Carlos
Madeiro
Do Uol
As
empresas brasileiras doaram pelo menos R$ 4,1 bilhões às campanhas eleitorais
de 2010 e 2012. A revelação é de um levantamento realizado pela ONG
(organização não-governamental) Transparência Brasil, que analisou o custo do
voto e o poder de influência nas campanhas das maiores doações de pessoas
jurídicas.
Cofre de campanha
- R$
2,3 bilhões –foi o valor doado por empresas a candidatos nas
eleições de 2010
- R$
1,8 bilhão –foi o valor doado por empresas a candidatos nas
eleições de 2012
Segundo a
Transparência Brasil, as doações de campanhas foram responsáveis por pelo menos
35% da origens de recursos de candidatos nas últimas duas eleições. Ao todo,
somando doações de pessoas físicas, autodoações, fundo partidário as duas
eleições tiveram montante de R$ 10,8 bilhões.
O valor
doado pelas empresas é, por exemplo, maior que o PIB (Produto Interno Bruto)
–soma de todas as riquezas produzidas em um ano– da capital do Tocantins,
Palmas, que, em 2011, somou R$ 3,6 bilhões.
Também é
maior que o orçamento de Estados como Roraima, que tem previsão de
receita de R$ 2,8 bilhões para 2014.
Influência das maiores doações – De acordo
com o levantamento da ONG, grandes empresas, ao todo, destinaram dinheiro a 320
dos 513 deputados federais eleitos em 2010. Esses parlamentaresreceberam
recursos de 5% das empresas que mais financiaram a corrida eleitoral daquele
ano.
Em termos
percentuais, o índice chega a 62% da bancada. O levantamento levou em conta
dinheiro para candidatos ou diretórios/comitês eleitorais e aponta que há
grande diferença entre as maiores doações de empresas e os valores médios.
“A
doação média dessas empresas por deputado eleito foi de R$ 58,2 mil, ao passo
que a doação média das demais doadoras aos candidatos cujas campanhas
financiaram foi de apenas R$ 2.615”, diz o relatório, assinado pelo
diretor-executivo da ONG, Cláudio Weber Abramo.
Para a
ONG, há uma influência dessas empresas aos eleitos. “A concentração de
recursos provenientes das maiores empresas doadoras se traduz, na Câmara dos
Deputados, em fatores de influência muito elevados”, aponta.
Outro
ponto analisado no levantamento é falta de preferência por candidatos de
determinados partidos. “A variedade dos partidos financiadores –mais de
dez vezes em vários casos– atesta que, no julgamento das empresas doadoras, a
filiação partidária dos candidatos é irrelevante”..
A conclusão do estudo é que a diferença entre os maiores e
menores doadores desequilibra as campanhas e é “preocupante”.
A ONG
sugere a adoção um teto nacional para doações, submetido a tetos estaduais e
municipais, determinados pelo PIB (Produto Interno Bruto) de cada lugar.
“Não
apenas a devolução ilícita do ‘favor’ financeiro por parte dos indivíduos
eleitos é uma possibilidade permanente num país cujos mecanismos de controle
funcionam mal, como também causa sobressalto a natureza e a dimensão das
contrapartidas formalmente lícitas, na forma das legislações que favoreçam
setores da economia, regulamentações que aliviem obrigações de todo tipo”,
diz o levantamento.
Relacionado
0 Comentários