O governador Carlos Brandão (ainda PSB) continua varrendo o PCdoB, partido pelo qual o ex-governador Flávio Dino se elegeu em 2014 e comandado pelo seu braço direito na política estadual, o deputado federal Márcio Jerry, de sua gestão.
Nesta sexta-feira (29), através de sua rede social, Brandão anunciou a exoneração de Gerson Pinheiro, militante histórico do PCdoB, da Secretaria de Igualdade Racial, alargando ainda o fosso que o separa dos comunistas.
Gerson Pinheiro, que ocupava o cargo desde a primeira gestão de Flávio Dino, que teve início em 2015, não faz mais parte do governo. Para ocupar a pasta, o governador anunciou a nomeação de Célia Salazar.
A exoneração de Gerson Pinheiro é apenas mais um episódio no processo de afastamento do governador Carlos Brandão do grupo dinista e que passou a fazer oposição, mesmo tendo integrantes ocupando pastas na gestão.
O ato de demissão, que não chegou a surpreender por conta da crise que levou o PCdoB a romper com o governo e se declarar oposição, expõe o nível de animosidade entre aliados do atual ministro do STF, Flávio Dino, com o governador.
O PCdoB teve papel primordial na composição da aliança que desbancou o grupo Sarney em 2014 e elegeu Flávio Dino, tendo Brandão (então no PSDB) como vice, chapa que se repetiu em 2018.
Em 2022 Brandão foi o candidato bancado por Dino, apesar da forte pressão exercida pelo senador Weverton Rocha para ser o candidato da aliança, que colocou Felipe Camarão (PT) como vice com a perspectiva de substituir Brandão em 2026 e ser candidato à reeleição.
O PCdoB passou a cobrar do governador apoio à pré-candidatura de Camarão, mas Brandão resolveu tomar um outro caminho e apostar no seu sobrinho e atual secretário da Assuntos Municipalista, Orleans Brandão (MDB).
Antes da questão sucessória, porém, os deputados considerados dinistas já reclamação a falta de atenção do governador aos seus pleitos e acusavam o chefe do Executivo de dar prioridade a parlamentares que sequer haviam votado nele.
O clima tenso passou a dominar os discurso no plenário da Assembleia Legislativa, onde alguns parlamentares governistas passaram a defender que o PCdoB entregasse os cargos que ocupam e a solicitar que o governador tomasse providência de afasta-los.
O PCdoB não tomou a iniciativa de entregar os cargos do governo que ajudou eleger, mas passou a sofrer a chamada caça as bruxas, tendo auxiliares do governo ligados ao partidos exonerados. E neste contexto, acabou sorando para Gerson Pinheiro, um secretário que se destacava pelo trabalho em defesa da igualdade racial.
A guilhotina de Brandão também cortou cabeça na Secretaria de Educação, onde a secretária-adjunta Nádya Christina Guimarães Dutra deixou o cargo. Em seu lugar, foi nomeado Francisco de Assis Costa Filho, que foi secretário nacional da Juventude no governo Temer e é ligado ao MDB.
Resta saber o que vai acontecer com os outros membros do partido que ainda permanecem em seus cargos. A guerra está declarada.
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