Em público os dois maiores líderes políticos do estado na atualidade nada falam sobre o distanciamento que motivou reflexos na eleição para presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, mas nos bastidores da política local o racha no grupo governista já aconteceu, sem chance de volta, e com consequência nada satisfatória para o governador Carlos Brandão (PSB), acusado por aliados do ex-governador e atual ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, de não cumprir acordo e ameaçar não entregar o comando do estado para o vice-governador Felipe Camarão (PT) disputar a reeleição sentado na cadeira principal do Palácio dos Leões.
“Eu não gostaria de estar na pele do governador, pois ele está numa sinuca de bico e sem ter como sair do problema que ele mesmo criou ao se imaginar acima de quem o ajudou chegar onde chegou. Brandão, hoje, não tem sequer garantia de eleger seu sucessor caso resolva permanecer no cargo e não cumprir o que foi acordado quando da formação da aliança que manteve o grupo no poder ao reelege-lo governador em 2022, ano em que Dino se afastou do cargo para concorrer ao Senado e se engajar na campanha do até então aliado e proporcionar sua vitória logo no primeiro turno.
A situação do governador piora a cada dia. Sua base de apoio não é sólida como imaginava, a fragilidade ficou patente na eleição que reconduziu a presidente Iracema Vale (PSB) ao comando da Assembleia Legislativa para biênio 2025/2026, realizada mês passado, e que, para surpresa geral, terminou empatada nos dois turno, com a vitória sendo consagrada a Iracema pelo critério da maior idade, motivo de ação do partido Solidariedade, que questiona no Supremo Tribunal Federal a constitucionalidade do regimento da Casa que é claro ao afirmar que em caso de empate, o resultado da eleição seja decidido a favor do mais idoso.
Brandão está emparedado. Se fica até o final do mandato e lança o sobrinho Orleans Brandão, um jovens que nunca disputou eleição, corre o risco de perder e concluir a gestão sem escudo protetor, ou seja, uma mandato de senador, o que poderá evitar situações constrangedoras, como ocorreram com os ex-governadores Luiz Rocha e José Reinaldo Tavares. O primeiro após deixar o governo o máximo que conseguiu foi se eleger prefeito de Balsas, enquanto o segundo sofreu consequências mais pesada e acabou sendo preso, após se esforçar para eleger Jackson Lago em 2006, vítima de perseguição do ex-presidente José Sarney.
Segundo uma fonte ligada ao Palácio dos Leões, Brandão já descartaria a possibilidade de entregar o governo para Felipe Camarão, estaria temeroso, pois nada garante que ele se empenhará pela sua eleição, correndo o risco de ficar sem mandato e sem aliado que possa contar nos momentos de dificuldade; afinal existe o velho ditado que diz: político sem mandato nem vento bate nas costas.
Brandão parece que se meteu numa encruzilhada e não sabe como sair. E o grupo de oposição cresce cada vez mais, dar sinais de fortalecimento justamente quando o governo se sente fragilizado, sem sinais de reação para mudar o cenário. Já teria sido aventado até o realinhamento com o grupo dinista, mas essa possibilidade estaria sendo descartada por soar como rendição.
Resta saber que estratégia o governador usará para sair dessa enrascada que se meteu. Brandão, segundo um atento observador do cenário político local, está no modo se correr o bicho pega, se ficar o bico come: Se sai não tem garantia que Camarão se engajará em sua campanha para o Senado, se ficar para tentar eleger o sucessor corre o risco de perder e ficar sem mandato e aliado no governo.
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