Ontem foi um dia tristemente tenebroso para a liberdade de
imprensa no Brasil, pois o Tribunal de Justiça de Brasilia manteve uma absurda,
injusta e ditatorial censura ao Jornal Estado de São Paulo, impedindo-o de
escrever uma linha sequer sobre o empresário Fernando Sarney.
E por ironia ou tragédia do destino, a chancela definitiva da
mordaça ao jornal Estadão imposta pelo judiciário de Brasilia, ocorreu no dia
da morte de Ruy Mesquita, seu octogenário diretor que tanto lutou nos “anos de
chumbo” da ditadura contra a censura à imprensa. Dr. Ruy, como era chamado, não
viveu para ver essa atrocidade.
No entanto, enquanto os meritíssimos desembargadores do
Tribunal de Justiça de Brasilia mantinham a censura ao Estadão, que já dura 04
anos, no plenário do Senado da República, o “homem incomum”, José Sarney, fazia
um discurso delirantemente cínico – e vejam só – em homenagem à liberdade de
imprensa, dizendo que era em homenagem a Ruy Mesquita, a quem pediu voto de
pesar.
José Sarney foi enfático ao criticar o que ele chamou “os
excessos da imprensa”, afirmando que o tempo corrigiria e restabelecia a
verdade. Aí, como que fazendo o coroamento de seu delírio cínico, Sarney
afirmou: “ Vejam as injustiças que a imprensa de seu tempo fez a Ruy Barbosa.
Os jornais o achincalhavam. E hoje, quem lembra desses ataques a Ruy?
Ninguem…”
Nas entrelinhas de seu de discurso surreal, Sarney comparou-se
a Ruy Barbosa e deixou a certeza que os “excessos da imprensa” a ele e sua
família, dentre os quais o empresário Fernando Sarney, que impôs a censura
definitiva ao Jornal Estadão, serão corrigidos pelo tempo e eles serão
reverenciados pelas gerações futuras. Ou seja, Sarney é o nosso Ruy Barbosa do século XXI.
A única liberdade de imprensa que José Sarney conhece, é a de
seu império de comunicação, formado por cadeia de televisão, radio, jornal,
portal na internet, para atacar adversários políticos. Essa é a trena do
Oligarca para medir a liberdade de imprensa.
A liberdade de imprensa de José Sarney limita-se a mandar
bloquear contas bancárias do combativo Jornal Pequeno, e o blog da professora
Alcineia Cavalcante, do Amapá, porque ambos publicaram matéria que desagradaram
nosso Ruy Barbosa do Século XXI.
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