Mariana Oliveira Da TV Globo, em Brasília
O grupo de trabalho da Procuradoria Geral da
República (PGR) que atua na Operação Lava Jato e a defesa do empresário Ricardo
Pessoa, dono da construtora UTC, concluíram os ajustes solicitados pelo relator
do processo no
Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki, para homologar o acordo
de delação premiada do executivo da empreiteira. Acusado de ser o líder do
cartel de construtoras que combinava entre si preços de licitações da
Petrobras,
Pessoa decidiu colaborar com a Justiça para tentar
obter a redução de uma eventual pena.
Conforme advogados que trabalham no processo, os
ajustes reivindicados por
Teori
Zavascki foram apenas na redação do
acordo, para não permitir dupla interpretação em termos da delação, que ainda é
sigilosa.
Após a conclusão dos ajustes, o acordo foi
devolvido ao relator da Lava Jato para que ele valide a delação. A negociação
será analisada pelo Supremo porque, em seus depoimentos, o dono da UTC citou
autoridades que têm foro privilegiado. Além de se comprometer a contar detalhes
do esquema de corrupção que agia na
Petrobras, Pessoa prometeu devolver parte dos recursos desviados
da estatal do petróleo.
Preso pela Polícia Federal (PF) em novembro do ano
passado na sétima fase da Lava Jato, Pessoa foi autorizado, no final de abril,
a ficar
em regime de prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica. Para viajar a
Brasília para negociar os termos da delação premiada com a PGR, ele teve de
solicitar autorização ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato
na primeira instância.
O dono da UTC desembarcou na capital federal na
última segunda (25). No dia seguinte, ele começou a prestar depoimentos da
delação na sede da Procuradoria. A expectativa, porém, é que Pessoa permaneça
em Brasília até a semana que vem, desde que Moro prorrogue a autorização de
estadia fora de São Paulo, cidade onde ele reside.
O acordo de delação premiada do dono da UTC será o
quarto analisado no Supremo na Lava Jato. Os depoimentos do doleiro Alberto
Yousseff e do ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa já
foram homologados e levaram à investigação de 54 pessoas, das quais 35
parlamentares e dois governadores. Os inquéritos tramitam no STF e no
Superior Tribunal de Justiça.
A delação de Rafael Angulo, funcionário de Youssef,
também foi validada pelo Supremo e agora está sob análise da PGR, que vai
decidir se usa as informações em inquéritos já abertos ou se abre novas
investigações. O mesmo será feito com a delação premiada de Ricardo Pessoa, ser
for homologada pela Suprema Corte.
Um trecho da delação de Angulo foi disponibilizado
pelo Supremo, no qual ele narra que trazia dinheiro para Brasília para pagar
propina a políticos em meiões de futebol. Nenhuma autoridade com foro foi
citada nesse trecho.
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