Uma reportagem contundente veiculada, na noite desta quarta-feira (15),
pelo Jornal Nacional, aponta o Maranhão com um dos piores índices sociais do
Brasil. A matéria abordou, ainda, o caos que se instalou no Complexo
Penitenciário de Pedrinhas, palco de chacinas de presos, e a violência nas ruas
de São Luís, que culminou com a morte de uma criança atingida por fogo em um
ônibus incendiado por bandidos. A matéria do JN revelou os índices sociais
vergonhosos do estado, apontado como campeão nacional em mortalidade infantil,
com menor expectativa de vida e sem saneamento básico, o que coloca o Maranhão
bem atrás quando o assunto é desenvolvimento.
Segundo o deputado Simplício
Araújo (Solidariedade/MA), o que foi apresentado pela Rede Globo há
tempos é a tônica de sua luta no Maranhão. “Desde que entrei na política venho
lutando para tentar reverter os indicadores sociais do nosso estado. Ano
passado denunciamos, por diversas vezes, o mau uso do dinheiro público pelo
governo estadual e propusemos ações para tentar diminuir o sofrimento da nossa
população”, ressaltou.
O parlamentar afirmou que o alto índice de mortalidade infantil, o maior
do país segundo a reportagem, é causado principalmente pela falta de uma rede
de hospitais no interior do estado. “Com a ausência de hospitais no interior do
estado e a falta de políticas públicas na área de saúde, a população se vê
obrigada a procurar ajuda nos hospitais da capital, sobrecarregando de maneira
absurda os já lotados hospitais de referência”, apontou.
Simplício já vem alertando há algum tempo para essa realidade e cobrando
políticas sociais para melhorar a vida do maranhense. “A governadora do
Maranhão, Roseana Sarney, não está preocupada em melhorar os índices sociais do
nosso estado e nem diminuir essa violência que ali se instalou. É preciso, primeiro,
admitir que o problema é grave, mas nem isso a governadora faz. Pelo contrário:
esconde o problema, como fizeram quando fomos visitar o presídio”, lembrou o
parlamentar.
Para justificar o injustificável, Roseana Sarney afirmou que a violência
no estado aumentou devido ao crescimento econômico do estado. Disse ainda que o
estado está mais rico. Mas, infelizmente, os maranhenses não vivem esse
crescimento, não tem políticas públicas que fazem com que o estado cresça. De
acordo com números do IBGE, o PIB do estado cresceu 15,3% entre 2010 e 2011,
bem acima do crescimento do Brasil no mesmo período, que foi de 2,7%. O
problema é que esse crescimento não se traduziu em melhora de vida para os
maranhenses.
O deputado também afirmou que a redução da extrema pobreza alardeada
pelo Secretário de Desenvolvimento Social do Estado, Fenando Fialho, durante a
reportagem do JN, na verdade se deve ao aumento do Bolsa Família e não em ações
adotadas pelo governo estadual.
As desigualdades no estado se refletem também nas estatísticas sobre
segurança. O MA tem a pior relação de policiais militares por habitantes. Tem
um PM para cada 916 habitantes. São Paulo tem um PM para cada 462 habitantes e
o Rio, um PM para cada 371 habitantes.
→ O Secretário de Desenvolvimento Social, Fernando Fialho, destacado
pela governadora Roseana Sarney para tentar rebater a reportagem do JN, é o
principal investigado pelo Ministério Público do Maranhão, acusado de despejar
milhões nos cofres de entidades suspeitas e inexistentes, a maioria delas
ligadas a políticos aliados ao grupo Sarney. Pelo menos 105 convênios foram
celebrados entre a secretaria e essas entidades para execução de obras que
nunca saíram do papel.
→ Em nenhum lugar do país morrem mais crianças do que no Maranhão. A
média é quase o dobro da nacional. O Maranhão é o único estado onde a
expectativa de vida não chega aos 70 anos. A média brasileira é de quase 75
anos.
→ No Maranhão, metade da população não tem água tratada em casa. Quase
90% não tem esgoto.
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A desordem instalada no feudo dos Sarney deveria servir de alerta para todos aqueles que não desejam ver esfarelar as estruturas sociais do seu estado. É preciso que os diversos atores sociais e suas respectivas entidades de classe se mobilizem para evitar o fenômeno do maranhencimento social. O recrudescimento da violência é o sinal mais ostensivo da incompetência governamental e do fortalecimento da corrupção. Ou seja, quanto mais violenta mais corrupta é uma sociedade.