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Em artigo, Flávio Dino desmente Sarney sobre números do IDH

No artigo
de (6) domingo publicado no Jornal Pequeno, Flávio Dino responde à tentativa de
José Sarney de tentar atribuir os problemas do Maranhão a seus desafetos
políticos. Na semana passada, Sarney chegou a firmar que os números aferidos
pela ONU são “a maior mentira estatística do Brasil”. Domingo passado, no
jornal de sua propriedade, Sarney diz que números do IDH não são
representativos e tentou confundir leitores ao misturar números do PIB com a
distribuição de renda.

Em seu
texto, Flávio Dino diz que, ao contrário do que pensa o senador do Amapá,
“Infelizmente, esta longa lista não é obra de uma antipatia dos algarismos pelo
nosso estado, tampouco de uma fantástica conspiração de todos os institutos de
pesquisa do país e do mundo contra nosso querido Maranhão.”
Confira
abaixo o texto na íntegra:
A maior
tragédia estatística do Brasil
Flávio Dino
O suíço
Jean Piaget, há quase um século, mudou a forma como as escolas educam as
crianças quando propôs algumas teorias sobre o ensino. Uma de suas teses é de
que o incômodo é o ponto de partida para o aprendizado. O exemplo clássico é do
bebê que, diante de dor no estômago, chora. A mãe o amamenta e ele passa a
associar que, diante da fome, pode pedir comida. Aprende a superar a dor e
alcançar o conforto da saciedade.
Ignorar o
incômodo e deixar de “denunciá-lo” por meio do choro não resolveria o problema
do bebê. Em um adulto, o silêncio seria um erro ainda mais grave. Os psicólogos
chamariam tal atitude de negação – tipificada pela psiquiatra
Anna Freud como o mecanismo de defesa psíquica mais ineficaz, por tratar-se de
simplesmente ignorar uma realidade.
Corresponderia
a alguém que, diante da queda de um objeto, em vez de agarrá-lo para evitar que
caísse, passasse a questionar a Lei da Gravidade. Portanto, é chocante ter lido
no domingo passado o senador José Sarney, figura tão experiente e com carreira
política tão longeva, gastar laudas para negar uma realidade escrita na pele de
quem aqui vive.
Consideremos
somente o estranho argumento de falta de validade do IDH, principal instrumento
da medição feita pela ONU do grau de desenvolvimento dos povos, chancelado no
Brasil por um órgão federal da excelência do IPEA. Pois faltaria espaço nesta
página para elencar o total de rankings em que o Maranhão
ocupa a última ou penúltima posição: pior índice de extrema pobreza do país,
menor índice de policiais por habitante, o menor índice de médicos por
habitante, menor abastecimento de água, o penúltimo estado do Brasil em
expectativa de vida, e tantas estatísticas que enchem nossa alma de tristeza.
Infelizmente,
esta longa lista não é obra de uma antipatia dos algarismos pelo nosso estado,
tampouco de uma fantástica conspiração de todos os institutos de pesquisa do
país e do mundo contra nosso querido Maranhão. É apenas a tradução, em números,
da absurda realidade que os maranhenses enfrentam todos os dias com tanta
coragem e altivez.
Para
destacar coisas positivas de nosso estado, não é necessário tentar revogar o
IDH ou a lei da gravidade. Basta citar a longa lista de indicadores que
traduzem nosso imenso potencial. Temos o segundo maior litoral do Brasil,
localizado próximo aos Estados Unidos, à Europa e ao canal do Panamá, que dá
acesso ao mercado asiático; gás e ouro; agricultura, pecuária e pesca, com bom
regime de chuvas; indústrias; um extenso território cortado por ferrovias,
rodovias e um dos maiores complexos portuários do Brasil; rios e lagos; imenso
potencial para o ecoturismo e para o turismo cultural.
Mas mesmo
belas estatísticas despertam tristeza, já que contrastam justamente com a
brutal negação de direitos que marca a vida da maior parte dos maranhenses. E
como tanta riqueza é capaz de gerar tanta pobreza?  Como o estado que é o
16º mais rico do Brasil tem a penúltima posição quando se fala em distribuição
de riqueza? Como um estado que produz mais de R$ 40 bilhões de reais em
riquezas, todos os anos, tem em seu território uma em cada cinco pessoas
vivendo abaixo da linha de extrema pobreza?
Talvez
porque nem a riqueza – nem o martelo e o prego que a produzem – consigam chegar
às mãos dos que trabalham. Denunciar essa realidade não é desamor pelo
Maranhão. Esse argumento, de inspiração fascista e semelhante aos da ditadura
militar, tenta negar o direito de a oposição se manifestar livremente. Não
tenho ódio pessoal contra ninguém, mas sou imbuído de uma profunda indignação
com tantas injustiças, e defenderei eternamente o nosso direito de lutar por um
Maranhão que não veja a sua riqueza ser subtraída em tenebrosas transações,
como canta Chico Buarque.

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