O ex-presidente José Sarney contava com o apoio de Michel, que está ameaçado de cassação por corrupção
A denúncia do Ministério Público Federal contra o presidente Michel Temer (PMDB), de tabela, feriu de morte o plano da oligarquia Sarney retomar o comando do Estado nas eleições de 2018. Ao encaminhar a representação que poderá resultar na cassação por corrupção passiva, o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, observou que Temer se valeu do cargo de presidente para receber vantagem indevida de R$ 500 mil, por meio do ex-deputado Rocha Loures, oferecida por Joesley, cuja delação desencadeou a atual investigação.
O ex-senador José Sarney (PMDB), um dos conselheiros de Michel Temer, contava com o apoio do presidente peemdebista em seu plano para tornar um candidato do seu grupo competitivo e evitar a debandada que se anuncia de políticos e partidos que sempre gravitaram em sua órbita, mas com a desgraça da Temer, que poderá se transformar no primeiro presidente do país a ser cassado por corrupção e obstrução de justiça, o velho oligarca terá que refazer os planos.
A primeira consequência do inferno astral de Temer, que segundo Janot fez “confissão extrajudicial” ao admitir publicamente ter se encontrado com o empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, à noite, sem previsão em agenda oficial, no Palácio do Jaburu, sua residência oficial em Brasília, o que torna ainda mais complicada a sobrevivência de Michel, uma raposa da política que ascendeu ao poder mediante um golpe contra a presidente Dilma Rousseff (PT).
Ameaçado de perder o apoio do Palácio dos Planalto nas eleições do ano que vem e sem um nome que empolgue o eleitorado, visto que a ex-governadora Roseana, segundo a última pesquisa do Instituto Exata tem quase 50% de rejeição e estaria cerca de 20 pontos percentuais atrás do governador Flávio Dino (PCdpB), o ex-presidente José Sarney estaria bastante preocupado com a possível dispersão do que restou do grupo derrotado nas eleições de 2014.
A derrocada de Temer, portanto, jogou um balde de água fria nas intenções de Sarney e sua gente. Roseana, que tinha medo de ser humilhada novamente nas urnas, como fora em 2006 e 2014, agora mesmo que se recolheu e resiste aos apelos dos caciques peemdebistas para assumir a condição de candidata. E tudo indica que deverá abrir mão em favor do senador João Alberto, o velho “Carcará” da “Operação Tigre”, que deverá aproveitar o pleito para se aposentar da vida pública, uma vez que já abriu de disputar a reeleição de senador em favor de Sarney Filho (PV).
0 Comentários