O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), levou mais de 12 horas para proferir seu voto no julgamento da tentativa de golpe de Estado, realizado pela Primeira Turma da Corte, nesta quarta-feira (10).
Adotando a narrativa bolsonarista e acolhendo as teses da defesa de Jair Bolsonaro, Fux divergiu do relator, ministro Alexandre de Moraes, e votou para absolver o ex-presidente, mas condenou o general Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid, cuja delação premiada foi uma das principais bases para a investigação da Polícia Federal (PF).
Em seus depoimentos, Mauro Cid detalhou o envolvimento direto de Bolsonaro na trama golpista e seus relatos abriram caminho para a obtenção de provas contra o ex-presidente. Fux, de forma incoerente, porém, condenou apenas o delator, e não o delatado.
Flávio Dino, na última terça-feira (8), já havia votado e, na ocasião, seguiu o relator, pedindo a condenação de Bolsonaro e dos outros 7 réus do núcleo crucial. Já no final da sessão desta quarta-feira (11), após mais de 12 horas de intervenção de Fux, Dino escancarou a incoerência do magistrado e destruiu seu voto com apenas três simples perguntas, impondo humilhação.
O diálogo se deu da seguinte maneira:
– Dino: Vossa excelência já votou [a denúncia contra Mauro Cid]?
– Fux: Já votei.
– Dino: Absolvendo ou condenando?
– Fux: Condenando.
– Dino: Um crime, dois, três?
– Fux: Um crime.
– Dino: Obrigado. Então, é condenando Mauro Cid e absolvendo os outros? Só para eu entender.
– Fux: Eu ainda não acabei.
Na sequência, Fux concluiu seu voto, condenando apenas Mauro Cid e Braga Netto, e absolvendo os demais réus.
0 Comentários