O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) pediu afastamento da liderança do DEM no Senado, na tarde desta terça-feira (27), em carta enviada ao presidente nacional da legenda, José Agripino Maia (RN). No texto, Demóstenes afirma que precisa de mais tempo para se dedicar à defesa das acusações que o envolvem com o empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.
“A fim de que possa acompanhar a evolução dos fatos noticiados no últimos dias, comunico à Vossa Excelência meu afastamento da Liderança do Democratas no Senado Federal”, disse o senador.
A imprensa tem divulgado uma série de reportagens com indícios da ligação de Demóstenes com Carlinhos Cachoeira. Reportagem da
revista “CartaCapital“, assinada por Leandro Fortes, afirma que o senador arrecadou R$ 50 milhões após se associar com o bicheiro, que, segundo a Polícia Federal, controlava uma rede de 8.000 máquinas ilegais de caça-níqueis e 1.500 bingos clandestinos.
A reportagem diz ter obtido, junto ao núcleo de inteligência policial da Superintendência da Polícia Federal em Brasília, um relatório sigiloso da Operação Monte Carlo, que dá detalhes da relação entre o senador e o bicheiro.
Segundo a publicação, o esquema de Cachoeira rendeu R$ 170 milhões nos últimos seis anos, dos quais Demóstenes teria ficado com cerca de 30%.
Em relatório enviado à Procuradoria Geral da República, a Polícia Federal informou que o senador Demóstenes Torres, líder do DEM, pediu dinheiro ao bicheiro e explorador de caça níquéis Carlinhos Cachoeira. A notícia ganhou as páginas do Globo. De acordo com o jornal, o documento da PF foi enviado à Procuradoria em 15 de setembro de 2009. E o procurador-geral da República Roberto Gurgel nada fez.
Ainda segundo a reportagem, a Polícia Federal saberia, desde 2006, que o senador, que é ex-procurador, ex-delegado e ex-secretário de Segurança Pública de Goiás, teria relação direta com o grupo de Cachoeira.
Além de Demóstenes, os deputados federais por Goiás Rubens Otoni (PT), Carlos Alberto Leréia (PSDB) e Jovair Arantes (PTB) teriam envolvimento com o bicheiro, diz a revista.
Ainda de acordo com a “CartaCapital”, o senador teria conseguido manter em sigilo sua suposta ligação com Cachoeira após subornar um delegado da PF em Goiás que estava entre os 35 presos na operação Monte Carlo, em 29 de fevereiro.
Em meio às acusações de irregularidades, Demóstenes confirmou apenas que havia recebido presentes de casamento –uma geladeira e um fogão importados– de Cachoeira. Porém, vieram à tona informações que o senador mantinha uma linha telefônica para conversar com o empresário.
O corregedor do Senado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), enviou pedido de informações ao Ministério Público para saber se há envolvimento de Demóstenes no esquema de corrupção investigado pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Depois dessas informações, Vital do Rêgo definirá se o caso será remetido ao Conselho de Ética da Casa.
Hoje, PT, PDT e PSB protocolaram no Ministério Público Federal um pedido de esclarecimentos ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre a demora nas investigações da suposta relação de deputados e senadores com o empresário.
Mais cedo, o presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), disse que
o partido está incomodado com as reportagens publicadas na imprensa. Ele diz aguardar um possível pedido da Procuradoria-Geral da República de abertura de ação contra o parlamentar no Supremo Tribunal Federal (STF). Só a partir daí, a legenda vai debater uma eventual abertura de processo de expulsão de Demóstenes Torres.
(Com Agência Brasil)
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