Pressionado pela repercussão negativa do seu ato e sem ter como dar explicações convincentes à sociedade sobre atitude desumana, o Secretário de Saúde Ricardo Murad foi obrigado a rever sua decisão de suspender o convênio com A Fundação Antonio Jorge Dino para que volte a funcionar o Serviço de Ponto Atendimento aos portadores oncológicos.
Mauricio Vicent
Em Havana (Cuba)
Continuísmo, sem dúvida: dos históricos, dos militares e do imaginário revolucionário e socialista. E ao mesmo tempo o esperado apoio do Partido Comunista Cubano (PCC) ao processo de reformas de Raúl Castro, que lentamente abrirá o país à iniciativa privada e ao mercado, na tentativa de tornar o sistema sustentável.
O encerramento do 6º Congresso do PCC não poderia ser mais simbólico: com os delegados de pé cantando a “Internacional” e Fidel Castro, muito frágil e de abrigo, levantando o punho de seu irmão, que acaba de ser eleito primeiro secretário. Ao redor de ambos, um novo Birô Político do PCC, de 15 membros, formado majoritariamente por generais e históricos que acompanharão Raúl, 79 anos, em uma reforma que ainda é uma incógnita, oficialmente denominada “atualização do modelo”.
A aparição de Fidel Castro na sessão de encerramento foi recebida com uma ovação dos mil delegados comunistas, que soou, agora sim, a despedida política. O ex-mandatário de 84 anos demonstrou muita dificuldade para caminhar e não disse uma palavra, só apoiou seu irmão com sua presença. Horas antes, o próprio líder comunista tinha informado sobre sua renúncia em um artigo publicado no jornal “Granma”, no qual reiterou que desde que adoeceu, em julho de 2006, nunca tentou exercer qualquer responsabilidade.
“Raúl sabia que eu não aceitaria na atualidade nenhum cargo no partido”, afirmou depois de dar a conhecer que dias antes seu irmão havia lhe mostrado “por iniciativa própria” o relatório central do 6º Congresso. Nesse momento, Raúl fez duras críticas ao aparelho do PCC por seu excesso de burocracia e resistência às mudanças, e afirmou que “pelos erros cometidos” não havia substituição “preparada” para suceder os históricos.
O ex-presidente expressou seu apoio ao mencionado relatório, e especialmente à proposta de limitar ao máximo de dez anos “o desempenho de altos cargos políticos e estatais fundamentais” a partir de agora. Raúl voltou a essa ideia ao encerrar o 6º Congresso, e depois de ser eleito primeiro secretário considerou esta como sua “última tarefa”. A “missão principal” de seu cargo, esclareceu, é trabalhar para “defender” e “aperfeiçoar o socialismo, e não permitir jamais o regresso do regime capitalista”.
Ao mesmo tempo, disse que não renunciará a “fazer as mudanças que forem necessárias”, no ritmo que “as circunstâncias exigirem” e “sem pôr em risco” a unidade nacional. Voltou a mencionar o prazo de “um quinquênio” para “decolar” a citada “atualização do modelo”, que pretende manter o planejamento socialista como pilar do sistema econômico, junto com maiores espaços para o mercado e a iniciativa privada, o que não parece simples de se alcançar. Sobre a abertura política, nada.
Raúl Castro disse em voz alta, caso alguém ainda tivesse dúvidas, que os militares vão ocupar um papel relevante no futuro. No novo Comitê Central de 115 membros (35 a menos que o eleito em 1997), a proporção de militares é gráfica: 24 generais, sem contar o próprio Raúl, que foi por 49 anos ministro das Forças Armadas, nem Ramiro Valdés e Guillermo García, os dois comandantes históricos que continuam vivos e também integram o organismo, que é a instância máxima de poder entre congressos.
No Comitê Central, que foi renovado em 50%, mantiveram-se os principais históricos e o mesmo ocorreu com o Birô Político. Nesse órgão partidário, verdadeiro núcleo duro – que é reduzido de 24 para 15 integrantes -, só entram três novos membros, e dois deles, Marino Murillo e Adel Izquierdo, são homens da confiança de Raúl Castro, aos quais encomendou a tarefa de levar adiante as reformas. Como segundo secretário do PCC, José Ramón Machado Ventura, de 80 anos, um dos representantes da direção histórica e partidário da ala mais ortodoxa da organização.
Mais de 60% do Politburo são integrados por generais ou históricos. Raúl Castro disse que essa “composição” não o satisfaz, mas insistiu que em consequência dos “erros” cometidos pelo Partido Comunista não havia quadros jovens “devidamente” preparados. Anunciou que em janeiro de 2012 se realizará uma conferência nacional do Partido Comunista que terá por objetivo transformar os métodos de trabalho da organização partidária e também sua estrutura e renovação.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
O maior espetáculo teatral a céu aberto do Maranhão, a encenação da morte e ressurreição de Jesus Cristo, por um grupo de artistas e populares do bairro Anjo da Guarda, acabou se transformando em polêmica no plenário da Assembleia Legislativa, por conta da informação de que o Governo do Estado estaria se recusando a colaborar financeiramente para manter a tradição da comunidade.
“Os procedimentos como biópsia de próstata guiada por ultrassom, biópsia esterotáxica de mama, mediastinoscopia, Serviço de Pronto Atendimento 24 Horas, pleuroscopia e reabilitação deixaram de ser realizados em razão da suspensão do pacto da Secretaria de Estado da Saúde com o Hospital Aldenora Bello”, afirma a nota.
Fundo estadual – As acusações entre Estado e Município acabaram respingando no plenário da Assembleia, onde o deputado Eduardo Braide (PMN) pediu apoio aos companheiros de parlamento para aprovar a proposta de Emenda Constitucional, de sua autoria, criando o Fundo Estadual de Combate ao Câncer, com a finalidade de permitir maior qualidade de vida aos portadores. Os recursos, segundo o parlamentar, serão exclusivamente aplicados no tratamento adequado da doença.
Médica praticamente e empresária do ramo da medicina privada, a deputada Cleide Coutinho (PSB) parabenizou Braide pela iniciativa, mas adiantou que sua intuição feminina alerta que a proposição criando o Fundo Estadual de Combate ao Câncer passará sem dificuldades na Assembleia, mas será vetado pelo governo porque implicará em despesas. “Se não tem recurso para fazer um convênio de R$ 200 mil para o Hospital do Câncer, vai ter recurso para manter uma estrutura dessa, que é bonita, é importante? Infelizmente vai sair aprovado do plenário, porque todos os deputados querem o melhor para o Maranhão, mas lá em cima, com certeza, não vai passar”, profetizou.
Despesas feitas pelo governo petista em 2010 foram 70% superiores às do ex-presidente tucano em 2002
Lula gastou mais de R$ 10 bilhões em oito anos, mas falta de dados sobre governo FHC impede comparações
FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gastou com publicidade no ano passado, o último de seu mandato, 70,3% a mais do que seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), gastou em 2002, quando encerrou os oito anos de seu governo.
Segundo dados que devem ser divulgados hoje pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, o governo Lula consumiu R$ 1,629 bilhão em publicidade em 2010.
O valor se refere aos gastos da administração direta (os ministérios) e indireta (autarquias, fundações e empresas estatais). Não há ainda informação disponível sobre o mandato de Dilma Rousseff.
No seu oitavo ano no Planalto, 2002, FHC registrou gastos com publicidade de R$ 956,4 milhões, em valores atualizados pelo índice de preços IGP-M. O cálculo foi feito pelo Planalto, que não divulga valores nominais, exceto para 2010.
Lula é o primeiro presidente para o qual há dados completos dos dois mandatos. A estatística oficial sobre gastos de publicidade começou a ser produzida em 1998 de forma precária. A Secom divulga as informações de maneira regular desde 2000.
Em oito anos no Planalto, Lula registrou um gasto total de R$ 10,304 bilhões. É o equivalente a um terço do total orçado para construir o trem-bala, projetado para o trajeto Campinas-São Paulo-Rio e com custo estimado em R$ 33,1 bilhões.
Não há como saber qual foi o gasto mensal do governo Lula no ano passado com publicidade. Essa informação não é divulgada.
Ontem, quando o site do Planalto mostrava os dados considerados só até 9 de dezembro, o gasto total no ano era de R$ 1,101 bilhão.
Agora, com a contabilidade final de 2010, sabe-se que a cifra atingiu R$ 1,629 bilhão -uma diferença de R$ 528 milhões. Mas Lula não consumiu toda essa diferença nos seus últimos 22 dias.
Há um lapso entre os comerciais serem feitos, veiculados, pagos e lançados na contabilidade oficial. Não se sabe quanto é esse tempo, pois o governo não diz.
No segundo semestre do ano passado, todos os governos estavam impedidos de fazer comerciais -exceto os de real utilidade pública- porque se tratava de um período eleitoral. O veto não atinge as empresas estatais que concorrem no mercado.
Por causa dessa liberação, as empresas do governo costumam fazer comerciais em períodos eleitorais. Em 2010, o gasto das estatais foi de R$ 1,001 bilhão -61% de tudo o que a administração federal investe em propaganda.
DADOS SECRETOS
A Folha indagou em março ao Planalto se poderia ter acesso à lista dos valores pagos a cada um dos meios de comunicação que veicularam propaganda federal. A resposta foi negativa.
“Os valores destinados a cada veículo de comunicação não são disponibilizados para preservar a estratégia de negociação de mídia promovida anualmente pela Secom com esses veículos. Desnudar esses valores contraria o interesse público, uma vez que implicará a perda de capacidade de negociação.”
Nos dados divulgados, como tem sido a praxe, são revelados os valores totais investidos em cada tipo de meio. Assim, é possível saber que as TVs se mantêm como receptoras da maior parte do bolo: tiveram 61% quando Lula assumiu, em 2003; foram a 64% em 2010.
Jornais, emissoras de rádio, revistas e outdoors perderam receita. Internet, cinema e mídia exterior (carro de som, mobiliário urbano e TVs em aeroportos, entre outros) ganharam espaço.
O plenário da Assembleia Legislativa, ao que tudo indica, vai se transformar amanhã num verdadeiro caldeirão com a votação do requerimento subscrito pelos deputados Marcelo Tavares (PSB) Eliziane Gama (PPS), Rubens Júnior (PCdoB), Valéria Macedo (PDT), Bira do Pindaré (PT), Luciano Leitoa (PSB) e Carlinhos Amorim (PDT) convocando a Secretária de Educação, Olga Simão, para prestar esclarecimentos sobre a greve dos professores da Rede Estadual de Ensino, que já dura mais de cinqüenta dias.