Estadão – O ex-senador Lobão Filho (PMDB-MA), disse ao Estado que
apresentou os sócios da Diamond Mountain Capital Group para seu pai, o ex-ministro
e senador Edison Lobão (PMDB-MA) atendendo a um pedido do advogado Marcio
Coutinho. “O Marcio é meu amigo, meu advogado, meu parceiro em muitas
coisas há muito tempo. Ele me apresentou esses caras como sendo um grande
gestor de fundos privados que queriam investir no setor elétrico, comprar
empresas. Eles queriam também antecipar recebíveis de fornecedores da
Petrobrás. Diziam ter um fundo de R$ 4 bilhões. Eu disse: Vou apresentá-los ao
ministro e o ministro bota eles para contribuir efetivamente com o setor
elétrico”, afirmou Lobão Filho.
Segundo ex-funcionários, o ex-ministro era citado pelos donos da
empresa como sócio oculto de um fundo da Diamond nas Ilhas Cayman, conhecido
paraíso fiscal. Coutinho seria seu representante na empresa. O suposto
envolvimento do ex-ministro é alvo de pedido de inquérito no Supremo Tribunal
Federal (STF). Na segunda-feira, o ministro Roberto Barroso deu prazo de
20 dias para Lobão se explicar antes de decidir pela abertura da investigação
na Corte.
Confrontado com a informação de que teria levado os sócios da Diamond
para acompanha-lo num voo de helicóptero, o ex-senador afirmou que é
“possível” que isso tenha ocorrido quando conheceu Meiches e Costa em São
Luís. “É possível! Vamos pensar nós dois. Chega um cara na sua casa,
figurativamente, e diz o seguinte: Eu sou um sheik árabe com 4 bilhões na
conta. Você leva ele para tomar água de coco no seu carro ou você não leva? Eu
levo bilhões de pessoas para passear (de helicóptero), pessoas que me são
apresentadas, que viram meus amigos, alguns que não viram, que meus amigos
trazem. Isso é coisa do cotidiano, é normal.”
Conforme Lobão Filho, a informação que ele recebeu de Coutinho é que
nenhum negócio da Diamond prosperou. “Se passar na minha frente não sei quem é.
Estive com eles uma ou duas vezes no máximo. Eu e meu pai não temos
negócio com eles, nunca tivemos.” A Diamond é gestora de um fundo do
Postalis, o fundo de pensão dos funcionários do Correios, que tem R$ 67,5
milhões. O ex-ministro tem influência política no Postalis.
A assessoria de imprensa da Diamond afirmou, por meio de nota, que os
sócios Luiz Meiches e Marcos Costa nunca se reuniram o ex-senador Lobão
Filho. “Eles não se reuniram com Lobão Filho em nenhum local, muito menos
num helicóptero.” As viagens para São Luís e “para vários Estados do Nordeste”,
afirmaram, tinham o objetivo de analisar opções de instalação de uma planta
industrial para uma potencial parceria com uma empresa internacional. “Nas
viagens ao Maranhão, não houve nenhum encontro com o senador Lobão Filho.”
Conforme a assessoria da Diamond, os sócios se referem a São Luís como
“Terra Santa” como uma “piada porque lá é fabricado o famoso refrigerante
Guaraná Jesus.” Sobre ameaças escritas do sócio Marcos Costa ao ex-dirigente
da Diamond Jorge Nurkin, a assessoria afirmou que o processo foi arquivado. O
ex-ministro e senador Edison Lobão nega qualquer relação societária com a
Diamond e diz que irá processar quem usou seu nomes indevidamente. O senador
disse que recebeu sócios da empresa no gabinete do Ministério para tratar de
assuntos do setor energético uma única vez. A Diamond relata dois encontros.
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