Jornal Pequeno
Em entrevista
ao Jornal Pequeno, o prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB),
fala francamente de sua decisão de não apoiar a candidatura de Edinho Lobão
(PMDB) ao governo do Estado e afirma enfaticamente que está convencido de que
Flávio Dino (PCdoB) “é o melhor para o Maranhão”.
Madeira lembra que tinha o
compromisso de apoiar Luís Fernando e acredita que agora, mesmo com a decisão
de apoiar o candidato de oposição ao grupo Sarney, não sofrerá retaliação da
governadora Roseana.
“Roseana tem dito que ama
Imperatriz e retaliar a cidade, porque o prefeito e a maioria ampla da
população rejeitam seu candidato, não será uma decisão de amor”, afirma
Madeira, nesta entrevista:
Jornal Pequeno – O senhor apoiava o pré-candidato Luís Fernando
ao governo do Estado e agora recusa apoio a Lobão Filho. O que mudou?
Sebastião Madeira – Mudou tudo. Tudo! Mudaram as personalidades
e as perspectivas. As pessoais enquanto motivação política e principalmente as
perspectivas para o Maranhão e seu povo.
JP – De fato, o que mudou?
Madeira – Luís Fernando era o candidato, uma escolha
pessoal da governadora Roseana Sarney. Um nome e um quadro extremamente bem
avaliado no Maranhão, e por isso respeitado, inclusive, entre os
adversários. Foi a partir desse conceito que nos aproximamos a ponto de
incorporar sua candidatura como minha. Conheci suas ideias e seus projetos para
fazer no Maranhão uma administração que fizesse a diferença. Que trouxesse para
nossa gente as soluções que todos nós ansiamos. Em nome deste projeto, cheguei
a ir de Imperatriz a Presidente Dutra, uma viagem, entre tantas, de mais de
1.200 quilômetros, percorridos de carro para junto com ele, fazer encontros em
busca de apoio político. Infelizmente, trabalharam contra a candidatura de Luís
Fernando e deu no que deu.
JP – Por conta desta mudança, chegaram a lhe chamar
de traidor?
Madeira – Eu? Não é verdade! Isso é coisa daqueles
que, sem argumento, querem enfiar goela abaixo suas verdades. Isso acabou desde
a vitória de Jackson Lago, a quem apoiei na vitória e na derrota. Minha posição
sempre foi conhecida, na decisão de apoiar um candidato do governo, Luís
Fernando e no enfrentamento, de não apoiar um candidato do governo, como agora
no caso do Edinho Lobão. Traidor? Um homem que teve a coragem de dizer desde a
primeira hora: – Meu compromisso é com Luís Fernando. O Maranhão inteiro ouviu
ou leu isso. Só não ouviu ou não leu quem não quer entender, quem tem outros
interesses. Aí é outra história. A resposta virá nas ruas. Mas, traidor mesmo é
quem trabalhou contra a candidatura de Luís Fernando, que era uma escolha
pessoal da governadora Roseana Sarney. Ao derrotarem essa candidatura, esses
sim, traíram Roseana.
JP – O senhor diz que não apoia o pré-candidato do
governo, mas continua a apoiar candidatos a deputados que estão ao lado do
governo, como Chiquinho Escórcio, Leo Cunha e o deputado Pádua. Não é uma
contradição?
Madeira – Não é uma contradição, é uma questão de
respeito a compromissos anteriormente assumidos. Esse compromisso eu assumi e
vou respeitar.
JP – Dizem que a governadora teria lhe cobrado outra
posição, por conta dos convênios liberados para sua administração em
Imperatriz. É verdade?
Madeira – É mentira! A governadora é uma mulher
decidida. Governadora por três oportunidades e melhor que ninguém, conhece uma
decisão embasada no acreditar de objetivos. Ela só chegou onde está, porque
lutou por suas crenças. Quando estive com ela, expliquei minha posição, minhas
discordâncias, ponderamos, e é natural que algum questionamento surja. É parte
da conversa, mesmo até, para tentar convencer a outra parte a mudar, tomar
outra decisão. Na segunda oportunidade, fui recebido pelo presidente Sarney e
nossos pontos de vista foram colocados, ouvidos, debatidos e ficamos onde
estamos. O presidente, de uma educação ímpar, ouviu. Naturalmente, não foi o
resultado que ele gostaria, mas saí do Palácio dos Leões, como sempre entrei,
pela porta da frente. E assim vou voltar, quantas vezes for preciso.
JP – Sua escolha, então, está tomada: é Flávio Dino?
Madeira – Flávio Dino, além de ser minha escolha, é a
escolha do povo de Imperatriz. Escolha essa que não difere na população de
outras cidades. Então, como a eleição é estadual, Flávio Dino é quem melhor
representa os interesses do Maranhão.
JP – Como o senhor analisa a hipótese da candidatura
de João Castelo ao Senado, sendo que já existe uma decisão em torno do nome de
Roberto Rocha?
Madeira – João Castelo tem uma ampla folha de
serviços prestados ao Maranhão. Só não foi vereador e deputado estadual. É
natural, mesmo até, porque faz parte da natureza do político em exercer mandato
faz parte da natureza humana, ter objetivos, e Castelo é assim, inquieto. Mas
minha posição é a de quem nesse momento não pode e nem deve interferir. Por
quê? Porque eu apoiava outra candidatura, estava em outro campo de luta e o meu
partido (PSDB) através do seu presidente estadual, deputado Carlos Brandão, já
conversava com os partidos que formam a coalizão de partidos que apoiava Flávio
Dino. Ficou esse entendimento em torno do Roberto.
JP – Mas essa decisão do Castelo não interfere nesse
entendimento?
Madeira – Eu disse em Imperatriz na quinta-feira,
durante um evento com Flávio que o PSDB de Imperatriz é só solução. Só
entendimento. A questão é mais ampla. Na Região Tocantina, por exemplo, o
ex-prefeito de Açailândia, Ildemar Gonçalves é meu amigo. Somos aliados desde
antes, estimulei-o para ser candidato a senador e dessa candidatura saiu para
ser eleito e reeleito prefeito. Em todas essas lutas estive em seu palanque, em
suas caminhadas, seus discursos. É um grande nome para ser vice nessa
composição que faz a oposição, mas nem por isso, tive as condições de defender
o seu nome, em respeito a todos os acertos políticos que já haviam sido
efetuados. A minha expectativa é de entendimento, sempre. Não há dedos
sem mão. Não há vitória pessoal sem aliados. Por isso, a minha confiança que
possamos deixar de lado o interesse pessoal, seja quem for, A ou B, de qualquer
partido, para em nome de todos consolidar através de Flávio Dino, a vitória do
Maranhão.
JP – Apoiar Flávio Dino, que aparece como favorito,
não é portunismo?
Madeira – Que é isso? Eu apoiava um candidato que a
maior parte da mídia massacrava todos os dias. Não crescia, mas eu apoiava.
Onde estava o oportunismo? Eu tenho é coragem. Apoio o Flávio Dino por uma
questão de entendimento. Como deputado ele deu demonstrações efetivas de um
político que sabe o que é direito difuso, capaz de trazer ao povo do Maranhão
os benefícios de uma administração capaz de resolver problemas. É desse
entendimento que eu afirmei não acreditar que o outro candidato, Edinho Lobão
possa fazer um bom governo. É desse entendimento que eu acredito ser Flávio
Dino o melhor candidato.
JP – O senhor é o único prefeito até o momento que
teve coragem de sair do grupo do governo para apoiar um candidato de oposição.
O senhor não teme ser retaliado?
Madeira – Não penso nisso. A governadora em mais de
uma oportunidade, quando da inauguração da UPA e em suas confraternizações de
final de ano, tem declarado e cantado seu amor por Imperatriz. Nesse momento em
que ela está finalizando sua administração e tomando inclusive, uma decisão
dura, que é a de ficar sem mandato, retaliar a cidade, porque o prefeito e a
maioria ampla da população rejeitam seu candidato, não será uma decisão de
amor. Não tenho medo de ser retaliado, mesmo até porque a vida de
prefeito, aliado ou não, é de muitas dificuldades. Pergunte a qualquer
prefeito. É grande a falta de recursos. Vamos, se for o caso, embora, repito,
não acredito em retaliação e se ela vier, não somente eu, mas toda a cidade de
Imperatriz vai ficar profundamente decepcionada. Agora, o que eu espero é que
eu não fique sozinho, que outros colegas, ouçam as vozes das ruas e busquem
nessa eleição, a vitória, que de todos, será a vitória do Maranhão.
JP – Por fim, o que o senhor espera de Flávio Dino?
Madeira – Eu espero muito. É preciso que o próximo
governante tenha a disposição de integrar o Maranhão. Romper com situações de
acomodação onde uns tem muito e outros, migalhas. Um exemplo? Imperatriz! Faça
um levantamento de quais recursos foram efetivamente aplicados na cidade e você
verá que nem de longe, se compara proporcionalmente ao que foi liberado para São
Luís. Se você pegar a soma dos recursos recebidos pelos municípios da região
tocantina e do sul do Maranhão que somados tem a mesma população de São Luís
você verá a desproporção. Equilíbrio na aplicação de recursos e nas prioridades
é um passo.
JP – E na
educação?
Madeira – Na educação, para se ter uma ideia, do
total de quarenta vagas abertas em Imperatriz para o curso de Medicina, apenas
cinco são ocupadas por filhos da cidade. E quantos tentaram entram? Centenas.
Não entraram por quê? Porque a qualidade de nosso ensino é baixa. É lamentável.
Sou formado na escola pública, sou de família humilde e sabemos da importância
que a educação tem para mudar a vida das pessoas. Mas, isso começa pela
política de governo. Se ela não é capaz de integrar o Maranhão, de diminuir as
desigualdades, vamos ficar eternamente como um Estado de grande potencial que
não se realiza nunca. Uma distribuição mais igual de recursos entre as cidades,
uma política eficaz de inserção via educação, representa apenas um começo.
JP – Mas há carências enormes em outras áreas…
Madeira – Claro. Há outras necessidades. Mas o que
espero de Flávio Dino é que ele tenha olhos e ouvidos para ver e entender o
anseio da nossa gente e compreensão para ser dinâmico. Espero um governo que
não veja o Maranhão como uma ilha, e sim, como um estado inteiro, sem rupturas
proporcionando ao cidadão mais comum, o acesso às coisas mais básicas. É para
isso que existe governo. É para isso que existe governante. E só pleno
funcionamento das políticas públicas justifica a existência de ambos. É isso
que espero de Flávio Dino. Que ele faça um governo, que ele seja o governador
com a estatura que o Maranhão e nosso povo tanto anseiam.
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