Centenas de correligionários políticos, admiradores e amigos foram hoje ao Aeroporto Marechal da Cunha Machado receber o corpo do ex-governador Jackson Lago, falecido na última segunda-feira, em São Paulo, em decorrência da falência múltipla dos órgãos, segundo boletim médico expedido pelo Hospital do Coração. O sepultamento acontecerá amanhã, às 10 horas, no cemitério Parque da
Saudade, Vinhais.
O corpo do ex-governador chegou ao terminal de carga da TAM por volta das 15horas, onde o prefeito João Castelo, centenas de correligionários pedetistas, prefeitos do interior do Estado, deputados estaduais e vereadores dos mais diferentes partidos e os ex-candidatos ao Senado José Reinaldo Tavares e Edson Vidigal aguardavam para dar início ao cortejo que percorreu várias avenidas da cidade num carro aberto do Corpo de Bombeiros , até chegar à sede do PDT, na rua dos Afogados.
Acompanharam o corpo do ex-governador do Estado no translado de São Paulo para São Luís, a ex-primeira dama Clay Lago, os filhos Ygor, Ludimila, Lucina Lago e a neta Lara. Ele será sepultado no jazigo da família, no Parque da Saudade, onde já estão seus irmãos Beht e Ribamar Lago.
Por onde passou, o cortejo fúnebre foi saudado por populares principalmente no trecho da Avenida Beira-Mar e praça Maria Aragão. Em decorrência do grande número de veículos portando faixas, cartazes e bandeirolas, houveram grandes engarrafamentos ao longo do percurso. Batedores da Secretaria Municipal de Trânsito tiveram que interromper o tráfego no retorno do Aeroporto do Tirirical para que cortejo pudesse seguir em frente.
Ao chegar à sede do PDT, por volta das 18 horas, houve uma salva de palmas. Em seguida o caixão foi aberto para que uma enorme fila de autoridades, correligionários e populares pudesse oferecer condolências à família, representada pela esposa Clay e os pelos filhos Ygor, Ludimila e Luciana Lago.
Exemplo de luta
A recepção ao ex-governador reuniu grande parte dos políticos que fizeram parte da Frente de Libertação, que o elegeu governador do Estado em 2006. O ex-governador José Reinaldo Tavares(PSB) ressaltou as qualidade de Jackson, segundo ele, “um homem de extraordinário valor moral, intelectual, extremamente honesto e de caráter firme”. Reinaldo destacou ainda que Jackson foi prefeito três vezes, depois governador, mas foi muito injustiçado pelos ataques que sofreu como governador. “Não deixaram que ele governasse. Ele foi um exemplo de dignidade muito grande, a falta dele é imensa para a política e para a sociedade, completou.
Políticos da nova geração, presentes na chegada do corpo também falaram do vazio que a morte do ex-governador representará para o campo das oposições. O deputado Marcelo Tavares(PSB) lamentou a perda. “Perdemos um grande exemplo de luta, de apreço à democracia que nos abandona de forma precoce, deixando em todos nós que acreditamos num Estado democrático um grande vazio. Ele deixa um exemplo de seriedade, de correção e de apego aos grandes problemas sociais do Estado”.
Para o deputado petista Bira do Pndaré (PT), Jackson deixa um exemplo de princípio de que a política pode ser feita de maneira inovadora sem se transformar num balcão de negócio, mas na generosidade das pessoas colaborarem para um processo de emancipação coletiva. “Jackson deixa esse legado para nós, pois se esforçou pela manutenção de sua coerência. Ele poderia perfeitamente ter seguido um outro caminho como grande médico, mas preferiu ajudar fundar um partido no Brasil e isso, sem dúvida alguma, impacta a nossa história”, observou.
Já o deputado Rubens Júnior (PCdoB) acrescentou que Jackson deu o exemplo de que se pode fazer política diferente, com humildes e com censo democrático, ouvindo os movimentos sociais. “Nos últimos cinquenta anos a única experiência que tivemos de um governo democrático foi o seu governo. O sentimento que fica é de resistência e isso tem que nos nortear para as lutas futuras”, defende.
Augusto Lobato, vice-presidente do Diretório Estadual do PT, destacou que Jackson deixa um legado de muita honestidade, um exemplo de luta de resistência contra uma doença muito agressiva e de resistência política ao grupo do Sarney. Nos 40 anos de domínio da oligarquia, Jackson foi a maior expressão, maior liderança políticas que nós tivemos no decorrer destas quase cinco décadas de enfrentamento com a família Sarney, portanto isso representa para nós um exemplo de luta e de resistência, porque ele nunca mudou de lado, sempre esteve ao lado do povo humilde e dos excluídos”, concluiu Lobato.
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