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  • Jorge Vieira
  • 28/dez/2011

2011: o ano em que o Congresso protegeu-se

A sessão que livrou de cassação a deputada Jaqueline Roriz é a imagem mais eloquente de um ano em que parlamentares preferiram salvar-se uns aos outros
deputada Jaqueline Roriz: simbolo de impunidade
 No dia 23 de novembro, o Conselho de Ética da Câmara tomou uma decisão que, isolada, parecia ser um grande avanço. Naquele dia, o colegiado de deputados interpretou que ações que caracterizem quebra de decoro cometidas antes do início do mandato podem levar à cassação. A medida seria das mais meritórias se, diante de um caso concreto, não tivesse vindo tarde e se não revelasse, então, uma contradição. Três meses antes, a mesma Câmara dos Deputados livrou de cassação a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF). E a alegação dos deputados era de que seu crime fora cometido antes do início do mandato.
Na sessão ocorrida no dia 30 de agosto, nada menos que 265 deputados disseram não à cassação de Jaqueline, contra 166 que disseram sim e 20 abstenções. Provavelmente, em nenhum julgamento por quebra de decoro ocorrido na história do Congresso, houve prova tão contundente da que foi produzida contra Jaqueline Roriz. Em um vídeo, gravado pelo ex-operador do mensalão comandado pelo ex-governador José Roberto Arruda (DEM) em Brasília, Jaqueline aparece claramente pegando dele uma bolada de dinheiro.
Por conta de imagens semelhantes, Arruda chegou a ser preso e teve de renunciar para não ser cassado. O mesmo aconteceu com outros beneficiários do mensalão de Brasília. Só não aconteceu com Jaqueline antes das eleições de 2010 porque – por razões que só mesmo Durval Barbosa, o ex-operador, delator e autor dos vídeos, pode explicar – o vídeo com Jaqueline, ao contrário do que aconteceu com os demais personagens, só foi aparecer depois que ela tinha sido eleita deputada federal. A clareza e a contundência das imagens, porém, eram as mesmas.
Corporativismo histórico
Para o cientista político Leonardo Barreto, professor da Universidade de Brasília (UnB), a conduta da autoproteção não é novidade entre os congressistas. “O corporativismo existe no Congresso, não há dúvida nenhuma disso. E não estamos fazendo avaliação em cima de um caso apenas. Historicamente, já houve um conjunto de outras circunstâncias em que prevaleceu essa força no julgamento de outros parlamentares”, diz ele. Para Barreto, o caso de Jaqueline Roriz foi uma omissão grave. “Prevaleceu uma tese estapafúrdia de que atos anteriores ao mandato não deveriam interferir na permanência dela na Casa. O Congresso se acovardou perante essa questão”, avalia ele.
Os deputados perdoaram Jaqueline Roriz em quase que absoluto silêncio. Longe dos microfones, porém, muitos admitiam a razão. Julgaram que a condenação de Jaqueline abriria um precedente para outros casos de delitos cometidos antes do mandato. Exemplos chegaram a ser citados. Assim, numa clara manifestação de autoproteção, a filha do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz foi poupada.
Jaqueline Roriz não foi o único caso de deputado que se livrou de processo pela ação dos seus colegas. Sem fazer alarde, a Mesa da Câmara livrou o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) de responder a processo diante da acusação de racismo e homofobia. No primeiro semestre do ano, Bolsonaro participou do quadro “O Povo quer saber”, do programa humorístico CQC, da TV Bandeirantes. No programa, ele agrediu a cantora Preta Gil, que perguntou a ele o que ele faria caso seu filho namorasse uma mulher negra. “Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu”. Bolsonaro disse ter entendido que Preta lhe perguntava o que ele faria se um filho fosse homossexual.
Não foi a única confusão em que se meteu Bolsonaro durante o ano. Ele ainda teve uma grossa discussão com a ex-senadora Marinor Brito (que cede definitivamente seu lugar no Senado hoje (28) para Jader Barbalho) e, no final do ano, chegou num discurso a fazer insinuação de homossexualidade contra a presidenta Dilma Rousseff.
Para Leonardo Barreto, há aspectos defensáveis no caso de Bolsonaro. “No caso do Bolsonaro, alegou-se que havia ali uma preservação, digamos, da liberdade de expressão. É uma tese – e não estou dizendo que concordo ou não concordo [com o discurso do deputado] – que faz sentido. A priori, a imunidade parlamentar existe pra isso, pra permitir que ele fale exatamente o que ele queira falar, sem sofrer qualquer constrangimento. É um mecanismo de garantia de liberdades que existe em todo Parlamento livre do mundo.”
O deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) também foi outro a receber o perdão dos colegas. Valdemar era acusado pelo PPS e pelo Psol de envolvimento no esquema de fraudes no Ministério dos Transportes e de ter recebido propina na exploração da Feira da Madrugada, em São Paulo.  Por 14 votos a dois, os deputados do Conselho de Ética arquivaram no dia 19 de outubro o processo contra ele.
Caixinha é normal
As absolvições não foram a única demonstração de proteção mútua dada pelos parlamentares. No dia 2 de dezembro, o Congresso em Foco denunciou, com documentos, que o PSC obrigava seus funcionários a devolverem 5% dos seus salários para formar uma caixinha para o partido. A prática é normal em outros partidos com filiados, mas no PSC ela era exigida de qualquer um que tivesse um emprego por indicação partidária, filiado ou não. Tratava-se, assim, de um notório caso de exploração: o servidor submetia-se à exigência em troca do emprego. Nas palavras do deputado Chico Alencar (Psol-RJ), tratava-se de um caso de extorsão.
Mas o mais surpreendente foi a reação do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), sobre o episódio. Para ele, não havia necessidade de qualquer investigação sobre o caso, porque o que o PSC fazia era normal. “Eles têm um acordo, um ajuste com os funcionários, com quem eles contratam, e o cara tem que contribuir com o partido”, disse Maia. O presidente da Câmara ainda acrescentou que nenhum partido entraria com representação para apurar o caso porque aquela era uma prática que “todo mundo faz”.
A naturalidade com que Marco Maia defendeu a caixinha do PSC mereceu comentários do cientista político Carlos Novaes numa edição do Jornal da Cultura, da TV Cultura, no dia 12 de dezembro. “Ele realmente acredita nisso [que é algo banal um partido político obrigar seus funcionários a pagar 5% de caixinha]. Ele acha que o partido é dono de uma fatia do Estado”.
“É possível que o próprio presidente da Câmara conheça outras práticas desse tipo, e talvez até dentro do próprio partido. Ele só não quis se comprometer”, emenda Leonardo Barreto. Para concluir, então: “É o famoso telhado de vidro.”

  • Jorge Vieira
  • 28/dez/2011

Senador do PR quer que político empossado não seja alvo da Justiça

DE BRASÍLIA – Sob argumento de dar “celeridade” e “eficiência” à Justiça, o senador Blairo Maggi (PR-MT) apresentou um projeto para impedir que vencedores de eleições sejam alvo de ações na Justiça Eleitoral após a sua posse.
Pela proposta, a data da posse se torna limite para que sejam movidas ações que levem à anulação das eleições ou à cassação do mandato.
O projeto, no entanto, prevê que, vencido esse prazo, possam ocorrer representações ao Conselho Nacional de Justiça.
O texto ainda precisa ser analisado por comissões antes de chegar ao plenário. A medida vale para parlamentares e chefes do Executivo.
O projeto de Maggi foi protocolado no último dia 20, uma semana antes de uma posse polêmica: a do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), 14 meses após a eleição.
A Mesa Diretora do Senado se reúne extraordinariamente hoje, em pleno recesso, para analisar o caso. 
(Folha de São Paulo)

  • Jorge Vieira
  • 28/dez/2011

Faculdades ameaçam vetar aluno com crédito estudantil

Universidades privadas cobram R$ 500 mi do governo referentes ao Fies
Representantes do setor dizem que verba das mensalidades não é paga pela União e cogitam cortar vagas
FÁBIO TAKAHASHI
  
Os alunos que contam com o Fies -o principal programa de financiamento universitário do país- para ingressar ou continuar na faculdade correm o risco de ficar fora do ensino superior em 2012.
No Fies, o aluno beneficiado tem a mensalidade parcial ou totalmente custeada pelo governo durante o curso.
Porém, segundo representantes das universidades privadas, o repasse do valor das mensalidades não está sendo feito pela União.
O valor reivindicado é de ao menos R$ 500 milhões e, por esse motivo, o setor ameaça reduzir e até mesmo cancelar as vagas para novos beneficiários em 2012.
Neste ano, R$ 1,1 bilhão foram liberados pela União. As instituições, no entanto, afirmam que mesmo assim falta a quantia referente a matrículas de 2010 e 2011.
“Temos gastos com os alunos, mas não estamos recebendo. Os docentes estão trabalhando, a estrutura está sendo usada. A situação é grave”, afirma Amábile Pacios, presidente da Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares).
Em janeiro, uma reunião do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular poderá estabelecer recomendação às escolas para que não recebam novos beneficiados até o problema ser resolvido.
O fórum contempla todas as instituições do setor. Se a recomendação for aprovada, caberá a cada escola decidir se vai segui-la. A entrada no Fies é voluntária.
Além da Fenep, o Semesp (sindicato das universidades privadas de SP) também confirma a falta de repasses.
ORGANIZAÇÃO
Em 2010, 224 mil estudantes eram beneficiários do fundo de financiamento federal. Enquanto parte deles deixou o programa (formandos, por exemplo), 150 mil novos alunos ingressaram.
As universidades privadas podem ter acesso ao repasse das mensalidades -enviado pela União- de forma direta ou então utilizar a verba para abater tributos.
As escolas afirmam que o repasse deveria ser mensal.
“As instituições estão recorrendo a bancos. Aí, começam a ter de pagar juros e vão se complicando”, diz a presidente da Fenep.
O setor privado ainda não sabe exatamente o tamanho dos créditos a receber da União. O valor anunciado é uma estimativa com base em consultas às universidades.
Se desistirem do programa, as instituições deixarão de ter alunos cujo pagamento atrasa. Porém, pode haver queda nas matrículas, pois muitos estudantes só entram na escola com a possibilidade da obtenção do benefício.
Segundo a presidente da Fenep, o problema começou em 2010, quando o Fies foi ampliado e a administração da verba migrou da Caixa para o FNDE (órgão do Ministério da Educação).
“Eles nos disseram nas reuniões que nem sabem quanto precisam pagar. Parece um problema de organização”, diz Pacios.

  • Jorge Vieira
  • 27/dez/2011

Notas sobre o cotidiano político

Tesoura afiada
Polêmico e eterno candidato a cargo majoritário pelo PSTU, Marcos Silva, reapareceu hoje em grande estilo, na rede social Facebook,  descendo a ripa na burguesia capitalista e seus representantes na política brasileira.    
Para Silva, “PT, PMDB,PSDB, DEM, que são os partidos governista, e os de oposição de direita, são instrumento de sustentação do modo de produção capitalista, de uma teoria individualista e consumista. por isso praticam a corrupção de forma deslavada, sem um mínimo de respeito as necessidades do povo”.
Em forma
Integrante da nova safra de jovens parlamentares emergidos das urnas em 2010, o deputado Roberto Costa aproveita o recesso parlamentar para se preparar fisicamente para embates futuros.
Contratou orientador físico e, todas as manhãs, bem cedinho, manda ver no Cooper na Litorânea até suar camisa. Ta ficando fininho e promete retornar às atividades parlamentares “tinindo nos cascos”.
Campo livre      

  
Até o final desta tarde nenhuma proposta de apoio a candidato de outro partido havia dado entrada no protocolo do diretório municipal do PT.   
O partido abriu prazo até o dia quinze de janeiro de 2012 para a apresentação dos pedidos e, caso até lá ninguém se habilite a levantar o assunto internamente, estará decido que a legenda terá candidato próprio.
Conversações  
A conversação ainda está em fase embrionária, mas nos bastidores da política circula a informação de que já foram dados os primeiros passos em torno de uma futura aliança PT/PCdoB, caso o deputado Bira do Pindaré seja o representante do partido na sucessão municipal.
Com o título eleitoral transferido para São Luís desde o início do ano, o deputado Rubéns Júnior poderia ser indicado candidato a vice na chapa, segundo revelou uma fonte ao blog.
Nada definido
O PPS encerra o ano sem uma decisão definitiva em torno da sucessão municipal. O partido deliberou nacionalmente pelo lançamento de candidato próprio nas capitais e lançou a pré-candidatura da deputada Eliziane Gama, mas a base da legenda dá indício que prefere coligar com o PSDB.
No último encontro da deputada com os pré-candidatos a uma vaga na Câmara Municipal, na sede do partido, um postulante à eleição proporcional pediu a palavra, gaguejou até cria coragem e emendar: “deputada, a senhora vai ajudar nossas campanhas”? O silêncio foi geral.     

  • Jorge Vieira
  • 27/dez/2011

Congresso tem 400 projetos antidroga na gaveta

Para tentar resolver o problema, grupo de deputados elaborou plano para incorporar as melhores sugestões a projeto do governo de combate ao crack
No dia 7 de dezembro, a presidenta Dilma Rousseff anunciou um plano de enfrentamento do consumo de drogas com o slogan “Crack – É possível vencer”. Dilma cumpriu ali uma de suas promessas de campanha – a de endurecer no país o combate ao comércio e ao consumo de substâncias ilícitas. Mas o evento acabou acontecendo com 15 dias de “atraso”: um grupo de deputados convenceu o Planalto a, antes do anúncio do plano, receber um estudo realizado na Câmara a partir de uma comissão temática que se debruçara por meses sobre o assunto. O objetivo foi reunir e analisar tudo o que tramita sobre o tema no Congresso, para que as boas ideias fossem incorporadas ao projeto do governo. Assim foi feito.
Bem próximo ao Palácio do Planalto, onde a presidenta despacha, o Congresso tem registrado muita letra e pouco efeito prático a respeito do tema: cerca de 400 projetos, direta ou indiretamente ligados à questão das drogas, aguardam a chance de entrar na pauta de votações. E foi para fazer frente à essa realidade, e entrar em sintonia com as ações governamentais que uma comissão especial criada na Câmara se propôs durante esta legislatura a promover estudos, propor políticas públicas e elaborar projetos legislativos “destinados a combater e prevenir os efeitos do crack e de outras drogas ilícitas”. Na reta final da legislatura, com as atenções de governistas e oposicionistas voltadas para temas como Desvinculação das Receitas da União (DRU) e Orçamento Geral da União, quase nenhuma atenção foi dada ao assunto.
A comissão foi instalada nos primeiros instantes da legislatura, e teve sua composição definida em 29 de março de 2011 – entre titulares e suplentes, são 56 parlamentares. Suprapartidária, teve seus postos de comando preenchidos por Reginaldo Lopes (PT-MG), presidente; Wilson Filho (PMDB-PB), 1º vice-presidente; João Campos (PSDB-GO), 2º vice-presidente; e Iracema Portella (PP-PI), 3ª vice-presidenta. A relatoria da comissão, de caráter temporário, coube ao deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL). Com 346 páginas, o relatório foi levado ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), no último dia 14, por Reginaldo Lopes. O colegiado recebeu de seus criadores a alcunha de Cedroga.
Para um dos membros da comissão, a questão das drogas teve percurso similar àquele registrado no final dos anos 1980, em que a Aids surgiu como um fantasma na vida da sociedade brasileira, um tabu a ser assimilado e vencido: tal como a epidemia, só foi tratada com a devida preocupação quando se intensificou no seio das mais variadas esferas da população. Afinal, trata-se de problema de saúde pública que não escolhe credo, cor ou posição social.
“Eu nunca vi um momento tão propício para discutir essa questão como estou vendo nesse mandato. Por quê? Porque o crack chegou à casa de todo mundo, ou chegou perto da casa. [A droga] passou a ser uma questão não só de vulnerabilidade dos pobres, passou a ser uma questão geral. Isso mexeu com o Parlamento, com o Executivo. Isso abriu a possibilidade de o Brasil fazer essa grande discussão”, declarou Carimbão, com 38 anos de mandato parlamentar – três de vereador e quatro de deputado federal –, 25 dos quais dedicados aos usuários de droga.
Fundador do Lar Sagrado Coração de Jesus, em Maceió, em 1989, Carimbão diz que cola de sapateiro e maconha, drogas muito menos danosas que o crack, eram “o problema a ser enfrentado” naquela época. “Cocaína e seus assemelhados eram drogas para pessoas de elevado poder aquisitivo. Como não houve a devida atenção por partes dos poderes constituídos, outras drogas foram surgindo, com alto poder danoso e que rondam as nossas ruas nos dias atuais”, disse o deputado alagoano em seu relatório, com críticas às “interpretações equivocadas” do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Resmas contra a droga
Não houve qualquer cancelamento de reuniões por falta de quórum na comissão especial. Ao final dos trabalhos, que consumiram mais de nove meses desde a instalação do colegiado, 1.025 páginas de relatório foram entregues à equipe da presidenta Dilma para análise – o que adiou em 15 dias o lançamento do plano de combate ao crack. “Grande parte [do documento] foi acatada. Tudo isso é a sinergia do sentimento das ruas com o Parlamento”, festeja Carimbão. Temas como saúde e educação, diz, perderam lugar nas súplicas dos eleitores. “Hoje, um dos principais pedidos que a população faz aos políticos é para resolvermos as questões da violência e do crack.”
Carimbão acredita que ainda não será desta vez, com o plano anunciado por Dilma, que a problemática das drogas será resolvida – no quesito prevenção e recuperação de drogados, diz, o programa ainda é insuficiente. “Foi um passo. Essa luta é de mais 10, 20 anos”, calcula o parlamentar, parabenizando o Ministério da Educação, por exemplo, por ter financiado o aumento do repasse de R$ 57 para R$ 200, por leito hospitalar, para ações de desintoxicação. Ele diz contar com o trabalho paralelo dos senadores Wellington Dias (PT-PI) e Ana Amélia (PP-RS), respectivamente presidente e vice da Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e Outras Drogas, colegiado criado no âmbito da Comissão de Assuntos Sociais do Senado.
O deputado informou ainda que 13 projetos de lei sobre o tema foram elaborados com base nos trabalhos da comissão, que também incorporou proposições anteriores. Uma delas (Projeto de Lei 7663/2010), de autoria do deputado Osmar Terra (PMDB-RS), provocou a criação de outra comissão especial. “Ninguém podia prever a proporção que [a comissão antidrogas] tomou. A gente fez esse projeto de lei justamente para avançar em relação à lei atual, que não está conseguindo controlar nada, está agravando o problema”, diz Osmar, para quem o PL 7663 moderniza e aprimora o tratamento de usuários de droga, além de “tirar os traficantes de circulação pelo maior tempo possível”.
“Isso funciona como uma epidemia viral: quanto mais vírus tem circulando, mais gente doente tem; quanto mais traficante circulando, mais tem gente com essa doença crônica. Então, que se diminua a possibilidade de alguém ficar dependente retirando de circulação, por mais tempo, o traficante”, emendou o parlamentar gaúcho, defendendo a internação involuntária por antecipar o tratamento. “Nem que seja por um período de tempo curto, para desintoxicar. Depois se vê se a pessoa quer continuar. Isso é até em defesa da família, que sofre mais do que o usuário.”
O projeto de Osmar acrescenta e altera dispositivos da Lei nº 11.343 (agosto de 2006) para tratar do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas. A proposição garante conselhos comunitários de acompanhamento e combate às drogas, para estimular a participação popular. A matéria também garante incentivos às empresas para que elas contratem dependentes químicos em recuperação. Além disso, assegura-se o credenciamento das comunidades terapêuticas junto ao Ministério da Saúde, desde que elas estejam adequadas aos requisitos protocolares. Protocolada em julho de 2010, a matéria aguarda determinação da Mesa Diretora da Câmara para ser apreciada em comissão especial.
Pinça
Entre as cerca de 400 proposições na fila de espera da Câmara, o presidente da comissão especial (Cedroga), Reginaldo Lopes, considera que o projeto proposto por Osmar Terra é o mais completo no que diz respeito às mudanças na legislação. “Durante o debate [na comissão especial a ser criada], a sociedade poderá, inclusive, propor outras mudanças. É um debate aberto, em que a sociedade terá o direito de contribuir para que ajustes possam ser feitos nessa atual legislação”, emendou o petista, para quem a proposição colocará fim à insuficiência da política antidrogas ora executada no Brasil.
Para Reginaldo, o trabalho da comissão não implica recomeçar “do zero” o processo legal de combate às drogas. “Pela primeira vez vai haver um projeto bem estruturado, como diz a presidenta Dilma, moderno e corajoso. E trabalhou quatro eixos que, até então, eram ações isoladas. Não era um programa nacional. Tinha ações pontuais no Ministério da Saúde, no Ministério da Educação, na repressão. Agora, temos um conjunto articulado de propostas”, completou o deputado, referindo-se às ações de prevenção, acolhimento ao tratamento, requalificação e reinserção e repressão previstas no projeto de Osmar Terra.
Por meio da articulação de ações mencionada por Reginaldo, a comissão antidrogas pretende priorizar a recuperação do dependente químico. “E, a partir dele, termos uma metodologia de início até o final do tratamento, e depois irmos para a outra parte. Ficar em abstinência não é fácil, essa pessoa precisa refazer seu projeto de vida, suas relações afetivas”, concluiu Reginaldo, mencionando entre os benefícios do projeto a garantia, para usuários em recuperação, de 10% de vagas nas escolas técnicas federais.
“Não é cota. Nós estamos criando uma ação estratégica de ampliação dessas vagas em todos os cursos, em todos os turnos das escolas técnicas para fazer a qualificação profissional do dependente químico em tratamento de abstinência”, justificou o parlamentar mineiro, diante do fato de que 95% dos dependentes de drogas não concluíram o ensino médio. “O foco correto é formação de nível médio tecnológico. Temos uma economia de pleno emprego que precisa de mão de obra qualificada.” Reginaldo lembrou ainda que o o relatório de Givaldo Carimbão propôs, como providência complementar, a reserva de 1% para a contratação de dependentes em tratamento nas obras, contratos e serviços públicos, para garantir a reinserção deles no mercado de trabalho.
Multa para drogados
Tanto na Câmara quanto no Senado, a maioria das proposições protocoladas ainda aguarda despacho das subsecretarias de atas. Entre os projetos em tramitação – ou seja, já em análise nas comissões temáticas correspondentes –, um pretende estabelecer pena de multa para usuários de droga, além de “criar nova circunstância agravante ao agente que comete crime sob efeito preordenado de drogas”, entre outras providências. “Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar ficará sujeito a pena de multa, de R$ 200,00 a R$ 1.000,00, (…)”, diz o artigo 28.
A matéria (leia a íntegra) foi protocolada em 21 de dezembro, véspera do recesso parlamentar, pelo senador Sérgio Souza (PMDB-PR). “As penas para o usuário de drogas são muito brandas e não desestimulam a prática ilícita. (…) Estamos convencidos de que a guerra contra o tráfico de drogas jamais será vencida sem a punição eficaz dos usuários”, diz o senador na justificativa do projeto, alegando que um combate eficaz contra as drogas requer “que o Estado adote medidas em desfavor dos que alimentam esse comércio”.
Já a deputada Keiko Ota (PSB-SP) preferiu propor mais punição aos presos por tráfico de drogas. Ela é a autora do Projeto de 2840/2011 (confira a íntegra), que entre outras disposições “proíbe a prisão especial para crime hediondo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo”. Apresentada em 1º de dezembro de 2011, a proposição tramita em regime de prioridade de votação e em caráter terminativo (sai das comissões temáticas direto para o Senado, sem necessidade de passar pelo Plenário da Câmara).
Para Keiko, o direito a prisão especial, “já muito criticado por juristas e doutrinadores do direito e que bastante perplexidade ainda provoca na sociedade brasileira”, deveria ser vetado nos casos mencionados no projeto. A deputada defende a restrição àqueles delitos porque, “além de revelarem grande potencial ofensivo, causam elevada repulsa ou clamor social”. Concisa e indiretamente ligada à questão das drogas, a proposta altera a legislação referente a crimes hediondos (Lei nº 8.072, promulgada em julho de 1990).
Arquivo
As cerca de 400 proposições direta ou indiretamente ligadas à questão das drogas dificilmente terão, na totalidade, sua tramitação concluída ainda nesta legislatura (até dezembro de 2014). Além da agenda apertada, do tempo que ficará comprometido pelas duas próximas eleições (municipal, em 2012, e presidencial, em 2014) e da concorrência de outros temas, cuja prioridade é definida pelas lideranças partidárias, muitas das propostas acabam sendo deixadas de lado pelos próprios autores.
Graças à longa permanência de algumas proposições nas gavetas da pauta, estas se tornam “velhas” ou têm propósitos aprovados em outros projetos – caso do PLS 53/1990, apresentado em 17 de maio de 1990 pelo então senador Márcio Lacerda (PMDB-MT) para permitir que comissão mista do Congresso pudesse acessar dados de pessoas indiciadas por tráfico de drogas. A matéria foi arquivada ao final da legislatura, em dezembro daquele ano.
O Congresso em Foco atestou a grande quantidade de registros formalizados sobre o assunto. Em uma rápida pesquisa na página da Câmara, o número de instrumentos legislativos relacionados ao tema (requerimento de informações, sugestões, propostas de fiscalização e controle, etc) impressiona ainda mais: ao digitar o termo “drogas”, o internauta obtém 935 itens protocolados até o encerramento do ano legislativo (22 de dezembro). Já no Senado, a partir da consulta com o termo “drogas”, a reportagem detectou 221 documentos referentes a matérias em tramitação na Casa – ou seja, restringindo-se a pesquisa a “projetos de lei do Senado”.

  • Jorge Vieira
  • 26/dez/2011

Segurança do Governo Roseana abandona zona rural dos Cocais

As populações da zona rural da Região dos Cocais está à mercê da marginalidade desde que a governadora Roseana Sarney (PMDB) resolveu fechar o único posto policial existente na povoado Baú, um entroncamento localizado num trecho sem asfalto da BR–226, entre Graçaranha e Timon, que serve de interseção com outras estradas sem revestimento que levam a Caxias (40 km), Matões (60 km), Parnarama (80 km) e Buruti Bravo (120 km).
Construído e inaugurado no Governo José Reinaldo Tavares (PSB), o posto policial do Baú, ao longo dos anos, garantia tranqüilidade aos moradores da região, o índice de criminalidade era baixíssimo e não se ouvia falar em assaltos ou roubos de motocicletas, mas após o fechamento e retirada dos policiais, conforme depoimentos de lideranças políticas e comunitárias da região, ninguém se arisca viajar a noite, os assaltos a mão armada viraram rotina.

“Toda a zona rural dos Cocais está sem segurança porque os bandidos assaltam em Teresina e estão se escondendo aqui por falta de policiamento. Ninguém tem coragem de viajar mais de moto. O fotógrafo Biaman Prado, em agosto passado, teve que vir aqui em Matões fazer umas fotografias e foi assaltado duas vezes antes de chegar com seu carro no hotel”, relata o ex-deputado estadual Rubéns Pereira, hoje secretário de Obras do município.

A gravidade do problema é dimensionado pelo tamanho da população que vive no campo. Matões, por exemplo, possui 32 mil habitantes, sendo 17 mil na zona rural, enquanto em Parnarama outros 19 mil sobrevivem da agricultura e estão nos povoados sem segurança e sem ter a quem recorrer em casos de violência praticada contra as comunidades de lavradores.
A Prefeita de Matões, Suelly Pereira (PSB), diz que já foi encaminhado ofício ao Governo do Estado solicitando a reabertura do posto policial, mas que até o momento não houve sequer resposta. “O documento foi entregue ao vice-governador, Washington Oliveira (PT), que ficou de ver o problema, mas o posto continua fechado e sem uma explicação lógica para a retirada dos quatro policiais que faziam a segurança na área”, denuncia.
A vereadora de Buriti Bravo, Luciana Leocádio (PDT) está assustada com a onda de assaltos na região. Segundo ela revelou à reportagem, já assaltaram até o Fórum da cidade. “Estamos tentando fazer uma audiência pública para discutir a segurança do nosso município. O delegado que responde por Buriti é de Passagem Franca e não temos sequer prédio para a Delegacia, que funciona no prédio da prefeitura. Isso é um absurdo, queremos que o governo tome uma providência”, cobra.
Luciana conta que a cidade de Buriti Bravo viveu a pouco tempo em clima de terror por conta de um marginal foragido da Justiça que se instalou no município e durante três meses violentou mulheres, assaltou, pintou e bordou por falta de um policiamento. A vereadora conta que após este episódio, a população está pagando uma empresa particular chamada “Rota Noturna” para fazer a segurança da cidade. Cada residência, para ser protegida, paga R$ 30,00 e o comércio R$ 50,00.  
Vizinho a cidade de Teresina (PI), a zona rural de Timon serve de atrativo para a bandidagem se esconder sem ser importunada pela Polícia. Segundo o vereador Chagas Cigarreiro (PSB) os marginais estão introduzindo droga na zona rural e não tem quem combata. “Fizemos uma passeata dia 10 de dezembro para chamar a atenção das autoridades para a questão da insegurança, pois temos apenas uma viatura para 160 mil habitantes, mas pregamos no deserto. Continuamos a mercê dos marginais”, lamenta.
Para o vereador Cigarreiro, a falta de barreira policial na ponte liga o Piauí ao Maranhão, como antigamente, deixa os bandidos livres para cometerem seus crimes. “Os comerciantes de Timon estão desesperados porque o governo não olha para a região, não dar a menor assistência e nos deixa a mercê da marginalidade, tanto na cidade como no campo”, condena.
O líder comunitário Reginaldo Janjão, morador do povoado Quilombo, localizado na  divisa entre Caxias e Matões, adverte que após o fechamento do posto policial do Baú, aumentaram os assaltos e a população está revoltada. Reginaldo narra que há dois meses bandidos fortemente armados fecharam a MA-034 para assaltar motoristas e passageiros. “A governadora não pode virar as costas para a segurança na zona rural, somos maranhenses e queremos ser tratados com dignidade”, reclama.

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