Ele responsabilizou o governador bolsonarista Ibaneis Rocha (MDB) e a vice-governadora bolsonarista Celina Leão (PP), pré-candidata ao governo do Distrito Federal em 2026.
Nas redes sociais, Cappelli também afirmou: “Tentaram empurrar o peixe podre para a conta do povo de Brasília. Um crime contra o Distrito Federal. Mas ainda há muito a ser apurado nas ‘operações preparatórias’ entre o BRB e o Master. Esse peixe ainda vai feder muito. Parabéns ao Banco Central!”, escreveu no X.
Na manhã desta terça (18), o banqueiro Daniel Vorcaro, que é conhecido como “o lobo da Faria Lima”, foi preso pela Polícia Federal (PF) na mansão onde mora no Jardim Europa, em São Paulo. Ele é dono do Banco Master, que tentou uma manobra com o governador do Distrito Federal, o bolsonarista Ibaneis Rocha (MDB), para que a instituição, que tem diversos problemas, fosse incorporada ao estatal Banco de Brasília (BRB).
A prisão acontece um dia após a Fictor Holding Financeira, uma instituição também problemática, anunciar a compra do Master. Também nesta terça-feira, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master o que, em tese, barraria as negociações com o grupo Fictor.
Agentes que atuam na operação Compliance Zero ainda cumpre outros 4 mandados de prisão de envolvidos em um suposto esquema criminoso de emissão de títulos de crédito falsos por instituições que integram o Sistema Financeiro Nacional.
“As investigações tiveram início em 2024, após requisição do Ministério Público Federal, para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira. Tais títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada. Estão sendo investigados os crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa, entre outros”, diz a PF em nota.
No total, estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão preventiva, dois mandados de prisão temporária e 25 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.
Em setembro, após as denúncias de Cappelli, o Banco Central (BC) rejeitou a operação que previa a aquisição do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB). A decisão encerrou uma negociação que se arrastava desde março e que gerou polêmica tanto no mercado financeiro quanto no cenário político. Em comunicado oficial, o BRB informou aos investidores que o BC a rejeição do pedido de aquisição de participação no Banco Master:
“O BRB – Banco de Brasília S.A. (“BRB”; B3: BSLI3 e BSLI4) comunica aos seus acionistas e ao mercado em geral que foi informado pelo Banco Central (“Bacen”) sobre o indeferimento do requerimento protocolado em 28 de março de 2025, referente à aquisição de 49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais do Banco Master S.A. (“Banco Master”). O BRB apresentou solicitação de acesso à íntegra da decisão, com o objetivo de avaliar seus fundamentos e examinar as alternativas cabíveis”.
No mesmo informe, o banco destacou que segue estudando os próximos passos a serem tomados: “O BRB reitera seu posicionamento de que a transação representa uma oportunidade estratégica com potencial de geração de valor para o BRB, seus clientes, o Distrito Federal e o Sistema Financeiro Nacional e manterá seus acionistas e o mercado informados sobre eventuais desdobramentos relevantes, nos termos da legislação e da regulamentação aplicáveis”.
Já o Banco Master declarou que também aguarda acesso integral à decisão para compreender os fundamentos do indeferimento e avaliar possíveis caminhos, reforçando sua confiança na estratégia de negócios adotada. A decisão do BC encerra, por ora, uma das mais controversas operações do sistema financeiro recente, que envolveu desconfianças sobre a real situação do Master, disputas no Congresso e suspeitas de favorecimento político.
O veto também ocorria em meio a uma ofensiva do centrão no Congresso para tentar ampliar poderes sobre a diretoria do Banco Central. Nos bastidores, a movimentação foi interpretada como uma pressão adicional sobre a autoridade monetária. Nas redes sociais, Ricardo Cappelli acusou a existência de uma “negociata de R$ 2 bilhões” que, segundo ele, envolveria políticos do Centrão, dirigentes do BRB e até integrantes do Banco Central.
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