Conversar sobre esse tema é especialmente relevante neste ano de 2014, em que a
FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) celebra o
Ano Internacional da Agricultura Familiar. É a maneira que a ONU encontrou de
lembrar ao mundo que 70% das pessoas se alimentam de produtos advindos da
agricultura familiar e 40% das famílias em todo o mundo dependem dessa
atividade econômica para viver.
No Maranhão, entendemos muito bem a importância da agricultura familiar.
Justamente por isso e pela presença marcante que tem em praticamente todos os
nossos 217 municípios, esse tem sido um dos pontos principais que surgem nos
Diálogos do Maranhão, processo de debates que no último final de semana
completou um ano.
O setor tem evoluído nos últimos anos, mas graças às políticas federais de apoio,
como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar),
que destina R$ 16 bilhões anuais em financiamento da produção. No entanto, não
há contrapartida do governo estadual com ações que complementem o
financiamento.
Falta até o básico para se iniciar um processo eficaz: o dialogo. Agricultores
chegam a viajar 800 km para entregar uma pauta de reivindicações para o governo
do Estado e são desprezados. A falta de prioridade é refletida em números.
Apenas 0,5% do orçamento de 2013 foi destinado à agricultura. Para 2014, houve
corte de R$ 9 milhões para a pasta. O mais grave é saber que pertence também ao
Estado o papel de prestar assistência técnica a milhares de agricultores,
garantindo que eles tenham conhecimento e acesso à tecnologia.
Temos grandes quadras a percorrer na seara da agroecologia e da produção de
alimentos orgânicos. O governo também precisa apoiar a comercialização e a
distribuição dos produtos agrícolas dentro e fora de nosso Estado. Com escolas,
universidades e presídios, o governo do Maranhão é um grande comprador de
alimentos. Uma política de compra de produtos da agricultura familiar é uma
ação imediata para aumentar o rendimento desse setor.
A assistência técnica, a ser feita pelos órgãos do sistema publico estadual –
em parceria com Embrapa, SEBRAE, Universidades, Institutos Federais (IFMA) e
organismos da sociedade – é fundamental para que a nossa agricultura amplie a
produtividade, abastecendo o mercado interno de alimentos. Hoje sabemos que
grande parte dos alimentos consumidos nas nossas cidades vem de outros Estados,
que se beneficiam e geram oportunidades de negócios e trabalho para seus
habitantes.
Na reunião na FETAEMA, falamos sobre esses assuntos e muitos outros, como a
situação do ITERMA e a necessidade de uma Secretaria especifica para coordenar
a atuação do Estado nesse ramo econômico tao essencial para rompermos com o
ciclo vicioso de pobreza e exclusão social.
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