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“Faria Lima quer impor o rentismo parasitário ao País”, diz Cappelli

247 – O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, fez duras críticas à pressão do mercado financeiro sobre o governo Lula para a adoção de um ajuste fiscal que poderia implicar em cortes nos benefícios sociais. Em um tweet, Cappelli acusou os grandes bancos e investidores da Avenida Faria Lima de tentarem impor ao governo uma agenda rentista, que prioriza o setor financeiro em detrimento da população mais vulnerável.

“A Faria Lima quer impor ao presidente Lula o corte de benefícios sociais para os mais pobres para preservar o orçamento do rentismo parasitário”, escreveu Cappelli. Ele ainda comparou essa postura à política adotada em governos anteriores, como o de Paulo Guedes e Gustavo Franco, que, segundo ele, “quebrou o Brasil diversas vezes”. Para o presidente da ABDI, a questão vai além de uma simples preocupação com o equilíbrio fiscal: “A questão é política”, afirmou.

O desabafo de Cappelli veio à tona na véspera da reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com as principais lideranças do setor financeiro brasileiro, incluindo nomes como Luiz Carlos Trabucco, do Bradesco, e André Esteves, do BTG Pactual, além do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central. Esse encontro, que busca alinhar interesses e fortalecer o diálogo entre o governo e o setor financeiro, ocorre num momento em que o Brasil experimenta uma recuperação econômica acima das expectativas, com crescimento projetado acima de 3% para o ano.

Apesar do clima de reconhecimento à gestão de Haddad e da confiança depositada em Galípolo, que assume a presidência do Banco Central em breve, os banqueiros propõem um “Pacto pela Estabilidade Fiscal”. A proposta, em linhas gerais, busca consolidar o controle das contas públicas e fortalecer o recém-aprovado arcabouço fiscal. No entanto, Cappelli alerta para os perigos desse caminho, caso ele seja pavimentado à custa de cortes sociais.

Para o presidente da ABDI, esse tipo de ajuste remete às políticas de austeridade que trouxeram graves consequências econômicas e sociais no passado. Cappelli teme que o foco exclusivo no reequilíbrio fiscal possa levar a uma repetição de erros já cometidos, como a adoção de medidas que beneficiam apenas o setor financeiro e agravam a desigualdade.

O ministro Fernando Haddad, por sua vez, em entrevista recente, reconheceu os desafios fiscais enfrentados pelo governo e afirmou que o ajuste necessário deve ser conduzido com responsabilidade social. Ele destacou que, embora seja preciso reequilibrar receitas e despesas, o governo está comprometido em evitar políticas de cortes drásticos que aumentem a pobreza e comprometam o desenvolvimento econômico.

Cappelli, no entanto, deixou claro que o debate sobre o ajuste fiscal não pode ser conduzido apenas por uma lógica financeira. Para ele, o modelo defendido pelos grandes investidores é o mesmo que já foi testado e falhou no passado. “Tentam impor o mesmo modelo de Paulo Guedes, Gustavo Franco e cia”, afirmou, reforçando a necessidade de se priorizar políticas que promovam o desenvolvimento econômico com inclusão social, sem sacrificar os mais pobres em nome de uma estabilidade fiscal que beneficie apenas o capital financeiro.

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