Raposas e galinheiros
Existem diferentes teorias para explicar por que, exatamente, esse
processo dá certo, mas há consenso em torno de um aspecto: ele só funciona sem
sobressaltos quando os cidadãos acreditam que seus votos são colhidos e
computados de forma correta, livre de manipulações. Do contrário, a própria
representação é posta em xeque.
Não se trata de prejulgar Luiz Carlos Cantanhede Fernandes e sua
empresa, a Atlântica Serviços Gerais, a quem o Tribunal Regional Eleitoral
maranhense, após realizar licitação, incumbiu a responsabilidade de fornecer os
616 funcionários encarregados de transportar e armazenar as urnas, carregá-las
com o software e transmitir os dados da votação.
Tais fatos deveriam ter bastado para deixá-lo de fora da licitação. E,
como se não fossem suficientes, suspeita-se de que Fernandes tenha ligações
pessoais com Lobão Filho (PMDB), candidato a governador com a bênção dos
Sarney.
Em alguns Estados, nos quais a política e a economia são dominadas por
grupos poderosos, encontrar empresas sem ligações suspeitas é tarefa inglória.
Daí não decorre, por óbvio, que as precauções devam ser relaxadas. Quando
existe desconfiança quanto à lisura do processo eleitoral, a própria democracia
termina maculada.
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