Jornal Pequeno
O deputado federal Renato Simões, candidato a presidente nacional do PT no PED deste domingo, tem
sido uma presença constante em São Luis, onde vem apoiando as correntes que
atuam no campo da Resistência Petista e que se posicionam contra a manutenção
da aliança com o grupo Sarney para a disputa das eleições
2014.
De passagem pelo Maranhão para mais uma rodada de conversações com o chamado PT
anti-Sarney, Simões falou com exclusividade ao Jornal Pequeno sobre o que pensa
da aliança do partido com o PMDB da governadora Roseana Sarney e disse que
considera um contra-senso manter a legenda atrelada ao que, segundo ele, existe
de pior na política do país.
Jornal Pequeno- Diante
da crise que o PT vive no Maranhão, o PED servirá para unir ou acentuar a
divergência entre as tendências?
Renato Simões
– Nós esperamos compor uma posição de maioria pela retomada da autonomia,
da identidade própria do PT e do seu protagonismo na sociedade do Maranhão.
Isso implica em se afastar do governo Sarney, criar as condições e tomar frente
de esquerda viável para disputar o governo do Estado em 2014. E é em torno
dessa maioria que esperamos construir uma pacificação do PT do Maranhão, uma
vez que o apoio ao grupo Sarney é o grande responsável pelas divergências
internas do PT no Maranhão, nos últimos anos.
JP – Como o senhor vê a
determinação da ala majoritária do PT em se aliar com o grupo Sarney?
RS – Realmente é um
contra-senso. A aliança nacional podia prescindir desse tipo de preço
altíssimo, pago pelo PT. De fato, o grupo Sarney é um atraso para o Estado do
Maranhão e exerce uma pressão sob o Estado brasileiro, que impede o Estado de avançar
para reformas estruturais. O povo do Maranhão sente na carne essa dissintonia
entre os avanços sociais e econômicos do Brasil e o atraso político e econômico
do Maranhão. Por isso, o PT precisa rapidamente mudar de rota, afastar-se dos
Sarney e reconstruir uma imagem positiva do partido no Estado do Maranhão.
JP – Existe a possibilidade de
acontecer com o Maranhão o mesmo que pretendem fazer no Rio de Janeiro, em que
a presidente Dilma Rousseff poderá ter à sua disposição vários palanques?
RS – Na
verdade, apoio não se rejeita, mas nós precisamos de um palanque nos estados
que seja coerente com programa e o palanque nacional. Portanto, não tenho
dúvida de que o melhor palanque para a presidente Dilma no Maranhão, hoje, é o
palanque do Flávio Dino e das forças que o apoiam. Nós podemos efetivamente ter
um processo, tanto no Maranhão quanto nos outros estados, em que a presidente
tenha apoio de múltiplas forças partidárias. O que não dá é para que o PT do
Estado do Maranhão componha novamente chapa com os Sarney.
JP – Dentro dessas novas
configurações políticas que estão surgindo no país, existe espaço para alianças
com o grupo Sarney?
RS – O
Brasil vive uma crise da sua democracia representativa e nunca as instituições
políticas foram tão questionadas pela sociedade. Em boa medida isso tem ligação
com a incapacidade do Congresso Nacional de auto-reformar e promover uma ampla
reforma política no país. O PMDB foi, este ano, o principal adversário das
teses da presidente Dilma e do PT em relação à reforma política. Foi contra a
Constituinte exclusiva e o plebiscito para convocá-lo, defendido pela
presidente Dilma em rede nacional de televisão. Aprovou a micro reforma
eleitoral danosa aos interesses do povo brasileiro, para mascarar a ausência
dessa reforma política. Do modo que nós entendemos, a reforma política é
central pra reatar os laços das instituições políticas com a sociedade, e,
nesse momento, o PMDB e as raposas principais do PMDB jogam contra esse avanço
democrático.
JP – O que
senhor espera do PED/PT 2013?
RS – Eu
espero, em primeiro lugar, que ele seja o último. O PED não é o melhor
instrumento para o debate político necessário para coesionar o partido.
Transformou-se numa mera movimentação de máquinas partidárias, permitindo,
inclusive, irregularidades graves, como a que nós verificamos em vários
municípios do Maranhão, onde as contribuições coletivas foram deturpadas contra
o espírito do próprio estatuto e do regimento. Nós defendemos um modelo
congressual com maior participação da militância na definição das políticas,
dos programas e das direções partidárias. Mas nós esperemos que, nesse PED, as
esquerdas petistas avancem e façam da sua tese central, uma tese vitoriosa no
quinto congresso do PT. A inclusão das cinco grandes reformas democráticas e
populares: reforma agrária, urbana, política, tributária e da comunicação de
massa, no centro do programa de partido e no programa de governo do segundo
mandato da presidente Dilma.
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