Reinaldo Azevedo
Que coisa! Muito
ágil a Controladoria-Geral da União, não é mesmo? Vamos ver. Como vocês sabem,
o Ministério Público da Holanda anunciou, nesta quarta-feira, que a empresa SBM
Offshore foi multada em US$ 240 milhões por ter pagado US$ 200 milhões em
propina para obter contratos em vários países, entre 2007 e 2011. O Brasil,
claro!, está entre eles. A SBM é a maior fornecedora mundial de plataformas de
petróleo e mantém contratos com a Petrobras que chegam a US$ 27 bilhões. A
empresa confessou seus crimes cometidos mundo afora, inclusive em nosso país:
pagou suborno a funcionários e intermediários da Petrobras estimados em US$ 139
milhões. Atenção! Não se trata mais de suspeita. É um fato. O criminoso
confessou.
O vexame é
gigantesco. O caso foi denunciado pela VEJA em fevereiro. Em março, a Petrobras
concluiu uma apuração interna, em tempo recorde, e, acreditem!, não viu nada de
errado. Nesta quarta, horas depois de o Ministério Público da Holanda ter
anunciado a punição da SBM, eis que o ministro Jorge Hage vem a público para
informar que a Controladoria-Geral da União também constatou irregularidades. É
mesmo?
Não quero maldar!
Mas acho a coincidência, para dizer pouco, estranha. O caso de corrupção só
veio a público porque um ex-funcionário da SBM tentou chantagear a empresa em 3
milhões de euros para não contar o que sabia. Ela não aceitou, e o escândalo
veio à luz, com uma penca de evidências. A Petrobras, no entanto, não encontrou
nada de errado. Não me digam!
“Sem dúvida houve
irregularidade no relacionamento entre a SBM e seus representantes no Brasil e
a Petrobras”, afirma Hage. A empresa — leiam
aqui —
já disse que está disposta a colaborar com as investigações e se dispõe a
fornecer informações à Controladoria.
Tchau, Graça!
Graça Foster, a presidente da Petrobras, tem um mal semelhante ao de sua chefe
e amiga, a Dilma: como está com o ar sempre enfezado, passa a impressão de que
tem razão ou de que pensa mais do que… pensa. Em maio, no Congresso Nacional,
esta senhora negou que houvesse qualquer irregularidade na relação com a SBM e
ainda lembrou que há contratos oriundos da era FHC. Ora, claro que sim! A
empresa é a maior do setor. O ponto é outro: a corrupção admitida pela SBM se
deu entre 2007 e 2011, quando o petista José Sérgio Gabrielli presidia a Petrobras.
O ar de severidade
de Graça não me intimida. Ela deveria ter deixado a direção da empresa quando
ficou claro que participara de uma conspirata para fraudar o funcionamento
normal de uma CPI. Há agora mais um motivo — um escandaloso motivo.
Terceirizar o
Brasil
Nessa toada, o nosso país ainda será salvo — ou, ao menos, conseguirá se livrar
de certos problemas — em razão das leis vigentes em outras democracias. Foi
preciso que a Price ameaçasse suspender a análise de balanço da Transpetro para
que Sérgio Machado se afastasse da presidência da subsidiária da Petrobras. A
estatal brasileira está sendo investigada hoje pelo órgão americano que regula
as empresas que atuam em Bolsa nos EUA e por uma divisão do Departamento de
Justiça. Se assarem pizza por aqui, ela não será assada por lá.
Agora, vemos a
Holanda punindo uma empresa holandesa em razão de relações corruptas mantidas
mundo afora, inclusive no Brasil. E só então a CGU anuncia que a investigação
está chegando a algum lugar.
Será que é o caso
de terceirizar o Brasil? Isso tudo explica por que tropa de choque do governo
faz de tudo para sabotar a CPI, como voltou a fazer nesta quarta. O nome disso
é medo.
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