Agora é oficial. Os partidos Solidariedade e PCdoB oficializaram na noite de segunda-feira (3), após a reabertura dos trabalhos legislativos, a composição do bloco de oposição ao governo de Carlos Brandão (PSB), conforme vinha sendo especulado nos bastidores desde que parlamentares das duas legendas iniciaram no plenário da Assembleia Legislativa uma série de ataques à gestão do chefe do Executivo estadual.
A composição do novo bloco, primeiro na gestão de Brandão desde que substituiu o ex-governador Flávio Dino no comando do estado em abril de 2022, é claro sinal de rompimento da aliança que chegou ao poder em 2014 interrompendo o ciclo de dominação do grupo Sarney após quase cinco décadas e implantou uma nova fase na políticas do Maranhão onde as prioridades passaram a ser os que mais precisam.
Agentes políticos dos dois lados vinham tentando acalmar os ânimos no grupo para evitar o rompimento, mas de nada adiantou o esforços, principalmente do vice-governador Felipe Camarão (PT) e da senadora Eliziane Gama (PSD) em favor da reunificação. A parlamentar, que vinha confiante na pacificação, com a confirmação da união do PCdoB com o Solidariedade, deve continuar insistindo em juntar os cacos, mas a tarefa ficou ainda mais complicada.
O PCdoB já vinha dando sinais de descontentamento e externando contrariedade com o governo Brandão com seus representantes no parlamento estadual usando a tribuna para questionar matérias de interesses do governo e essa insatisfação acabou por se transformar em protesto, principalmente após o governador nomear a deputada Roseana Sarney para Secretaria Extraordinária de Assuntos Legislativos ainda que seja apenas para que ela cumpra acordo com o suplente Hildo Rocha (MDB).
Diante da inesperada nomeação da filha do ex-presidente José Sarney para compor o primeiro escalão do governo, o presidente estadual do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, foi às redes sociais afirmar que o ano de 2014 não acabou e nem acabará, numa clara demonstração de insatisfação com a decisão do governador nomear para o cargo justamente a principal representante do quase extinto grupo Sarney.
Em meio ao novo momento da política maranhense, que pode mudar a configuração do quadro para a sucessão estadual, o vice-governador Felipe Camarão disse ao portal O Informante que “ainda tem possibilidade de se chegar a um acordo”, mas nos bastidores da política local muitos acreditam que a reunificação do grupo que chegou ao poder em 2014 com Flávio Dino, reelegendo-o em 2018 e elegendo Brandão em 2022 ficou ainda mais complicado com ambos os lados sendo acusados de traição.
Resta saber agora se o governador manterá o PCdoB nos cargos que ocupa ou vai partir para retaliação, mas uma coisa é certa, o relacionamento jamais será o mesmo, principalmente com o governador se reaproximando cada vez mais do que restou do sarneysismo no Maranhão.
A última tentativa de convivência pacífica dos partidos que integram a aliança e apoiam o presidente Lula no Maranhão acontecerá durante uma reunião prevista para acontecer em Brasília nos próximos dias, envolvendo líderes do PT/PCdoB/PSB e o governador Carlos Brandão, mas tudo indica que pela primeira vez o governo do estado terá que conviver com a oposição.
Brandão não mediu as consequências da nomeação de Roseana só para que ela deixasse de sofrer pressão do suplente Hildo Rocha (MDB) que a responsabiliza pela perda do mandato, agora colhe o resultado de levar para o governo a adversária derrotada, mesmo que seja para uma pasta sem menor significância.
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