Editorial
– Jornal Pequeno
Não podia ser diferente.
O brutal jogo de interesses dentro do grupo Sarney jogou para o espaço a
pré-candidatura do ex-secretário de Infraestrutura Luis Fernando Silva ao
governo do estado. Roseana Sarney foi vencida pelo próprio pai José Sarney e
pelos irmãos Fernando e José Sarney Filho. Luís Fernando Silva não será mais
candidato. Sentiu nos pés faltar o chão ao constatar que não mais seria
candidato sentado na cadeira de governador; quando soube que os temores e
tremores de Roseana a fariam desistir de disputar o Senado.
O poder implodiu. A
saída, a princípio, está sendo convocar para a eleição o senador Edison Lobão
Filho; uma convocação, convenhamos, nada confortável para o grupo Sarney, em
função da ‘guerra silenciosa’ que os dois clãs travam há um bom tempo, e só
percebida entre aqueles que convivem mais de perto com as duas famílias. Não
confortável não só para os Sarney como para os Lobão, diante de tudo o que pode
vir por aí e que ocasionalmente já foi mostrado em revistas nacionais.
Sobre a desistência, tudo
está a dizer que Roseana Sarney e Luís Fernando se sentiram traídos; a
governadora, pela própria família e correligionários políticos que nenhuma
questão fizeram de acompanhar seu projeto político, de eleger o então
secretário de Infraestrutura governador indireto. Para Luis Fernando não havia
público no governo itinerante porque os prefeitos, mobilizados por parlamentares
e pela cúpula do sarneisismo, nenhum movimento de convocação popular faziam em
seus redutos eleitorais. Sem contar que o próprio povo não estava interessado
em assinaturas de ordens de serviço, mas em atitudes concretas para os graves
problemas sociais e de desenvolvimento do Maranhão.
Era uma conspiração. O
candidato, além de retraído pelas pesquisas, enfrentava os aliados históricos
de uma política fisiológica e patrimonialista que não viam nele nenhuma chance
de conseguir as benesses desejadas. Em síntese, Luis Fernando não encarnava a
história nem o modelo político protagonizado pelo grupo Sarney.
A escolha de Edinho Lobão
revela que os Sarney estão desnorteados e sem rumo, num inédito ‘hospício
geral’ que acometeu o grupo. À oposição, cabe interpretar o momento e se
conscientizar de que precisa ter serenidade, tranqüilidade para não entrar num
eventual ‘vale tudo’ ou jogo de baixarias que possa ser desencadeado dentro
dessa nova conjuntura. À oposição cabe compreender que a eleição está
praticamente na mão e que a questão agora é só administrar.
A saída de Luís Fernando
cria cisões eleitorais irreparáveis para o governo, a começar pelo prefeito
Sebastião Madeira, de Imperatriz, segundo maior colégio eleitoral do Estado.
Também, nem o PT de Washington Luiz e Raimundo Monteiro acredita mais nas
vantagens de uma coligação com o PMDB. É a treva.
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