Por Flávio Dino
No próximo sábado, iremos comemorar o quarto centenário de fundação de nossa
querida capital. Lembraremos, acima de tudo, de quatro séculos de lutas de
nossa São Luís. Primeiro foram os Tupinambás e sua reação contra as ocupações
europeias; logo em seguida, a Revolta de Bequimão, dos irmãos Manuel e Tomás
Beckman – uma das primeiras mobilizações sociais do Brasil colonial. E
seguiram-se muitas batalhas, desde a luta cotidiana do nosso povo pela
sobrevivência, até momentos especialmente invocados, como a greve de 51 e a
greve de 79, fortes mobilizações contra oligarquias e ditaduras.
O cenário principal do filme da nossa história é o centro da nossa capital,
reconhecido pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
(Unesco) como um Patrimônio Cultural da Humanidade. Contudo, a beleza única
desse cenário está se perdendo, por conta de tanto abandono. O centro precisa
de soluções rápidas para renascer, por motivos econômicos – para estimular mais
o comércio e o turismo – e para assegurar qualidade de vida para os
ludovicenses.
Mas não é só o Centro Histórico de São Luís que clama por mudanças. Tantas
outras áreas de nossa capital carecem de ações rápidas e eficazes do poder
público. É o caso do saneamento, em que precisamos aproveitar os investimentos
que o governo federal está oferecendo, por meio do PAC Saneamento da presidenta
Dilma, para zerar o déficit de tratamento de esgoto. Infelizmente, as últimas
gestões não souberam aproveitar a farta oferta de recursos federais, fazendo
com que São Luís caísse para a vergonhosa 87ª posição em tratamento de esgoto
no país, segundo ranking da ONG Trata Brasil.
E, assim, para todos os setores que voltarmos o nosso olhar, vamos encontrar
coisas erradas, que podem e devem ser corrigidas. O que justifica crianças
ficarem metade do ano sem aulas? Como suportar as horas e horas que hoje todos
perdem no trânsito absolutamente caótico? Os que governam a cidade e o estado
preferem investir em obras que pouco resolverão os problemas, servindo apenas
de discurso eleitoreiro e de caminhos de má aplicação de recursos públicos.
Por não aceitar esse quadro, estou no time dos que veem São Luís como a capital
da mudança. Mudança que priorize o planejamento sério, com a aplicação correta
e transparente dos bilhões do orçamento da cidade. Mudança que ative as mais
autênticas vocações da cidade, por exemplo as pertencentes ao campo da Economia
Criativa. Ciência, tecnologia e cultura são essenciais para um projeto de real
desenvolvimento, com oportunidades de trabalho para milhares de famílias. Uma
rede da Economia Criativa, que envolva universidades, escolas, empresas e
grupos culturais, é capaz de mudar a face de São Luís e melhorar os péssimos
indicadores sociais, com os quais não podemos mais conviver.
Além disso, temos que implantar urgentemente programas que já funcionam bem em
outras cidades, como o Bilhete Único de ônibus. Pagando apenas uma passagem, o
cidadão pega quantos ônibus precisar em um determinado período de tempo, sem
ter de passar pelo terminal. A solução já é usada, com sucesso total há cerca
de 10 anos, na cidade de São Paulo. A ideia se desdobra agora no Bilhete Único
Mensal, facilitando a vida do povo e barateando as passagens.
São soluções testadas e aprovadas em diversas cidades, o que comprova que,
nesta capital, o que mais falta é vontade política dos governantes.
No início de 2012, no primeiro artigo que compartilhei com vocês aqui neste
espaço, comentei sobre o aniversário de 400 anos de nossa São Luís, que agora
se aproxima. Naquela época, dizia que tinha um sonho: “que daqui a poucos meses
consigamos, coletivamente, ter um marco fundador de uma nova São Luís”. Tenho,
a cada dia, a certeza de que este sonho está brotando dos corações de todos os
ludovicenses. Isso é mais importante do que tudo: ousar sonhar, ousar vencer.
Viva São Luís, a capital da mudança.
Flávio Dino, 43 anos, é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo
(Embratur), foi deputado federal e juiz federal
*Texto publicado no Jornal Pequeno de 2 de setembro de 2012
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