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Ricardo usou a secretaria e os hospitais para eleger a filha deputada estadual |
Incomodada com a transparência do governo, a deputada
Andrea Murad (PMDB) fez, no final da sessão da última segunda-feira, quando a
grande maioria dos parlamentares já haviam se retirado, um discurso furibundo
contra a criação da Superintendência de Combate à Corrupção e, numa atitude deselegante
apontou o dedo para o presidente Humberto Coutinho, afirmando que a
investigação deveria começar pelo presidente da Casa e pelo deputado Othelino
Neto. Hoje, no entanto, teve que sair às pressas do plenário para não ter que ouvir as
verdades dita pelo líder do governo, deputado Rogério Cafeteira, sobre a gestão
do seu pai, o ex-secretário Ricardo Murad, nos seis anos em que esteve a frente
da Secretaria de Saúde do Estado.
Como de costume, a parlamentar esbravejou na tribuna,
sem apresentar qualquer tipo de prova contra os dois parlamentares e muito
contra menos contra o pai do presidente da Caema, Davi Teles, engenheiro José
Augusto Teles, que segundo Andrea teria dado um desfalque de R$ 3 milhões
durante sua gestão na estatal do saneamento básico. Andrea apontou o dedo para
Humberto Coutinho: “Ele
(Flávio Dino) devia começar, investigando V. Exª, ele devia começar
investigando o deputado Othelino, ele devia começar investigando o Luiz Júnior,
devia investigar o Rodrigo Lago, onde foi parar oitenta mil na conta, o pai
dele é acusado por diversos crimes. Ele devia investigar o pai do presidente da
Caema, que ninguém, até hoje, entendeu por qual razão ele colocou o Davi Telles
na Caema. Foi para encobrir os crimes do pai? V. Exas ainda não responderam
essas questões” cobrou.
A
resposta a Andrea veio nesta manhã de terça-feira quando o líder do governo a
desafiou a apresentar as razões que a levaram a apontar o dedo para o
presidente Humberto Coutinho e para o deputado Othelino. “Eu gostaria que a
deputada Andréa Murad, mesmo sem procuração do presidente, declinasse o motivo
pelo qual ela acha que o presidente da Casa deve ser investigado. Suscitou
também o nome do deputado Othelino Neto e, apesar de também não ter procuração
para defendê-lo, acho que ela deveria dizer que motivo ela acha que tem para
que esses deputados sejam investigados”, cobrou Rogério Cafeteira. Num das
passagens do pronunciamento da deputada, ela destacou que o presidente da Caema,
Davi Teles, tinha sido nomeado para proteger supostos desmandos do pai dele
quando foi presidente da empresa.
“Aqui
eu gostaria de fazer uma pergunta, e infelizmente ela não está presente. O pai
dela foi o todo poderoso durante seis anos de mandato, a Caema subordinada a
ele, a Secretaria de Saúde, por que ele não fez uma investigação, um processo
administrativo. Será que em seis anos ele não teve a capacidade de demonstrar
que o ex-presidente tinha cometido algum ilícito? E agora quer fazer mais um
factoide querendo criar uma suposta proteção porque, durante seis anos, o pai
dela como superior do presidente da Caema não fez uma investigação, não abriu
um processo administrativo e não demonstrou os erros do ex-presidente?”, questionou
Cafeteira
Rogério
esclareceu ainda um outro questionamento da deputada sobre licitações na área
de saúde e mais uma vez voltou a colocar a parlamentar no seu devido lugar. “Aqui
se vê algumas notícias agora de que existem duas ações na justiça contra o
processo licitatório para as OSCPIs que irão tomar conta agora da área de
saúde. E aí qual não foi meu espanto, quando eu olho alguns blogs aqui de
jornalistas que, inclusive, fazem parte da cobertura e olho a origem das
OSCPIs. E olho o senhor Aragão, presidente do PSDC, que tomava conta, do
hospital de Monção. V. Exa. conhece bem como foi tratado o hospital de Monção,
porque V. Exa. é votado naquele município, então, sabe como foi feito, como
eram feitas as seleções para funcionários, para diretores”, observou o líder do
governo.
O
Deputado Rogério disse ainda que Ricardo Murad era até gentil quando algum
deputado levava alguém e pedia uma ajuda: “Secretário Ricardo, esse aqui é um
médico competente, trabalhador e tal. Se o senhor pudesse atendê-lo lá no
Hospital de Monção”. Sabem o que o deputado Ricardo fazia? Atendia, para logo
depois tomar essa pessoa para que o apoiasse eleitoralmente. Então, o deputado
Ricardo não precisava nem ir atrás de apoio político, ele pegava dos
correligionários e tomava, foi assim que ele conduziu a Secretaria de Saúde. Eu
duvido se alguém aqui me desmente, eu duvido se alguém me diz o contrário,
porque quase todos os colegas aqui foram vítimas disso.
Cafeteira
citou o exemplo ocorrido com ele no município de Morros, onde a prefeita votava
com ele, mas depois que inaugurou o hospital lá, “adivinhem em quem ela votou
no ano seguinte?” O parlamentar lamentou também o fato da deputada tentar fazer
joguinho de querer botar na boca do Governador do Estado, Flávio Dino, que a
família do médico falecido Luiz Alfredo, ex-diretor do Hospital Geral, teria
recebido algum recurso do Estado ilegalmente. “Ao contrário, nunca foi dito
isso. Eu olhei atentamente as matérias de alguns jornalistas. O que foi achado
lá foi outra coisa. O ICN foi quem cobrou 200 mil reais, como se o doutor Luiz
Alfredo tivesse feito cirurgias quando ele já tinha falecido. Se alguém tem que
prestar esclarecimentos é o ICN. Esse sim. Como ele botou na planilha dele
cirurgias feita por um médico que já tinha falecido?”, enfatizou o líder do
governo.
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