Jornal Pequeno
A suposta dívida do Estado com a empreiteira Constran foi reconhecida por uma
comissão do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), no governo de Edison
Lobão (1991-1994). O Jornal Pequeno teve acesso exclusivo ao processo que deu
origem à dívida do Governo do Estado com a empresa de construção civil.
Mesmo com parecer contrário da Procuradoria-Geral do Estado, o então diretor de
obras do Departamento de Estradas e Rodovias Márcio Amado Libério reconheceu a
existência de uma dívida com a empresa. À época, o valor era de Cr$ 17,171
bilhões, que, supostamente, o Governo do Estado tinha com a Constran S/A. Mas
esse não foi o entendimento do procurador-geral do Estado em exercício, Milson
de Souza Coutinho, que, em 1993, afirmou em documento enviado para o gabinete
do governador que a obra não existia e que, por isso, a cobrança não deveria
ser paga pelos cofres públicos.
No documento em que defende os interesses do Estado, o procurador aponta
diversas irregularidades na condução da análise feita pela comissão nomeada
para verificar a realização das obras. A procuradoria – responsável pela defesa
do estado – diverge da comissão nomeada no governo Lobão e alega que a análise
feita por ela não contatou a realização das obras; apenas fez análise matemática
dos documentos apresentados pela empresa.
Segundo o procurador, a comissão não fez a diligência necessária para apurar a
realização da obra, e que, “em verdade, o trabalho da Comissão referida se
limitou tão só ao exame matemático do faturamento e jamis, das medições, único
meio de atestar o recebimento das obras”. O parecer da Procuradoria consta do
processo de cobrança da Constran ao Governo do Estado.
Para efetivamente receber o dinheiro oriundo da dívida a empresa contratou um
doleiro para negociar junto ao Governo do Estado, já sob o comando de Roseana
Sarney. Em fevereiro deste ano, o doleiro Alberto Yousseff foi preso pela
Polícia Federal em um hotel da capital do Maranhão.
A partir daí, uma teia de relações começou a se revelar entre o doleiro preso,
a empresa Constran e integrantes do Governo Roseana Sarney. Na semana passada,
o Jornal Nacional revelou em primeira mão que a contadora dos negócios de
Yousseff prestou depoimento à Polícia Federal e confirmou a participação de membros
do Governo de Roseana Sarney em negociação de propina.
Mesmo após uma imbricada luta judicial e de uma ação do Ministério Público, o
Governo do Estado entrou em acordo com a empresa Constran para pagamento de R$
112 milhões em novembro de 2013. Apos o acordo, Governo e empresa procuraram a
Justiça para registrar o acordo e assim permitir a transferência de 24 parcelas
de R$ 7 milhões.
Mesmo com todo esse valor, a dívida ainda ficaria em aberto para posterior pagamento
de cerca de R$ 100 milhões. Resultando ao final em R$ 211 milhões cobrados pela
Constran ao Governo do Estado.
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