Por meio de empresas de fachada, o doleiro Alberto Youssef intermediou
negociações entre as construtoras citadas na Operação Lava Jato e empresas
públicas e privadas que vão além da Petrobras. Entre elas, pelo menos oito
estatais de saneamento: Sabesp, a mineira Copasa, Caema (MA), Casal (AL),
Cagece (CE), Cedae (RJ), Saneago (GO) e a Saned, de Diadema (vendida para a
Sabesp para amortizar uma dívida bilionária).
Segundo reportagem exclusiva da Carta Capital, os contratos com empresas
de saneamento, instituições privadas – como Vale, Fiat e Grupo X – e outras
companhias – como o Metrô de São Paulo – representam 41% das obras que
totalizam 747 negócios intermediados por Youssef. A outra parcela, de 59%, é de
parcerias firmadas apenas com a Petrobras.
No Maranhão, onde o doleiro foi preso em março, uma auditoria do
Tribunal de Contas da União apontou irregularidades na obra realizada pela
companhia de saneamento estadual (CAEMA) para remanejamento da adutora de água
tratada do Sistema Italuís, no trecho do Campo de Perizes. Segundo os fiscais,
o maior dos desvios ocorreu na licitação vencida pelo consórcio formado pela
EIT Construções e Edeconsil. Na planilha apreendida, o consórcio aparece em
dois momentos como cliente de Youssef e atrelado a um contrato de 58 milhões de
reais.
A lista com os quase 750 empreendimentos foi apreendida na casa do
doleiro em março. Ela apresenta nome da obra, telefone fixo e o contato de
alguém da empresa que a contrataria, além de informações detalhadas sobre o
projeto. O período vai de 2009 a 2012. Segundo a revista de Mino Carta, nem
todas as obras que constam na lista foram executadas.
Além das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, cerca de
outras cem empresas aparecem como clientes de Youssef. A Delta Engenharia, o Grupo
Shahin, a IHS Engenharia, a Potencial Engenharia e a CR Almeida estão entre as
possíveis representadas pelo doleiro nas negociações.
Em troca, Youssef confessou que ganhava entre 3% e 15% de comissão em
cima dos contratos oferecidos por ele às empresas públicas e privadas em nome
de seus clientes. Em uma única obra em Santos, feita com a Petrobras, a Polícia
Federal estima que o doleiro recebeu R$ 43 milhões.
Entre as obras citadas na lista, estão várias projetadas contra a seca
no Nordeste, em especial as administradas pelo Dnocs (Departamento Nacional de
Obras Contra as Secas), órgão ligado ao Ministério da Integração Nacional. A
Pasta era administrada até o ano passado pelo senador eleito Fernando Bezerra
Coelho (PSB-PE).
As informações são da Carta Capital e do Blog do Nassif.
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