BRASÍLIA
– O megaescândalo envolvendo
tucanos em São Paulo com fraudes no Metrô é mais um capítulo da purgação pela
qual passa o sistema político brasileiro pós-ditadura militar.
Não houve
um único governo recente sem grandes escândalos de corrupção. José Sarney teve
a licitação combinada da ferrovia Norte-Sul. Distribuiu emissoras de rádio e TV
a políticos para garantir um mandato de cinco anos.
Fernando
Collor sofreu um processo de impeachment. Seu vice, Itamar Franco, assumiu com
reputação de homem limpo, mas, sob seu governo, eclodiu o caso dos “anões
do Orçamento”, com congressistas roubando à larga o dinheiro público.
Fernando
Henrique Cardoso teve a compra de votos a favor da emenda da reeleição. Depois,
as suspeitas de intervenção indevida na formação dos consórcios do leilão de
privatização das empresas telefônicas.
Luiz
Inácio Lula da Silva e o PT chegaram ao poder federal propondo moralizar as
coisas.
Protagonizaram o mensalão. Dilma Rousseff já demitiu ministros a
granel, muitos suspeitos de corrupção.
O caso
dos tucanos paulistas ajuda a compor a paisagem. O efeito colateral mais
nefando é reforçar o estereótipo segundo o qual “todo político é
ladrão”. A parte boa é que cada vez mais esses episódios ficam conhecidos.
Observador
da política por dever de ofício, não creio haver hoje governos mais corruptos
do que no passado. A diferença é que agora ficamos sabendo um pouco mais como
são as coisas –embora de maneira modesta.
O
Ministério Público atuante, a Justiça implacável e novas regras como a Lei de
Acesso à Informação são os melhores remédios contra a corrupção na política.
Mas esse receituário só surte efeito de maneira muito lenta. Por essa razão, e
essa é uma má notícia, é prudente esperar ainda uma piora do quadro geral antes
de tudo melhorar.
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