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Facções do crime organizado – O que está por detrás da queda do número de homicídios

  Não foram raras as vezes em que, pelas
redes sociais, a população do Maranhão se viu de cara com situações inusitadas
em que presidiários gravaram vídeos de dentro de suas celas ou que homens
encapuzados filmaram a si mesmos com músicas de apologia ao crime e exaltação
de facções ilegais.

              
Uma série de ações integradas da
Inteligência da Polícia Civil e da Polícia Militar resultaram em prisões
importantes ao longo deste ano, e começaram a desarticular as facções
criminosas que, de tão corriqueiras ações pela cidade, passaram a ocupar o
imaginário e o noticiário cotidiano da Região Metropolitana.
São elas o PCM (Primeiro Comando do
Maranhão), o Bonde dos 40 e o Bonde dos 300 (uma dissidência interna do Bonde
dos 40). As três, bem estruturadas pelo tráfico de drogas, assalto a agências
bancárias e fortes no crime organizado – e que, ao longo dos anos, por ausência
de ações eficazes na sua desarticulação, se fortaleceram e se organizaram na
Região Metropolitana.
Em 2015, a partir do novo comando da
Polícia Militar e de uma integração forte do setor de investigação da Polícia
Civil, foram desencadeadas nos primeiros cinco meses operações que resultaram
na prisão de algumas das principais “torres” dessas facções (denominação dada
aos líderes de cada grupo).
A primeira ação que resultou na prisão
de 10 membros do PCM aconteceu no dia 6 de fevereiro, durante festa da facção
que acontecia no Alto da Vitória, no Anjo da Guarda – em que integrantes
conhecidos como Sacola, Felipe, Neto, Dedico, Timoteo, Preto e Márcio foram
presos portando crack, cocaína, maconha e armas brancas.
Março
Este foi o mês em que a desarticulação
começou a se intensificar. Logo no início, o Serviço de Inteligência da PMMA
identificou o paradeiro de Marley Lima Costa, mais conhecido como “Badboy”, que
estava dentro de uma igreja evangélica. Ele era um conhecido latrocida que
atuava no Anjo da Guarda.
Três dias depois, houve confronto com a
quadrilha do perigoso assaltante conhecido como “Jr Catita”, na Comunidade
Andiroba. Pertencente ao Bonde dos 300, ele era conhecido das autoridades
policiais e estava junto a outros 3 integrantes do bando. Na troca de tiros com
a Polícia Militar, os integrantes da quadrilha de assalto e tráfico de drogas
acabaram mortos.
No dia 16 de março, foram presos outros
6 integrantes do Bonde dos 300, portando tijolos de maconha prontos para venda,
revólveres, balas e motocicletas. A ação resultou de denúncias da vizinhança do
bairro Anil, incluindo a presença de um menor entre os envolvidos no crime.
Mias oito integrantes do “Bonde dos 40”
foram presos no fim do mês de março. Um deles conhecido por “Marcola” era
considerado um dos maiores assaltantes de banco e lojas de joias, além de ser
responsável por vários homicídios na capital. Cumprido ordem de prisão, a PM
capturou Marcola em sua própria casa na Turiúba.
Outra operação de vulto em combate ao
Bonde dos 40 foi a prisão de Jarison Almeida, vulgo “Senzala”, no Bairro do São
Francisco. Com ele, foram apreendidas uma pistola glock 9mm, uma espingarda calibre
12 CBC, dois coletes à prova de balas, 37 cartuchos de bala, 69 cabeças de
crack e muitas joais como relógios, cordões, aneis e pulseiras de ouro. A
prisão foi considerada de “alta periculosidade” e contou com viaturas e
helicóptero do GTA.
Dias antes, foram presos quatro
suspeitos de assalto às empresas MPX e Pelicano. A prisão de “Neguinho”,
“Alex”, “Luza” e “Êre” foi efetivada no mesmo dia do cometimento do crime,
resultando na apreensão de armas, celulares e documentos. Todos pertencentes ao
Bonde dos 40.
Abril e Maio
Em abril, as investigações levaram a
mais prisões de integrantes do Bonde dos 40. No dia 1º foi a vez do “Potiguar”,
acusado de participar do latrocínio do estudante da Rua Rio Branco, no Centro
de São Luís. No dia 28, foram encontrados Ailson e Alerson Mafra Oliveira,
vulgo “Cafu”, conhecidos homicidas do Conjunto Nova Terra. No dia 28, Jr. Bala
e Ricardo Sousa Moraes, integrantes do PCM, foram detidos no bairro J Câmara,
em São José de Ribamar, com revolver calibre 38, munições e colete à prova de
balas.
Doze integrantes do PCM, escondidos em
casebres de barro na Vila Canaã, foram encontrados e presos em operação
resultante de investigação acerca de assaltantes, traficantes e homicidas que
atuavam permanentemente naquele bairro. Os acusados eram acompanhados durante
10 dias para que sua rotina fosse conhecida e a operação deflagrada no início
da manhã do dia 8 de maio tivesse êxito.
Além da condução dos assaltantes à
prisão, foram apreendidos revolveres, munições, 1.200 kg de maconha e material
para sua fabricação e comércio. Todos foram autuados por crimes de Organização
Criminosa, Tráfico de Entorpecentes, Corrupção de Menores e Porte Ilegal de
Armas, sendo que dois deles vieram a óbito na troca de tiros.
Alguns dias depois, os irmãos Denison e
Benedito Romeu Filho também do PCM foram presos em sua residência, em operação
realizada com o consentimento da mãe dos integrantes da quadrilha. Eles atuavam
na Cidade Olímpica e foram denunciados por moradores através do Disque
Denúncia. Junto a eles, foram encontrados celulares com dezenas de mensagens de
negociação de armas, munições e veículos roubados.
Operações contra assaltos a banco
Nesses meses, quadrilhas de assalto a
bancos no interior do Estado também foram desarticuladas. As primeiras foram em
São José de Ribamar e Bacabeira nos dias 8 e 12 de janeiro, com a prisão de
sete assaltantes.
Na cidade de Timon, duas operações
tiveram sucesso, uma em março – com a prisão de três integrantes de quadrilha
que atuava nos interiores do Maranhão e do Piauí, – e outra com prisão de sete
integrantes de quadrilha de assalto a bancos (realizadas em Timon e em Brejo
Grande de Araguaia no Pará)
Na cidade de Presidente Dutra, em
abril, através de investigações do Serviço de Inteligência apreendeu 18 peças
de dinamite, dois cilindros com gás de maçarico, uma motosserra, 45 munições,
pinos vazios para cocaína, um carro roubado e uma moto sem placa, quando
realizou a prisão de Francilene da Silva Gabriel, que estava acampada junto com
o marido para realizar assaltos a agências bancárias na região.
E o que tem o número de homicídios com
isso?
Mesmo com as operações mais importantes
realizadas no começo deste ano, continuam altos os índices de violência na
capital e nas demais grandes cidades do Maranhão. Isto porque as facções
criminosas cresceram ao longo dos últimos anos, à medida em que não foram
combatidas em sua raiz. No entanto, o noticiário tem relatado que os primeiros
meses do ano apresentam queda do número de crimes.
Segundo fontes da Polícia Militar ouvidas
pela reportagem, o início da queda dos índices de violência têm direta relação
com as prisões ocorridas em 2015. Isto porque muitos dos integrantes das
facções que foram presos ou morreram em confronto eram conhecidos homicidas,
traficantes e assaltantes conhecidos como “torres”.
Ontem, a Secretaria de Segurança
Pública divulgou relatório em que demonstra a redução de 10,7% no número de
crimes com morte nas 10 cidades mais populosas do Maranhão. Nelas, o número de
assaltos a comércio também caiu, chegando à redução de 24,95%.
A grande maioria dos integrantes das
três principais facções presas faz parte da população encarcerada do Complexo
Penitenciário de Pedrinhas que, hoje, possui alas distintas para cada facção,
evitando os confrontos corriqueiros que deflagraram em 2013 e 2014 a maior
crise do Sistema Penitenciário do Estado, fazendo com que o Maranhão figurasse
no noticiário internacional com mortes, decapitações em série e inúmeras
rebeliões.
As ações internas do Complexo
Penitenciário também incluíram maior rigor na revista das visitas (evitando
entrada de aparelhos celulares e armamento), o que resultou em prisões de
familiares e agentes penitenciários que tentaram entrar com esse material.

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