Uma porta foi deixada aberta no presídio em São
Luís e os repórteres tiveram acesso aos presos, que fizeram queixas à imprensa
Artur
Rodrigues – O Estado de S. Paulo
ENVIADO
ESPECIAL A SÃO LUÍS – O esquema de segurança da casa de detenção do complexo de
Pedrinhas, em São Luís (MA), foi furado por mais de 40 jornalistas que entraram
na unidade sem autorização. Apesar de a assessoria de imprensa do governo do
Estado ter armado um esquema para impedir a entrada da imprensa, a segurança do
complexo se mostrou falha mais uma vez. Uma porta foi deixada aberta e a
multidão de repórteres teve acesso aos presos, no começo da tarde desta
segunda-feira, 13.
Dentro da
unidade, onde 62 presos foram mortes desde o ano passado, detentos reclamaram
que a Secretaria de Administração Penitenciária maquiou a situação dentro do
local, encaminhando presos para outras prisões. Mesmo assim, a situação
observada era de precariedade nas celas, e havia superlotação. Os presos
afirmaram que são vítimas de tiros de armas de bala de borracha e que não têm
assistência médica dentro do complexo.
Enquanto
os jornalistas estavam no local, os presos ficaram indignados e começaram a
protestar contra as tentativas dos agentes de retirar a imprensa de dentro. Um
dos detentos jogou uma quentinha contra um dos funcionários.
De acordo
com o presidente da comissão de direitos humanos da OAB, Luiz Antonio Pedrosa,
é para evitar que o Estado tente maquiar a situação das unidades que são
necessárias as visitas surpresas.
Na última
sexta-feira, 10, o governo do Maranhão impediu a entrada da comissão de
direitos humanos da OAB e da Assembleia Legislativa.
Maquiagem – Deputados
maranhenses acusam o governo do Estado de maquiar as unidades visitadas pela
Comissão de Direitos Humanos de Senado. “Visitei muitos presídios no
Brasil e vi muito isso: maquiagem”, disse o deputado federal Domingos
Dutra (Solidariedade). “Nós demos sugestões de visita ao Centro de
Detenção e ao Presídio São Luís 2, que estão em situações graves, mas a direção
do presídio fez outra programação e diz que, se os vereadores forem a
esses locais, podem incentivar uma rebelião”.
Presos
ouvidos pela imprensa afirmaram que vários detentos de celas superlotadas foram
transferidos antes da visita dos parlamentares. O deputado federal Simplício
Araújo (Solidariedade) afirma que os presos das alas mais problemáticas estão
fazendo greve de fome. “A intervenção é o melhor caminho para que a gente
possa voltar ao normal aqui dentro”, afirmou. A presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Assembleia Legislativa afirma ter sido barrada novamente.
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