios a receber do governo do Maranhão”, acrescentou.
Em seu discurso, o deputado Marcelo Tavares (PSB)
disse que, mais uma vez, o nome do Maranhão foi enxovalhado em nível nacional.
“Mais uma vez, o governo Roseana se torna sinônimo de corrupção, de uma forma
escandalosa veiculada ontem no Jornal Nacional e depois repetida no Jornal da
Globo e, novamente, hoje no Bom Dia Brasil”, frisou.
ENTENDA
O CASO – O Jornal Nacional teve acesso ao conteúdo de um
depoimento de Meire Poza, contadora do doleiro Alberto Youssef, que foi um dos
presos na operação Lava Jato. Segundo a Polícia Federal, a contadora revelou um
suposto esquema de suborno, envolvendo pagamentos judiciais, o doleiro, uma
construtora e integrantes do governo do Maranhão.
O depoimento foi prestado na quinta-feira (7) à
Polícia Federal, em Curitiba. Meire Poza é contadora da GFD que, segundo a
Polícia Federal, é uma das empresas de Alberto Youssef. Ela decidiu contar aos
investigadores o que sabe sobre as operações financeiras do doleiro e de suas
empresas.
Segundo a contadora, a construtora Constran pediu que
Alberto Youssef subornasse o governo do Maranhão oferecendo R$ 6 milhões. Em
troca, a empresa furaria a fila desses pagamentos judiciais e receberia,
antecipadamente, R$ 120 milhões em precatórios, que são dívidas de governos
reconhecidas pela Justiça. Por ter negociado o acordo, Youssef receberia R$ 12
milhões.
Depois da suposta combinação, o governo estadual
começou a liberar as parcelas do precatório, no valor de R$ 4,7 milhões cada
uma. Até agora, foram pagos R$ 33 milhões. A última parcela, de acordo com o
portal da transparência do Maranhão, foi paga no dia seis.
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