Movimentações financeiras de políticos despertaram a investigação, que envolve o presidente da Assembleia
Advogado que defende seis deputados negou que a investigação trate de desvios, mas diz que caso está sob segredo
MATHEUS MAGENTA
RODRIGO VIZEU
A Polícia Federal investiga nove deputados estaduais do Piauí suspeitos de envolvimento em esquema de desvios de recursos da Assembleia Legislativa do Estado.
Estima-se que eles podem ter causado prejuízo de R$ 150 milhões de 2008 a 2010. O orçamento anual da Assembleia é de cerca de R$ 100 milhões.
A Folha apurou que a Polícia Federal investiga o suposto esquema a partir de três fontes: desvios de verbas da folha de pagamento (com laranjas e funcionários fantasmas), verba de gabinete (com a utilização de notas frias) e fraudes em licitações.
Um dos gastos refere-se a implantes de silicone para os seios da então mulher de Robert Rios (PC do B), deputado estadual que participaria do esquema (leia texto ao lado).
SUSPEITAS
A investigação começou no fim do ano passado, depois que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), do Ministério da Fazenda, identificou movimentações financeiras suspeitas dos nove deputados.
O órgão mandou as informações ao Ministério Público Federal, que solicitou à PF a abertura de inquérito, que corre sob segredo de Justiça.
Ao saber da investigação, um dos deputados pediu ao Tribunal de Justiça do Estado que o inquérito saísse da PF e fosse para a Polícia Civil. Rios era secretário de Segurança Pública até o mês passado.
Também são investigados o presidente da Assembleia, Themístocles Filho (PMDB) e mais três deputados da mesma sigla, além de um do PDT, dois do PTB e uma do PT.
OUTRO LADO
A PF foi autorizada pela Justiça Federal a quebrar os sigilos bancário e fiscal dos suspeitos. A Folha apurou que um dos deputados teria movimentado quase 16 vezes sua renda declarada.
O delegado Janderlyer Gomes não quis falar sobre o caso. Ele liderou investigação em 2007 que apontou desvio de R$ 280 milhões da Assembleia Legislativa de Alagoas.
O advogado Willian Guimarães, que defende seis deputados, negou que a investigação trate de desvios, mas não entrou em detalhes por conta do segredo de Justiça.
“O que está em discussão é a forma como os recursos estão sendo aplicados”, disse o advogado.
Guimarães defendeu que o caso seja encaminhado à Polícia Civil, já que, afirma, não há verba federal envolvida.
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