Bom Dia Brasil
As refinarias seriam construídas no
Ceará e no Maranhão, bem perto das capitais. A equipe do Bom Dia Brasil
percorreu nos dois estados 120 quilômetros. Juntas, elas deveriam produzir 900
mil barris por dia. Um investimento seria no total de R$ 40 bilhões em cada
uma. A Petrobras chegou a gastar R$ 2,7 bilhões nas obras que já foram feitas
até agora.
Não foi só a Petrobras que saiu
perdendo. O prejuízo também foi grande para quem mora nas regiões do Maranhão e
do Ceará onde as refinarias seriam construídas.
A promessa era a criação de 25 mil
empregos diretos e indiretos. E quando as obras pararam, muita gente que veio
de longe atrás de uma vaga ficou de braços cruzados, sem saber o que fazer.
Alguns empresários pretendiam
investir alto na região, com a chegada da refinaria. Uma grande rede de hotéis
projetou um resort, moderno, com 150 apartamentos, mas, com a paralisação das
obras da refinaria, o hotel de seis andares se transformou em uma obra
abandonada no meio do mato. Um retrato da decepção de quem esperava lucrar com
o crescimento da economia local.
Outros empreendimentos também foram
construídos, com a previsão de um comércio mais aquecido. Mas dona Iracilda
segue, como antes, na cadeira de balanço, à espera de clientes. “Muita
expectativa e na hora não aconteceu nada”, diz.
Os portões agora cercam um grande
terreno sem qualquer utilidade. Localizada estrategicamente no Complexo
Portuário do Pecem, a refinaria era uma das maiores promessas de
desenvolvimento para o Ceará.
Algumas perdas são impossíveis de
calcular. Por volta de 80 famílias que moravam no terreno da refinaria tiveram
as casas desapropriadas e foram distribuídas para assentamentos e vilas. Hoje
estão ainda mais inconformadas por terem de ceder espaço para uma refinaria que
nem vai sair do papel.
O governo do Ceará já disse que vai
pedir indenização e que não desistiu da refinaria.“É claro que a própria
resolução do balanço da Petrobras diz isso que todos os prejuízos do estado
serão ressarcidos, mas não é isso que nós queremos, queremos é que a refinaria
venha para o estado do Ceará”, diz o governador do Ceará, Camilo Santana.
No entendimento do Ministério de Minas e Energia, o
cancelamento dos projetos está associado ao momento delicado por que passa a
Petrobras.
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