Em meio ao avanço das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado e após virar réu no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro intensificou articulações políticas com governadores de direita para ampliar o apoio ao projeto de anistia dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. A movimentação de Bolsonaro, revelada em reportagem publicada nesta segunda-feira (1º) pelo jornal O Globo, tem como pano de fundo não apenas a disputa narrativa sobre os atos golpistas, mas também a tentativa de manter sua influência no tabuleiro político de 2026, mesmo diante da inelegibilidade.
Bolsonaro fez gestos públicos e privados em direção aos governadores Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Júnior (PSD-PR), todos cotados como possíveis candidatos à Presidência da República. O objetivo imediato é garantir a presença dessas lideranças em um ato pró-anistia marcado para este fim de semana, em São Paulo, ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu aliado mais próximo e considerado o principal herdeiro político do bolsonarismo.
O movimento do ex-presidente é pragmático: ao atrair governadores com base eleitoral significativa, ele busca fortalecer a base política para pressionar o Congresso a aprovar o projeto de anistia, especialmente com o apoio do PSD, partido de Ratinho Jr. e do ex-ministro Gilberto Kassab. Nesta sexta-feira, Bolsonaro almoça com o governador do Paraná em Curitiba, onde a expectativa é que renove o convite para o ato em São Paulo.
“O ex-presidente mostra que está muito próximo tanto do governador Ratinho quanto do Kassab. Avalio que ele está evitando confrontos e mostrando que pode superar pequenas divergências por um bem maior”, afirmou o deputado Reinhold Stephanes Jr. (PSD-PR), que receberá Bolsonaro no aeroporto e é signatário do requerimento de urgência para a análise do projeto de anistia na Câmara.
Bolsonaro também retomou diálogo com Ronaldo Caiado, após embates durante as eleições municipais em Goiás. Segundo o próprio governador declarou à Folha de S. Paulo, Bolsonaro lhe agradeceu pela defesa da anistia e elogiou publicamente sua postura. O ex-presidente fez o mesmo com Romeu Zema, dizendo ter “grande carinho” por ele, depois que o governador mineiro defendeu a elegibilidade de Bolsonaro e o classificou como “maior líder da oposição ao governo do PT”.
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