Prof. Nonato Chocolate
O deputado federal do (União Brasil) Pedro Lucas Fernandes afirmou em entrevista ao jornal “O Imparcial” do dia 23 de setembro do corrente ano, que “Lula é quem precisa do Brandão, não o contrário”, faz uma inversão que merece ser olhada com cuidado. A fala tenta reforçar o protagonismo do governador do Maranhão, mas ignora a assimetria real entre o peso político de um presidente da República e de um governador estadual.
A frase soa de impacto, mas não resiste a uma análise mais atenta. É verdade que o governador Carlos Brandão tem inaugurado obras e ações importantes no Maranhão, mas grande parte delas é fruto direto de investimentos do governo federal. O governador, de fato, tem conseguido inaugurar e anunciar diversas obras no Maranhão, mas grande parte delas são viabilizadas por meio de repasses, programas e financiamentos do governo federal. Obras em áreas como infraestrutura, saúde, habitação e educação, em grande medida, dependem da União, seja por recursos do PAC (Programa de Aceleração do
Crescimento), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, do SUS ou de convênios federais. Sem esse aporte, dificilmente o Maranhão conseguiria avançar sozinho em tantas frentes.
Assim, ao dizer que Lula precisa de Brandão, o deputado desconsidera que grande parte das ações que hoje são divulgadas no Maranhão só acontecem porque há todo esse aporte federal. O “protagonismo do governador no cenário nacional” do qual o deputado fala parece mais uma ilusão de ótica. Fica a pergunta: se Brandão não fosse aliado de primeira hora de Lula, teria tanto acesso com o governo federal? Afirmar que Lula depende dele inverte a realidade: o estado precisa do apoio federal para seguir se desenvolvendo.
Na prática, existe uma relação de mão dupla. Lula fortalece Brandão com obras e recursos; Brandão fortalece Lula com apoio político enquanto governador. O que não dá é transformar propaganda em fato consumado: sem governo federal, boa parte do que se anuncia no Maranhão não sairia do papel.
Desse modo, a fala de Pedro Lucas parece mais um gesto de lealdade política local, tentando valorizar Brandão perante a opinião pública maranhense, do que uma leitura realista da correlação de forças. No fundo, é um discurso de autopromoção do grupo político no estado, mas que pode induzir o eleitorado maranhense a acreditar que as obras e conquistas são apenas fruto da gestão estadual, quando, em muitos casos, a origem dos recursos é federal. Além disso, ele omite convenientemente que sua irmã, Lena Fernandes Brandão, ocupa o cargo de Superintendente do IPHAN no Maranhão, órgão do governo federal.
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