Folha de São Paulo – Após negociações que se arrastam
desde janeiro, o empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC e da Constran, viaja
nesta quarta-feira (13) a Brasília para assinar o mais esperado acordo de
delação da Operação Lava Jato.
Pessoa é o primeiro dono de
empreiteira a assinar esse tipo de acordo para ter uma pena menor. Até agora,
os delatores mais graduados da Lava Jato eram dois executivos da Camargo
Corrêa, que ocupavam a presidência e a vice-presidência da empreiteira, mas
foram afastados.
O grupo UTC-Constran tem 29 mil
funcionários e faturou R$ 5 bilhões no ano passado.
Além de prometer revelar o que sabe,
Pessoa vai pagar uma multa, cujo valor nas últimas conversas com procuradores
era de R$ 55 milhões.
O empresário é acusado por delatores
de chefiar um grupo de empreiteiras que se reuniam para discutir quem ficaria
com obras da Petrobras, o que pode caracterizar cartel.
O acordo será assinado na
Procuradoria-Geral da República porque Pessoa citou uma série de parlamentares,
que só podem ser processados pelo STF, e porque as conversas com a força-tarefa
do Ministério Público Federal em Curitiba fracassaram.
Como havia interesse para que Pessoa
revelasse o que sabe, o procurador-geral Rodrigo Janot indicou homens de sua
extrema confiança para prosseguir com as conversas. A tática deu certo.
Pessoa deve oficializar o que já narrou
na fase de negociação. Ele contou, por exemplo, que doou R$ 7,5 milhões para a
última campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) por temer retaliações do
partido nos contratos que tinha com a Petrobras, conforme a Folha revelou no
sábado (9).
Segundo Pessoa, a doação foi acertada com Edinho
Silva, tesoureiro da campanha de Dilma e atual ministro da Secretaria de
Comunicação Social –ele e o PT disseram que todas as doações ao partido
seguiram a lei eleitoral.
Relacionado
0 Comentários