Guilherme Waltenberg e Daiene Cardoso, da Agência Estado
SÃO PAULO – Depois de deflagrar a cruzada contra o
sistema financeiro privado e a cobrança de juros elevados no País, o
governo da presidente Dilma Rousseff poderá colocar em discussão o
polêmico tema do marco regulatório da comunicação. A informação foi dada
nesta sexta-feira, 4, pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão,
durante discurso em evento sobre estratégia eleitoral do PT nesta
campanha municipal, em Embu das Artes, São Paulo.
“Este é um governo que tem compromisso com o povo e que tem coragem
para peitar um dos maiores conglomerados, dos mais poderosos do País,
que é o sistema financeiro e bancário. E se prepara agora para um
segundo grande desafio, que iremos nos deparar na campanha eleitoral,
que é a apresentação para consulta pública do marco regulatório da
comunicação”, disse o dirigente petista em seu pronunciamento.
Segundo Falcão, “a mídia é um poder que está conjugado ao sistema
bancário e financeiro”. No discurso, ele frisou: “(A mídia) É um poder
que contrasta com o nosso governo desde a subida do (ex-presidente)
Lula, e não contrasta só com o projeto político e econômico. Contrasta
com o atual preconceito, ao fazer uma campanha fundamentalista como foi a
campanha contra a companheira Dilma (nas eleições presidenciais de
2010) que saiu dos temas que interessavam ao país para recuar no
obscurantismo, na campanha de reforço da direita que hoje está sendo
exposta aí, inclusive agora, provavelmente nas próximas duas semanas com
a nomeação dos sete nomes da Comissão da Verdade que vai passar a limpo
essa chaga histórica que nós vivemos.” E continuou: “(A mídia) produz
matérias e comentários não para polarizar o País, mas para atacar o PT e
nossas lideranças.” “O poder da mídia, esse poder nós temos de
enfrentar.”
A presidente Dilma Rousseff herdou do governo Lula o anteprojeto de
criação do marco regulatório das comunicações, elaborado pelo então
ministro da Secretaria de Comunicação Social Franklin Martins, e
apresentado durante a Conferência Nacional de Comunicação (CONFECOM), em
2010, determinando “criação de instrumentos de controle público e
social” da mídia. Em razão da polêmica que o tema gerou, Dilma
determinou que o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, fizesse um
pente-fino no texto para evitar tópicos que possam indicar censura ou
controle de conteúdo.
Cachoeira. O dirigente petista afirmou que a
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira deverá ter
também como alvo paralelo (de investigação) o trabalho da imprensa.
“Essa CPI vai desvendar também quais são os caminhos de ligação com
esses contraventores nos setores da mídia brasileira”, disse. Ao falar
das relações entre o contraventor Carlinhos Cachoeira e o senador
Demóstenes Torres (sem partido-GO), apontadas no vazamento da
investigação da Operação Monte Carlo, Falcão criticou: “Esse fariseu,
que é o senador Demóstenes Torres, é apresentado pela imprensa como sem
partido, mas vamos nos lembrar sempre que até um mês atrás ele era
senador do DEM.”
Segundo Falcão, a redução no rendimento da poupança, anunciado na
quinta-feira, 3, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a declaração
da presidente Dilma em rede nacional no feriado do Dia do Trabalho, na
última terça-feira, afirmando ser “inadmissível que o Brasil, que tem um
dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com os
juros mais altos do mundo”, mostram o estilo do governo. “É inadmissível
que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros
mais sólidos e lucrativos, continue com os juros mais altos do mundo”, disse o presidente nacional do PT.
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