Edson Vidigal
Desde a redemocratização na segunda metade do
ultimo século à data de hoje o Maranhão só elegeu um Governador de bigode.
Entre muitos políticos emergentes, a chave do sucesso, quem sabe, não estaria
ali naquele estreito puxadinho de pelos?
O então jovem eleito foi imitado e por décadas
seguiu imitado, mas como o sabão da família Martins – nunca igualado.
Entre os candidatos a Governador no ultimo domingo
não havia nenhum de bigode. Apesar do medo espraiado por uns e outros na
campanha, de bigode mesmo não se viu nem alma. Tampouco os fantasmas de outrora
que votavam não só emprenhando as urnas como produzindo maiorias absolutas para
os donos do poder de então.
Agora, passada a refrega – a festa, a lua de mel e
as aspirações decorrentes. Depois, em muitas coisas a razão negando o sim aos
adjutórios mais sonhados.
O endividamento maior que as possibilidades
orçamentárias. A infraestrutura incipiente. Educação fundamental de mentirinha.
Ensino médio deficiente. Saúde pública mais que enferma. Enfim, os lastimáveis
índices desenvolvimento humano – os piores do Brasil.
Tenho sempre em mente a constatação de Goete que o
doutor Tancredo costumava repetir – mais difícil que abater o monstro é
remover-lhe os destroços. É o nosso caso no Maranhão.
Por que não uma Comissão da Verdade? No Maranhão se
praticaram violências só comparáveis aos tempos de Trujillo na República
Dominicana, Papa Doc e Baby Doc no Haiti.
Já nem me refiro às violências no campo, às
grilagens de terras, às expulsões de famílias de lavradores e de indígenas, aos
crimes de mando, às pistolagens, que inspiraram perseguições contra pessoas do
bem como o Padre Vitor Asselin e o lendário Manoel da Conceição.
Há décadas, e não são poucas, se faz silencio como
se todos nós fossemos cumplices do enriquecimento de famílias que,
notoriamente, não herdaram fortunas, não ganharam prêmios bilionários nas
loterias, não trabalharam duro em atividades licitas e que no tempo integral da
politica acumularam contas bancárias no exterior, patrimônios imobiliários de
valores incríveis aqui e alhures, faculdades, fazendas quilométricas, redes de
rádio e de televisão.
Há um elenco de Governadores de origens familiares
reconhecidamente humildes que acabaram donos de estações rádios e de televisões
impondo pelo coronelismo eletrônico a manipulação das informações para
confundir a população e cravar mentiras contra os que se lhes opõem – eis uma
boa pauta, dentre outras, para uma Comissão da Verdade no Maranhão.
Como justificava aquele jurado do programa do
Silvio Santos antes de dirigir ao apresentador uma pergunta incômoda – Seu
Silvio, o Povo quer saber…
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