Jornal Pequeno
Ao condenar, em
entrevista ao Observatório da Imprensa, o uso político dos meios de
comunicação, o governador eleito, Flávio Dino, recoloca, no Maranhão, uma das
questões mais sérias dos últimos tempos e que tem ocupado o discernimento de
grande parte da intelectualidade brasileira. E nunca é demais lembrar que a
campanha de Flávio Dino foi vencedora enfrentando um dos mais antigos
monopólios de comunicação do país, o do ‘coronel eletrônico’ José Sarney,
apenas com a força de jornais regionais, blogs, redes sociais e dois meses
de propaganda na televisão.
Através de monopólios e
oligopólios de comunicação, conforme especialistas, grandes grupos econômicos
determinam o que a maioria das pessoas lê, ouve e vê neste país. E essa
capacidade de interferir na opinião pública, para o bem e para mal, faz de
políticos e governantes eternos aliados desses monopólios, minando qualquer
possibilidade de intervenção na renovação das concessões das grandes redes de
comunicação. Mas o fato é que somente 12 famílias controlam os principais meios
de difusão de informações no Brasil. Ou seja, embora se tratem de outorgas de
serviços públicos, ainda não conseguimos democratizar a comunicação social.
O governador eleito – e
esse é um item programático – pretende reforçar a rede pública, incentivar as
rádios comunitárias e ampliar o acesso à banda larga nas cidades maranhenses. A
universalização da internet, o apoio às rádios comunitárias, jornais regionais
e blogs noticiosos parece ser o caminho mais fácil para enfrentar os monopólios
localizados, como esse que durante tanto tempo serviu ao sarneisismo, e
democratizar a comunicação.
Lembremos só que o uso
político dos meios de comunicação muitas vezes permitiu que as transferências
de recursos do governo do Estado para o Sistema Mirante superassem os
investimentos em agricultura e outras áreas sensíveis da administração.
Por outro lado, o governo
do PT sempre que propõe a regulação das mídias, busca fazê-lo pelo viés da
sujeição econômica, (eles usam a palavra controle) o que, de longe, cheira a
armadilha, pois esconde nessa proposta o objetivo principal, que é conseguir o
controle de conteúdo. Nada mais nada menos que
uma forma de censura financeira que o povo brasileiro não está mais disposto a
suportar.
Na Presidência da
República, o então presidente José Sarney distribuiu concessões de TV e Rádio
como bombons em dia de São Cosme e Damião, o que, para muitos, garantiu-lhe um
ano a mais de mandato. É mais uma comprovação do abusivo uso político dos meios
de comunicação e um indicativo de que a democratização desses meios precisa ser
debatida exaustivamente pela sociedade. Por enquanto, a população patina entre
a ditadura dos monopólios a determinar o que todo mundo pode ler, ver, ouvir, e
as segundas intenções de políticos e autoridades que sonham em controlar o
conteúdo noticioso e de opinião para que escândalos como da Petrobrás, por
exemplo, possam sempre ser redimensionados.
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