O agravamento da crise na ase do governo, provocado por gravações clandestina de áudios, levou o PCdoB a entregar os cargos que ocupava na gestão de Carlos Brandão, entre quais o do jornalista Robson Paz, secretário de Cidades.
O desligamento foi anunciado nesta terça-feira (21) pelo presidente do partido, deputado federal Márcio Jerry após um discurso explosivo do deputado estadual Yglésio Moises (PRTB) na qual acusou Jerry, Rubens Junior e Diego Galdino de suposta pressão para forçar o governador a cumprir acordos políticos sob pena de sofrer consequências.
Jornalista competente, muito ligado a Márcio Jerry, com bons serviços prestados ao longo de 13 meses na secretaria de Cidades (SECID), Robson Paz, em nota publicada nesta terça-feira (21), deixou claro que a entrega do cargo ocorreu por conta das “graves denúncias de gravações clandestinas, ilegais e imorais que teriam sido feitas por membros e aliados do governo do estado”.
“Em face das graves denúncias de gravações clandestinas, ilegais e imorais, que teriam sido feitos por membros e aliados do governo do Estado, tendo como vítimas o deputado federal Rubens Júnior, vice-líder do governo Lula na Câmara; o secretário executivo do Ministério do Turismo, Diego Galdino; e o deputado federal Márcio Jerry, também vice-líder do governo e presidente estadual do PCdoB Maranhão, encaminho meu pedido de desligamento do cargo de Secretário de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano, que ora ocupo por indicação partidária. Agradeço a confiança em mim depositada pelo partido, bem como reitero minha gratidão à competente e dedicada equipe da SECID, incansável nestes 13 meses e 6 dias em que tivemos a oportunidades de servir à população maranhense. São Luís, 21 de outubro de 2025”, postou Paz.

Em duro e emocionado pronunciamento na tribuna da Câmara Federal, nesta terça-feira (21), o deputado federal Rubens Jr.(PT) anunciou seu rompimento político com o governo de Carlos Brandão e entrega do cargo de secretário de Articulação Política exercido pelo seu pai, ex-deputado Rubens Pereira, o Rubão. O PCdoB, presidido pelo deputado federal Márcio Jerry também rompeu com Brandão por conta de áudios e prints tornados públicos no plenário da Assembleia Legislativa, o que provocou a ruptura definitiva entre dinistas e brandonistas.
A crise na base governista tem como motivação gravações que estariam sendo usadas, segundo o deputado Rubens Junior, como instrumento de chantagem. O parlamentar acusa o governador e o irmão Marcus Brandão de arapongagem e considerou repugnante a atitude.
Para Rubens Junior, até então aliado do governador a quem disse que se dedicou durante a campanha que o reelegeu, mostrou-se indignado com as gravações e prints de conversas expostas nesta terça-feira (21) no plenário da Assembleia Legislativa pelo deputado Yglésio Moisés. “Gravar adversários já é repugnante! Imagine gravar os próprios aliados”.
“Meu pai é secretário de articulação política do governador. Diante disso quero informar de forma irrevogável, irretratável, o pedido de exoneração do secretário Rubens Pereira. Não me resta outro caminho que não seja a entrega do cargo”, disse o parlamentar visivelmente emocionado ao anunciar o rompimento.
Rubinho se considera traído neste episódio e esclareceu o que de fato ocorreu e que motivou a gravação clandestina, segundo ele, feitas pelos irmãos Brandão.
“O governador me chama para um diálogo: me ajuda a construir a paz, disse ele. Fui ao Flávio (Dino) e quando voltei para falar com ele, e o irmão, Marcus, fui gravado”, disse Rubens Junior. O parlamentar disse ainda que que ao tratar com Dino sobre 2026, ouviu do ministro que ele agora era do judiciário e não político. Sobre a questão do TCE-MA teria orientado o deputado a tratar com Márcio Jerry e com o vice-governador Felipe Camarão (PT).
“O diálogo existente foi tão somente este, mas foi transformado em uma paranoia pelo irmão do governador, que usa isso para chantagear e ameaçar”, afirmou o parlamentar.
Dos quatro principais pré-candidatos ao Governo do Maranhão, pequenos partidos da esquerda radical ainda não definiram seus nomes que participarão do pleito, apenas o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahésio Bonfim (Novo) está confirmado na corrida eleitoral de 2026. Felipe Camarão (PT) e Orleans Brandão (MDB) ainda dependem da decisão a ser tomada na reunião entre o presidente Lula (PT) e o governador Carlos Brandão (ainda no PSB), após o retorno do petista da viagem à Malásia. O prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), continua sendo uma incógnita.
Diante da falsa informação de que teria desistido da pré-candidatura, Lahérsio, que surpreendeu em 2022 ao ficar em segundo lugar na eleição para governador, deixando para trás o senador Weverton Rocha (PDT), recorreu às redes sociais para denunciar o que classificou como manobra política de adversários interessados em atrapalhar seu projeto eleitoral.
Em vídeo publicado na internet, Lahésio negou que esteja com projeto de abandonar a corrida eleitoral. “Ontem à noite a gente foi surpreendido com uma matéria de um blogueiro que pregou uma fake news em todo o estado do Maranhão. Sei que foi paga por um grupinho que está alimentando a esperança de voltar ao poder através do prefeito de São Luís”. Lahésio sugeriu ainda que Braide “não se prestaria a esse tipo de articulação”.
Candidato pelo partido NOVO e em plena pré-campanha pelo interior do Maranhão, com forte penetração eleitoral na região tocantina, Lahésio diz em sua postagem que sua candidatura não é uma aventura política e que vai até o fim.
“Lahesio Bonfim é pré-candidato, vai ser candidato e seremos governador desse estado”, afirma o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes.
Apesar do otimismo do pré-candidato, falta combinar com o eleitor
Fontes ligadas ao prefeito de São Luís Eduardo Braide (PSD) confirmam que ele está aguardando o desfecho da crise na base do presidente Lula (PT) no Estado para tomar decisão sobre sua participação ou não na corrida ao Palácio dos Leões.
Dependendo do que for decidido no encontro que deverá acontecer entre o presidente Lula e o governador Carlos Brandão (ainda no PSB), em data e local ainda não definidos, para discutir sobre eleição no Maranhão, o chefe do Executivo municipal tomará sua decisão.
Braide, que lidera as pesquisas mesmo permanecendo calado, segundo a mesma fonte, avalia cenários e somente estaria disposto concorrer ao governo em caso da manutenção do racha no grupo governista, tendo como consequência os lançamentos das candidaturas de Felipe Camarão (PT) e Orleans Brandão (MDB).
O prefeito de São Luís avalia que, em caso da pacificação da base lulista, e a consequente candidatura de Felipe Camarão, com o apoio do presidente, do Palácio dos Leões e dos partidos em integram a base governista tornaria o cenário muito favorável ao petista. Neste cenário não estaria disposto a entregar o comando da capital para a vice-prefeita Esmênia Miranda (PSD).
Eduardo Braide vê como cenário perfeito para lançar sua candidatura a manutenção da crise que abala a estrutura governista, com forte possibilidade de se transformar em disputa eleitoral entre aliados do governador Carlos Brandão e do ex-governador e atual ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino.
De olho no que possa acontecer no encontro de Lula com Brandão, o prefeito mantém silêncio sobre ser ou não candidato ao Governo do Estado, porém, sempre alimentando a esperança de que se fará presente na corrida eleitoral de 2026.
Sua constante presença nas redes sociais e o ritmo acelerado das obras da Prefeitura de São Luís e mais um indicativo de Braide se prepara para o desafio de disputar a eleição para governador. Até porque não existe clima para pacificação entre brandonista e dinistas com Carlos Brandão impondo como condição para disputar o Senado a renúncia dele e do vice-governador Felipe Camarão, proposta já descartada por Camarão e seus aliados.
Flávio Dino jura de pé junto que, ao aceitar o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2024, abandonou de vez a possibilidade de voltar a concorrer a cargos eletivos e àquele que ele sempre sonhou disputar: a Presidência da República. Amigos e interlocutores próximos do magistrado também ouviram dele promessa semelhante, mas acreditam que em um cenário específico ele deixaria a toga de lado e toparia disputar a preferência dos eleitores nas urnas.
Atual presidente da Primeira Turma, colegiado do tribunal que julga a trama golpista, Flávio Dino tinha planos maiores na política quando foi alçado a ministro do STF. Nas palavras de diferentes aliados, “a política o expulsou da política”, já que setores do PT, por exemplo, eram críticos do protagonismo que ele tinha como ministro da Justiça de Lula e preferiam vê-lo longe dos palanques.
Flávio Dino foi escolhido também porque Lula teria considerado que precisava de um magistrado com perfil político e fiel, em especial depois do estrago que a Operação Lava-Jato provocou na classe política em geral e no petista em particular – ele ficou 580 dias preso antes de o Supremo anular os processos sob a alegação de que o então juiz Sergio Moro havia sido parcial. Neste contexto, a primeira escolha do presidente, Cristiano Zanin, teria ocorrido também como forma de reconhecimento pelo que o advogado pessoal dele fez ao longo do calvário lavajatista.
As avaliações sobre o futuro de Flávio Dino a médio prazo ocorrem no momento em que o presidente Lula escolhe o sucessor de Luís Roberto Barroso, que decidiu antecipar a aposentadoria após deixar a Presidência do STF. Na lista de supremáveis competitivos estão o advogado-geral da União, Jorge Messias, o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco e o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas. Correm por fora o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) Vinícius Marques de Carvalho e nomes como o do desembargador Rogério Favreto. (Veja)
Na próxima quinta-feira (23), o Supremo Tribunal Federal (STF) vai analisar, por decisão de seu presidente, Edson Fachin, uma ação proposta pelo Psol. O processo questiona a inércia do Legislativo em relação à criação de uma norma que detalhe o funcionamento do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), dispositivo constitucional até hoje não regulamentado desde 1988.
Embora a Constituição atribua à União a competência para instituir o Imposto sobre Grandes Fortunas, sua aplicação efetiva depende de uma lei complementar aprovada pelo Congresso, que defina alíquotas, abrangência e limites. Na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 55, o Psol solicita que o STF reconheça a inércia do Legislativo e obrigue o Congresso a cumprir seu dever constitucional. A relatoria original ficou a cargo do ex-ministro Marco Aurélio Mello, que votou a favor do reconhecimento.
Até a próxima sexta-feira (24), o STF deve julgar virtualmente a prorrogação da desoneração da folha de pagamento para 17 setores econômicos e municípios, aprovada pelo Legislativo apesar da oposição do Executivo. A AGU alerta que a continuidade da medida resultaria em um impacto negativo de R$ 20,23 bilhões no orçamento federal em 2025.
Na última quinta (16), o Supremo Tribunal Federal (STF) retomou o julgamento sobre a constitucionalidade da concessão de benefícios fiscais para agrotóxicos. Os ministros julgam duas ações que foram protocoladas pelo PV e pelo PSOL. Os partidos questionaram a validade do Convênio n° 100 de 1997, do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), e da Emenda Constitucional (EC) 132 de 2023.
As normas permitiram a aplicação de um regime diferenciado de tributação para os defensivos agrícolas e a redução de 60% nas alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os produtos.
tema causa dissenso no Executivo. O Ministério da Agricultura e Pecuária é favorável à manutenção dos incentivos à indústria de agrotóxicos, enquanto os Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente defendem restringir essas vantagens fiscais. As posições ficaram evidentes durante a audiência pública presidida pelo ministro relator. Além disso, o Congresso é dominado pelo lobby agrário. (Fórum)
A tão esperada reunião do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) com o governador Carlos Brandão (ainda no PSB) para tratar sobre a pacificação da base do petista no Maranhão acabou não acontecendo esta semana e frustrando expectativa quanto ao futuro do chefe do Executivo estadual.
O encontro entre os dois líderes deve acontecer antes da próxima viagem internacional do presidente, prevista para o dia 23, mas se depender da proposta que Brandão pretende apresentar, de renunciar para disputar uma cadeira no Senado desde que o vice-governador Felipe Camarão (PT) renuncie também, dificilmente haverá acordo.
Quem quer fazer acordo não impõe condição e o governador já anunciou que pode rever sua decisão de permanecer no cargo até o último dia de sua gestão para concorrer ao Senado desde que Camarão não assuma o comando do estado para concorrer à reeleição sentado na principal cadeira do Palácio dos Leões.
A reunião de Lula com Brandão está sendo aguardada com muita expectativa por conta do impasse político que pode colocar em lados opostos aliados do governador e do ex-governador Flávio Dino. Os dinistas exigem o cumprimento de acordos que teriam sido feitos quando da indicação de Brandão como candidato do grupo em 2022, sendo um deles de passar o comando do estado para Camarão.
Comenta-se nos bastidores da sucessão que os aliados de Brandão pressionam para que ele não aceite qualquer proposta do presidente Lula para que concorra ao Senado que não passe pela renúncia também de Felipe Camarão para que o comando do estado seja exercido pela presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), sua aliada.
Quem acompanha sem paixão a politica local, diante do que se tem presenciado ultimamente, boatos sobre prisão do governador, arapongagem dos deputados Márcio Jerry (PCdoB) e Rubens Junior (PT), aliados do ministro Flávio Dino, por aparato de segurança do estado e declarações do próprio Felipe Camarão de que não aceita renunciar, um acordo se torna cada vez mais difícil, uma vez que nenhum dos dois lados se mostra disposto a ceder.
Não se sabe que proposta o presidente Lula fará a Brandão para tentar demove-lo de ideia de atrelar sua desincompatibilização do governo em abril de 2026 para concorrer ao Senado sem alterar a cadeia natural sucessória, ou seja, passar a faixa para Camarão. E por conta dessa incerteza, a reunião que pode acontecer essa semana que está chegando promete ser decisiva para resolver o impasse.
As apostas, no entanto, é que dificilmente haverá acordo, sendo o mais provável que Lula tenha dois palanques no Maranhão.