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O significado histórico da vitória de Flávio Dino

Por Osvaldo Bertolino
Com a eleição de um de seus quadros para o governo
do Estado do Maranhão, o PCdoB dá mais um passo importante para consolidar sua
experiência em cargos executivos. Sempre presente na vida democrática
brasileira, os comunistas comprovam que uma tática política acertada tem grande
importância para impulsionar o país no rumo das mudanças e do progresso social.
Em
um encontro com empresários e produtores rurais do Maranhão, realizado dia 10
de setembro, Flávio Dino, o governador que acaba de ser eleito no Estado do
Maranhão pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), resumiu as prioridades da
sua virtual gestão: melhorar a infraestrutura e os índices de desenvolvimento
humano, os piores do Brasil. Com sua característica fala mansa, mas incisiva,
ele discorreu sobre os dados maranhenses, apresentou suas propostas e debateu
com seu principal concorrente, Edison Lobão Filho, do PMDB. A reação do seu
opositor foi uma espécie de síntese dos ataques sistemáticos que o candidato do
PCdoB enfrentou.
Com
sua habitual camisa social desabotoada e um blazer, Lobão Filho, que é
empresário e filho do ministro de Minas e Energia Edison Lobão — um antigo
ícone político da oligarquia cujo vértice é o ex-presidente da República José
Sarney —, fez pose e disparou epítetos anticomunistas. Além de acusar Dino de
pretender implantar o “comunismo” no Maranhão, ele defendeu uma plataforma abertamente
neoliberal. “Achei estranha a visão do comunista, vai contra sua própria
filosofia. Entendo que o Estado deve ter o mínimo de participação na vida
privada”, discursou.
Segundo Lobão Filho, o Maranhão precisava de “visão
empresarial, não comunista”. O público não passou recibo; ao contrário,
aplaudiu Flávio Dino, de forma entusiasmada, quando ele comentou uma pesquisa
que indicava o Maranhão e o Amapá (onde José Sarney se elegeu senador) entre os
três piores Estados para investimentos estrangeiros. “O que ambos têm em
comum?”, indagou, deixando implícita a conclusão de que a causa são os 50 anos
de domínio quase total da oligarquia Sarney no Maranhão e a influência
representativa do mandato de senador do ex-presidente no Amapá.
Episódio escabroso
Em um panfleto distribuído na capital do Estado,
São Luís, Lobão Filho foi retratado como aquele que “tem fé em Deus”, ao passo
que acusava Flávio Dino de acreditar “no comunismo”. No verso do panfleto,
havia uma silhueta do agora governador eleito com a foice e o martelo
estampados no peito. A campanha de Lobão Filho veiculou inserções na TV Mirante, ligada à família Sarney, nas quais dizia
para os eleitores evitarem a transformação do Maranhão “no primeiro estado
comunista do Brasil”. O canal reforçou o ataque em uma entrevista quando Dino
foi perguntado se ele iria “implantar o comunismo”, caso eleito. Em resposta, o
candidato do PCdoB reafirmou sua religiosidade.
Em outro episódio escabroso, dois diretores de uma
das unidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, foram
afastados do cargo por terem gravado um vídeo com graves acusações falsas ao
candidato do PCdoB. O vídeo, levado ao ar pela TV
Difusora
, pertencente à família de Edison Lobão Filho, foi um dos
episódios que mais gerou tensão na campanha. “De forma irresponsável, a TV de
propriedade do meu adversário passou a exibir um vídeo anônimo, armado,
falsificado, com personagens que ninguém sabe quem são, inventando histórias
absurdas e sem nenhuma prova”, denunciou Flávio Dino.
Envergadura política
O
Maranhão, que já chegou a ser chamado de “sarneystão”, não acompanhou os
avanços sociais, econômicos e políticos do país nesses 50 anos. Com esse dado,
ficou relativamente fácil para Flávio Dino articular um amplo arco de alianças,
que abarcou desde o PSB e o PSDB até consideráveis setores petistas (o PT optou
por fazer aliança com o PMDB), sobretudo os ligados ao Movimento Sem Terra
(MST) e a entidades sindicais. O dirigente petista Chico Gonçalves, um dos
mediadores entre a campanha de Dino e a de seu partido, chegou a afirmar que
derrotar o grupo de Sarney no Maranhão não era “uma questão política, mas
humanitária”.
Com
essa envergadura política, o governador eleito terá um lastro seguro para
enfrentar o poderio da oligarquia agora na oposição. “Nossa expectativa é fazer
parcerias com prefeituras, igrejas e sindicatos e criar uma rede de proteção e
prevenir a capacidade de sabotagem mostrada pelo grupo de Sarney no mandato de
Lago”, afirma Dino, referindo-se à cassação do mandato do ex-governador Jackson
Lago, acusado de “compra de votos” de quatro eleitoras por R$ 100 reais.
Segunda colocada nas eleições de 2006, a atual governadora, Roseana Sarney,
filha do ex-presidente, assumiu o cargo.
Significado histórico
Para
o PCdoB, a eleição de Flávio Dino tem um significado histórico. O Partido, com
92 anos de existência, pela primeira vez tem um de seus quadros eleito para um
cargo executivo de âmbito estadual. Em sua longa trajetória, contudo, sempre
que o país respirou democracia a legenda dos comunistas do Brasil esteve
presente, dando a sua contribuição e combinando a atuação política tradicional
entre as massas com as atividades parlamentares e executivas.
Em
1928, concorrendo pelo Bloco Operário e Camponês (BOC), os comunistas elegeram
Octávio Brandão para intendente (vereador) no município do Rio de Janeiro. Já
em 1945, quando a democracia emergiu com força no Brasil após a derrota do
nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial — com a ativa colaboração dos
comunistas brasileiros — o Partido elegeu 15 deputados e um senador, além de
conquistar quase 10% dos votos na eleição presidencial, com o candidato Yeddo
Fiúza. Golpeado pelas forças direitistas que jamais aceitaram a presença
comunista na vida política do país, teve seu registro eleitoral cassado em maio
de 1947 e perdeu os mandatos dos seus parlamentares em janeiro de 1948 por
força de uma lei discricionária aprovada no Congresso Nacional.
Em
janeiro de 1947, elegeu mais dois deputados federais por São Paulo (Pedro Pomar
e Diógenes Arruda Câmara), que concorreram pelo Partido Social Progressista
(PSP), e bancadas expressivas de deputados estaduais, eleitas pela própria
legenda comunista. Em 1949, os comunistas elegeram, por outros partidos,
expressivas bancadas de vereadores e dois prefeitos: Manoel Calheiros, em
Jaboatão dos Guararapes (PE), e Armando Mazzo, em Santo André (SP). Novamente
golpeado, desta vez por uma manobra da Justiça Eleitoral, os comunistas
perderam os mandatos dos vereadores eleitos em São Paulo e do prefeito
andreense, que nem sequer tomou posse.
Juscelino Kubitscheck
O
Partido voltou a figurar com destaque no cenário político nacional quando o
candidato Juscelino Kubitscheck lançou a sua candidatura, em 1955. Para os
comunistas, ele oferecia maiores garantias de respeito à legalidade
constitucional do país. Segundo João Amazonas, à época já um histórico
dirigente do Partido, ele e Lincoln Oest, também da direção partidária,
conversaram com Juscelino. Amazonas conta que o candidato teria dito: “Vocês
têm no Brasil uns trezentos mil votos? Numa eleição presidencial, trezentos mil
votos não têm importância nenhuma. Agora, se eu for eleito vou mandar suspender
essa perseguição jurídica que há aí contra vocês. Eu vou parar com isso.”
Juscelino Kubitscheck acabou eleito com menos de trezentos mil votos de
diferença em relação ao segundo colocado.
No
período pós-ditadura militar, o PCdoB elegeu vários prefeitos, alguns em
cidades de destaque, como Olinda (PE), Contagem (MG) e Jundiaí (SP). A eleição
de Flávio Dino representa mais um passo na consolidação dos comunistas também
no âmbito executivo. Ela reforça a força de uma corrente política e ideológica
que tem na democracia sua principal plataforma de luta por um Brasil com
justiça social sempre em progressão.

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