A informação foi divulgada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) logo depois da manifestação da Fenaban. A greve, que já é a maior da categoria nos últimos 20 anos, foi deflagrada depois que as assembleias dos sindicatos rejeitaram a proposta de reajuste de 8% feita pela Fenaban, que significa apenas 0,56% de aumento real.
Os bancários reivindicam reajuste de 12,8% (aumento real de 5% mais a inflação do período), valorização do piso, maior participação nos lucros e resultados, mais contratações, extinção da rotatividade, fim das metas abusivas e combate ao assédio moral, entre outros pleitos.
Conforme pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Contraf, o salário inicial pago pelos bancos brasileiros em agosto de 2010 era equivalente a US$ 735, mais baixo que o dos uruguaios (US$ 1.039) e quase a metade do valor recebido pelos argentinos (US$ 1.432).
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
MATHEUS MAGENTA
ENVIADO ESPECIAL A APARECIDA (SP)
O tema marcou as falas dos cardeais dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Eles criticaram os políticos e disseram que a sociedade deve se mobilizar e fiscalizar o uso do dinheiro público.
Na igreja de São Luiz Gonzaga, em Pirituba (zona norte de SP), dom Odilo elogiou os protestos e disse que a corrupção “está em toda parte, afligindo o povo brasileiro”.
“Quando não somos mais capazes de reagir e nos indignar diante da corrupção, é porque nosso senso ético também ficou corrompido”, afirmou, em sermão. “Quando o povo começa a se manifestar, a coisa melhora. É isso que precisa acontecer.”
Depois de chamar o rio Tietê de “rio da morte” e “esgoto a céu aberto”, o cardeal comparou a situação de suas águas aos desvios na política. “A corrupção é como a água suja do Tietê. Não gera vida, não é coisa boa”, disse.
Em seguida, ele pediu à santa que “interceda por todos os responsáveis pelo governo”. “Nossa Senhora Aparecida é a Padroeira do Brasil. Queremos que o Brasil melhore, que seja um país mais digno e decente.”
No Santuário Nacional de Aparecida (180 km de SP), o presidente da CNBB disse, em entrevista após a missa solene, que a entidade defende os atos contra a corrupção.
“Sabemos de manifestações organizadas por redes sociais e defendemos que a população deve acompanhar os nossos homens públicos, sejam do Executivo ou do Legislativo”, afirmou dom Raymundo Damasceno. “Quando há denúncias de corrupção, que sejam investigadas, [que se investigue] se há responsáveis ou não.”
Os dois cardeais evitaram referências diretas a escândalos recentes, como a acusação de venda de emendas na Assembleia Legislativa paulista, que ronda a base do governo Geraldo Alckmin, e as suspeitas de corrupção que derrubaram quatro ministros do governo Dilma Rousseff.
A missa solene das 10h em Aparecida foi assistida por cerca de 35 mil fiéis. Durante todo o dia, cerca de 140 mil passaram pela basílica, segundo informações preliminares da igreja. Até o dia 16 de outubro, quando se encerram os festejos deste ano, 600 mil pessoas devem ir ao local.
A polêmica sobre a descriminalização do aborto, que dominou a festa em 2010, às vésperas do segundo turno da eleição presidencial, desta vez foi deixada de lado.
No ano passado, fiéis que foram a Aparecida receberam panfletos assinados por um braço da CNBB recomendando não votar no PT. O então candidato José Serra (PSDB) citou o tema após a missa.
Ontem, Serra e Alckmin foram ao santuário, mas o ex-governador não deu entrevista. A presidente Dilma permaneceu em Brasília, sem compromissos oficiais.